No Rio, ator diz que novo ano de "The Walking Dead" será devastador

Giselle de Almeida
Do UOL, no Rio
Ruano Carneiro/R2Foto
Chad Coleman, da série "The Walking Dead", no Festival do Rio 2014

"Preparem seus lenços". O aviso sobre o que vem por aí em "The Walking Dead" é de Chad Coleman, que interpreta Tyreese na série de zumbis. A quinta temporada, que estreia no Brasil dia 14 de outubro, na Fox, promove o reencontro do personagem com o grupo de sobreviventes e é definida pelo ator como "devastadora". "É inacreditável, achei que não poderíamos superar a quarta temporada. Mas as pessoas estão sendo levadas aos seus limites, mais do que já fizemos até então", afirmou Coleman ao UOL durante sua passagem pelo Rio. 

Quando o quinto ano começa, a maior parte do grupo liderado por Rick (Andrew Lincoln) está presa no Terminal, que se revelou um lugar liderado por misteriosos (e aparentemente violentos) canibais. Apesar de o paradeiro de Tyreese e Carol (Melissa McBride) ainda ser desconhecido, já se sabe que ele consegue promover o reencontro do xerife com a filha, a pequena Judith. "Ele protege a criança, uma das pessoas mais importantes para todo mundo, porque Rick é o líder. Salvá-la é algo enorme, a coisa mais honrada que ele poderia fazer. É bonito quando você vê os dois se reunindo, a mesma sensação do reencontro de Tyreese com a irmã, Sasha (Sonequa Martin-Green). Vocês vão chorar", brinca o americano de 47 anos.

Coleman faz mistério sobre os rumos de seu personagem, mas Robert Kirkman, criador da HQ que deu origem à série e produtor executivo da atração, já declarou que a trama de Tyreese e Carol vai seguir por um caminho inesperado. "Não quero estragar nada, mas nada vem fácil. Vocês precisam acompanhar em tempo real como lidamos com isso. O que eu amo nesse programa é que ele não corta para a parte em que está tudo bem", conta.

Ainda processando as traumáticas mortes de Mika (Kyla Kenedy) e Lizzie (Brighton Sharbino), Tyreese tem que lidar com muitos sentimentos contraditórios. No emblemático episódio "The Grove", que pode entrar na lista dos mais memoráveis da série, Carol finalmente revelou ao amigo que matou sua namorada, Karen (Melissa Ponzio). A cena em que ele a perdoa é a preferida do ator. "Ela se destaca pra mim porque representa exatamente o jeito com que eu lidaria com a situação, ela me afeta profundamente. Eu acredito em perdão, em redenção, acredito que uma pessoa pode mudar. Vamos fazer tudo que pudermos para não destruir um ao outro. Talvez não seja a coisa mais fácil, mas é a coisa mais humana a se fazer. Se você não perdoar, isso vai te comer vivo, vai voltar para te assombrar."
 
Curiosamente, essa mesma sequência tornou-se uma das mais polêmicas entre os fãs. "Uma das coisas mais interessantes que as pessoas dizem é que eu deveria ter matado Carol, e isso me assusta. Outra coisa que ouço é: 'Por que seu personagem é tão fraco? Eu respondo: 'Não sei que série você está vendo, mas ter compaixão não é ser fraco'. Seria mais fácil fazer a outra escolha. É preciso força para segurar suas emoções e não deixar seu ódio tirar o melhor de você", argumenta o ator.
 
Apesar das opiniões divergentes, Coleman explica que Tyreese é bastante querido, especialmente por conta de sua sensibilidade. "O mais que eu ouço é quanto eles amam o personagem, especialmente as mulheres. Todo mundo ama o cuidado dele com as meninas e Judith, as pessoas se identificam com um cara grande de bom coração", explica. E o que o intérprete tem em comum com o personagem? "Sou um cara grande de bom coração", diz ele, aos risos, sem pensar duas vezes.
 
Como Tyreese passou boa parte da temporada anterior separado do grupo principal, Coleman comemora o fato de reencontrar os colegas de elenco na próxima temporada. "Nunca atuamos todos juntos. Fiquei muito tempo isolado, então foi ótimo voltar a ter tempo com eles. Nós nos divertimos muito no set, gostamos de falar besteira".
 

Na trama, no entanto, a reunião mostra que a dinâmica do grupo não é mais a mesma. "Todos têm um profundo respeito pelo Tyreese, mas, diante das novas ameaças, eles não veem o mundo da mesma forma. Haverá algumas surpresas, pessoas se comportando de uma maneira que nós não poderíamos prever, o que é muito bom", adianta. Mas ele desconversa quando o assunto é um possível envolvimento amoroso do personagem com Carol ou Michonne (Danai Gurira), como acontece nos quadrinhos. "Como ator, adoraria isso. Mas vocês terão que assistir para saber", despista.

O ator, que serviu ao Exército entre 85 e 89, diverte-se ao dizer que sua experiência nos treinamentos militares o ajudaria num hipotético apocalipse zumbi, como na série. "Falamos disso no set. Sei o jeito de segurar uma arma, como proceder numa missão de busca, divido um pouco dos meus segredos (risos). Quando entrei no Exército não atirava muito bem, e por isso me identifiquei com Tyreese. Mas eu melhorei, depois me tornei um excelente atirador", brinca ele, que deve sua escalação para a série a um outro trabalho importante na TV. Ele conta que foi escalado pelo próprio Kirkman, um grande fã de "The Wire" (2004-2008), em que interpretava o criminoso Cutty. "Ele gostava da série e apostou em mim. Quando diziam: 'Vamos ver outras pessoas', ele respondia: "OK, mas Tyreese é Chad Coleman' (risos). Deu certo. Tenho muito orgulho desse trabalho também. Ter essas duas séries no meu currículo é uma experiência maravilhosa", conclui. 

Se "The Wire" lhe deu prestígio, "TWD" lhe deu fãs apaixonados. "Realmente, apaixonados é a palavra certa. É muita energia, muito amor. O tempo todo eu escuto: 'Meu Deus, não posso acreditar, é você!' E digo: 'Sou eu, sou ator, sou normal'. Aqui no Brasil mesmo, até membros da equipe pareciam assustados comigo, mas eu dava logo um abraço. Essa é a parte bonita, é quando a gente vê que todo o trabalho importa. O que todo ator quer, mais do que outra coisa, é ser relevante", afirma ele, que tem um encontro com os fãs brasileiros marcado para esta sexta-feira (26), após uma entrevista coletiva. "Até agora, só consegui correr na praia. Mas quero visitar o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, além de alguma favela", conta.