Assim como Héllen e Nise, ex-"Ídolos" aceitariam ir para outros realities
Beatriz AmendolaDo UOL, em São Paulo
A estreia da terceira temporada do "The Voice Brasil", na última quinta-feira (18), trouxe dois nomes que não eram estranhos ao mundo da TV: Héllen Lyu e Nise Palhares, ex-competidoras do "Ídolos", versão da Record para o "American Idol". Cantando "Valerie" e "Pagu", respectivamente, as duas encantaram a plateia e os jurados do reality da Globo e voltaram a ficar sob as lentes da câmeras. Se para parte do público a decisão de disputar outro reality show pode causar estranhamento, para muitos ex-participantes do "Ídolos" isso não seria problema.
"Eu toparia, dependendo do tipo do reality", disse ao UOL Juliani Fernandes, que se tornou amiga de Nise em "Ídolos 2010". "O 'The Voice' eu acho que hoje é o [programa] mais interessante. Talvez [participasse] de algum outro reality assim [musical]. Nenhum outro que existe hoje me interessa", completou.
Vencedor da edição 2010, Israel Lucero não voltaria a participar de um musical, mas não descarta participar de realities de outro tipo no futuro. "Hoje, eu tenho uma carreira. Já participei de um, estou mais focado em fazer show. No momento, não pensei nisso. Acho que não aceitaria. Quem sabe no futuro."
Diego Moraes, vice-campeão de 2009, por pouco não entrou no "The Voice". "Fiz o teste para ele um ano, passei, mas, por questões contratuais, eles não me aceitaram", disse, explicando que o obstáculo foi seu contrato com a EMI – a concorrente Universal Music é quem cuida do programa da Globo. Diego, porém, não tentaria participar da edição atual. "Estou em outro momento da minha carreira, lançando meu segundo CD, aí não sei se a participação seria tão salutar agora."
Quem entende bem a vontade de ir para outro reality é Dani Morais. Afinal, ela saiu do "Ídolos" 2009" e disputou a primeira temporada do "The Voice", no qual permaneceu até as quartas de final. "Para a gente ficar na vida da música, a instabilidade é muito grande. E todo mundo que é músico gostaria de mostrar seu trabalho na Globo, que é a maior rede de TV, com maior abrangência. Quando a Globo criou [o programa], não pensei duas vezes. Não há lugar na TV que você vai mostrar seu trabalho que seja mais popular", analisa.
Na mesma época em que se inscreveu para o "The Voice", Dani também se inscreveu no "Big Brother Brasil", mas acredita que a exposição em um reality show de convivência é mais perigosa para a carreira. "Nao tenho noção de como conseguiria conviver com as outras pessoas. E não sei se isso contaria a meu favor. Acho que misturar o pessoal com o profissional é muito perigoso", conta. Ela chegou a passar pela primeira etapa da seleção do "BBB", mas explicou na entrevista que já havia sido chamada para o "The Voice" e que o outro programa era o seu foco.
"'The Voice' é mais sério", diz participante
Os quatro ex-participantes são unânimes ao acreditarem que a participação no "The Voice" irá beneficiar Hellen e Nise. "Acho que um artista, quando tem a oportunidade de trabalhar, tem mesmo que acatar as chances. Eu acho que a televisão é o veículo de comunicação que mais ajuda a divulgar um artista. Também depende do artista, mas acho que a Hellen tem tudo para ir longe", acredita Diego.
"Com certeza vai ajudar", diz Juliani. "Porque o 'The Voice' é um programa mais sério, a meu ver. E a visibilidade é muito maior. E acho que a Nise tem tudo para conseguir chegar a final", completa ela, acrescentando que o "Ídolos" às vezes expõe o artista de uma forma pejorativa.
Com a experiência de ter participado dos dois realities, Dani percebeu que ganhou mais visibilidade após o programa da Globo. "As pessoas dão a oportunidade porque tem muita credibilidade. Acho que isso valorizou muito. Consegui cantar com Claudinha [Leitte], Gustavo Lima, acho que a visibilidade que o 'The Voice' deu me ajudou muito. Até hoje, a galera comenta. Tinha gente que não me conhecia e só foi conhecer depois do 'The Voice'."
A cantora também concorda que o "The Voice" tem um perfil bem diferente do "Ídolos". "O 'The Voice' trata a gente como profissional. A palavra talvez seja forte, mas o 'Ídolos' humilhava um pouco os candidatos. Eu mesma passei por vários momentos de tensão, tinha essa coisa apelativa de mexer com o psicológico dos candidatos. Isso foi muito bom pra mim porque me ensinou como lidar com a TV. Entrei no 'The Voice' com meu pé muito no chão. E acho que isso foi fundamental".
Para ex-jurados, Hellen e Nise devem investir em carisma e repertório
Com talento e afinação, Hellen e Nise têm boas chances na competição, mas precisam investir em outros pontos para se destacar, de acordo com os produtores musicais Rick Bonadio e Marco Camargo, ambos ex-jurados do "Ídolos". "Cada uma tem uma história diferente, mas minha opinião é de que as duas precisam mostrar mais carisma. Como já cantam muito bem, precisam encontrar uma forma de conquistar o público, mais do que os técnicos", avalia Bonadio.
Já para Camargo, o segredo para o sucesso é o repertório. "Tem que tomar um cuidado violento com as músicas que elas vão apresentar. Se for possível, tem que conciliar o gosto delas e o que agrada. Se não, tem que pensar no que agrada. Porque não tem artista sem plateia. E a plateia só vai onde tem algo que ela quer ouvir. O artista é maravilhoso, é consagrado, mas a música sempre será a grande estrela", explica, acrescentando que o popular não está necessariamente associado a um só gênero, como o sertanejo, e que é necessário buscar, dentro de cada estilo, as músicas que tenham mais apelo entre o público.
O destaque na competição, aliás, pode ser um diferencial para o sucesso fora dela – algo que nenhuma das duas chegou a conquistar após o "Ídolos". "No ar, elas têm que mostrar que têm brilho suficiente para seguir uma carreira fora de qualquer programa. Precisam convencer o público e as pessoas do mercado", diz Bonadio, ressaltando porém que muito disso depende do empresário ou produtor musical com que elas irão trabalhar.
Questionados se a participação no "Ídolos" beneficia de alguma forma Helle e Nise no "The Voice", os ex-jurados divergem. "A experiência ajuda muito no controle emocional. Elas têm que saber usar isso, mas com naturalidade, porque o público quer verdade", afirma Bonadio. Já Camargo acredita que a experiência anterior pode mais atrapalhar do que ajudar: "É como se fosse uma partida de futebol. Cada programa é um jogo e você tem que estar atento para aquela partida. Quem nunca participou tem toda a vontade, a sedução de estar ali pela primeira vez, que é muito forte".