Autora da Record diz que não vai cumprir "pedido de jejum" de Edir Macedo

Gisele Alquas
do UOL, em São Paulio

Cristianne Fridman, autora da novela "Vitória", que estreou nesta segunda-feira (2), na Record, almeja alcançar dois dígitos de audiência com a trama, mas se depender do dono da emissora, o bispo Edir Macedo, isso não vai acontecer. Tudo porque o líder religioso - fundador da Igreja Universal do Reino de Deus - convocou recentemente um jejum de mídia para que seus fiéis se abstenham de assistir TV durante 40 dias, período da Copa do Mundo, cujos direitos são da concorrente Globo.

Ao ser questionada sobre o vídeo publicado pelo bispo no último dia 25 pedindo que, indiretamente, deixem de acompanhar até a sua novela, Cristianne confessou que a "convocação" pode sim interferir na audiência da trama, mas acredita que não vai atingir a maioria dos brasileiros.

"Não sou evangélica, não vou fazer jejum nenhum e acredito que muita gente que vá assistir à novela também não seja evangélico. Isso é uma determinação para os fiéis, não para mim e grande parte do público. Espero que minha novela seja sucesso e que tenha dois dígitos de audiência", declarou a autora.

Com externas gravadas em Curaçao, no Caribe, "Vitória" promete muita adrenalina e suspense. A trama vai abordar vários temas como a vida de portador de necessidades especiais, incesto, neonazismo, assédio sexual, entre outros.

Atores opinam

O UOL também ouviu os atores de "Vitória" sobre o pedido de jejum midiático do bispo Edir Macedo durante o período da Copa do Mundo. Nem mesmo o elenco entendeu a "convocação" do líder religioso.

Para Beth Goulart, que interpreta Clarice, o vídeo de Macedo é direcionado apenas para os seguidores dele. "Não tem como pedir para o brasileiro deixar de torcer pelo Brasil na Copa do Mundo, por exemplo. Impossível isso", disse.

Lucinha Lins afirmou que "qualquer tipo de jejum" até pode fazer bem, mas que o pedido do dono da Record é uma opinião dele: "No meu caso, eu quero e vou assistir toda a Copa do Mundo, assim como a novela. Nosso país está uma vergonha mesmo politicamente falando, então que a Copa nos traga um pouco de conforto", enfatizou.

"Quem quiser ligar a TV, que ligue. Assiste quem quiser o que quer", opinou o ator Paulo César Grande. A antagonista da trama, Juliana Silveira, que vive a neonazista Priscila, brinca que ao gravar o vídeo, Edir Macedo deve ter se "esquecido de 'Vitória'": "Não posso opinar porque não sei o que passou na cabeça dele".

Já os protagonistas Bruno Ferrari, que interpreta o cadeirante Artur, e Thais Melchior, que vive Diana, disseram que não tomaram conhecimento do vídeo. Ao serem informados pela reportagem sobre o conteúdo do pedido de Edir Macedo, Bruno limitou-se a dizer: "A Record é dele, ele decide o que ele quer". Já Thais fez um pedido para o telespectador: "'Vitória' pode assistir, gente, por favor."

Para Bruna Di Tullio é difícil opinar porque ela não viu o vídeo: "Apenas tomei conhecimento, não sei o contexto que ele disse isso. Pior entendedor é aquele que sabe a informação pela metade. Mas tenho certeza que não tentou prejudicar a novela", afirmou.

Uma das atrizes mais requisitadas da Record, Maitê Piragibe, acredita que Edir Macedo teve um argumento forte. "Ele representa a emissora, ele deve ter uma proposta espiritual que temos que respeitar", limitou-se a dizer.

As atrizes Rafaela Mandelli e Roberta Gualda apenas declararam que a novela será um sucesso e que o pedido de Edir Macedo não vai interferiu no trabalho da equipe.

Veja o vídeo em que Maurício Stycer comenta o polêmico pedido do bispo Edir Macedo.