Marcelo Médici diz que "Zorra" copiou personagem e quer mudança de bordões

Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução/Facebook/João Caldas/TV Globo

    Marcelo Médici (à esquerda) diz que "Zorra Total" usou indevidamente bordões e trejeitos de seu personagem, o Sanderson

    Marcelo Médici (à esquerda) diz que "Zorra Total" usou indevidamente bordões e trejeitos de seu personagem, o Sanderson

Marcelo Médici está indignado com o programa "Zorra Total". Em desabafo publicado em sua conta do Facebook, o ator alegou que o humorístico da Rede Globo se apropriou de bordões e trejeitos de seus personagens mais conhecidos, o Sanderson, sem a sua autorização.

"Eu podia estar roubando, matando... mas estou aqui perplexo com a falta de ética, de respeito. Ontem, ao ver uma chamada do humorístico Zorra Total, me deparo com um ator vestido com um gorro preto e branco, regata na mesma cor, dentro de um ônibus. Essa figura, um corinthiano, um mano, um motoboy que fala gírias, é uma velha conhecida de nós paulistas, reflexo de uma realidade comportamental e linguistica. Muitos personagens parecidos com ele vieram depois", relatou no post.

No texto, o humorista diz que chegou a oferecer o personagem para o diretor do Zorra Total, Maurício Sherman, há 10 anos. "Ele rejeitou o Sanderson porque eu já havia feito na Praça é Nossa",explicou. Depois, ele conta que foi procurado pelo mesmo diretor para integrar o "Zorra", mas dispensou a proposta por conta de outros compromissos assumidos. Além de programas de TV, Médici se apresentou como o Sanderson em espetáculos de teatro. Na "Praça É Nossa", do SBT, o personagem ganhou o apelido de "Zoinho".

"Para minha (triste) surpresa, hoje assistindo ao programa, vejo outro ator, falando como o Sanderson, vestido como Sanderson, dizendo que: - Podia estar roubando, matando, mas... exatamente como o Sanderson se apresenta. Ética, ética... volta! Sem você, o mundo acaba", afirmou.

Procurada pela reportagem, a TV Globo afirmou que "os quadros e personagens dos programas são desenvolvidos com base em criações originais realizadas sob encomenda aos seus contratados". A emissora disse ainda que o personagem do programa traz "características típicas de um indivíduo comum no cotidiano paulistano, inúmeras vezes retratado em diferentes expressões artísticas, como o teatro e a TV".

O diretor Maurício Sherman reforçou a defesa oficial da emissora, de que o personagem foi criado a partir de "indivíduos do cotidiano",  e considerou "muito estranha" a reação de Médici. Ele disse, inclusive, que o próprio bordão do personagem Sanderson já foi retratado no "Zorra". "Acho que ele está querendo aparecer. Não é um bordão dele, já até tivemos esse bordão no tempo metrô [famoso quadro do humorístico]. Gosto muito dele como humorista, mas não entendi essa reação. O departamento da Globo já está avisado". 

Sherman ainda confirmou que, de fato, fez uma proposta para ter Médici no elenco do programa de humor das noites de sábado da Globo, mas salientou que era para fazer outro personagem, e não Sanderson. "Ele me disse que não poderia [aceitar], pois achava que carreira de humorista era muito precária, que humorista no final da vida morria de fome, e que queria fazer novela. E foi o que ele realmente fez".

O advogado Sérgio D´Antino, que foi consultado pelo ator Marcelo Médici, disse ao UOL que ainda não assistiu ao personagem retratado no humorístico da Globo, mas adiantou que, baseado na explicação de Médici, o caso pode ser enquadrado como plágio.  "Qualquer pessoa pode falar como um corintiano, flamenguista, vascaíno, mas não usar trechos idênticos como os que ele [Marcelo Médici] escreveu ao criar o personagem", afirmou.

D´Antino ainda disse que Médici deve comunicar a emissora sobre o uso não autorizado de seu personagem. "Certamente ele vai alertar a Globo que deixe de usar o personagem com as mesmas falas e trejeitos criados por ele", disse.

Consultada pela reportagem, a advogada Larissa Carasso explicou a diferença tênue entre as definições de plágio e uso indevido de uma obra: "Plágio é uma cópia disfarçada de uma obra original. É um engano malicioso. Se existe apropriação indevida da obra, ela é usada da forma como ela é. Já o plágio é uma apropriação com disfarce".

Marcelo Médici como Sanderson no programa "Altas Horas"

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