Pelo Twitter, Betty Faria acompanha fofocas em torno da reprise de "Água Viva"

Carlos Minuano

Do UOL, em Vitória

A reprise de "Água Viva" anda mexendo com Betty Faria. "Estou com muita saudade do Gilberto Braga", diz a atriz. Ela pede à reportagem do UOL para mandar um recado para o amigo e autor do grande sucesso da década de 1980: "Preciso falar com ele, estou encantada com o sucesso que a novela está fazendo novamente". A repercussão é medida por ela no Twitter. "Recebo mensagens diariamente comentando o capítulo, estou adorando a fofoca que rola em torno dos personagens".

Noveleira assumida, conta que adora assistir e fazer novelas. E revê "Água Viva" sempre que a agenda permite. Não tem sido o caso das últimas semanas. Depois de passar pela Mostra de Cinema de São Paulo, Betty Faria aterrissou esta semana em terras capixabas. Ela é a homenageada do Festival de Cinema de Vitória (ES), que celebra este ano sua vigésima edição. Antes de subir ao palco, ela falou ao UOL

A atriz comentou uma cena marcante de "Água Viva" que foi ao ar recentemente, a da surra que seu personagem Lígia deu em Selma (Tamara Taxman). "Foi muito bem feita e real. Quando terminou, a Ligia estava ofegante, cansada de bater". Ela compartilha o mérito da cena, e da novela de modo geral, com a dupla de diretores Roberto Talma e Paulo Ubiratan. "Havia uma busca pelo tom verdadeiro".

Também causa emoção e muita saudade, segundo ela, rever o elenco, formado por grandes amigos. Entre eles, alguns que já se foram, caso de Raul Cortez, que faleceu em 2006. "Era o meu benzinho, chamava ele assim, foi um amor louco". Ela cita também o colega Fábio Junior. "Além de bom ator estava um gato, acho que Cléo Pires foi feita ali", brinca.

Indicação de Avenida Brasil ao Emmy internacional
Sucesso dentro e fora do país, "Avenida Brasil" segue a mesma trilha bem sucedida de "Água Viva". A novela de João Emanuel Carneiro, em que Betty Faria vive a extravagante Pilar, mãe de Aléxia (Carolina Ferraz), foi indicada ao Emmy internacional na categoria melhor telenovela. "Estou muito feliz com essa indicação", comemora a atriz. Os premiados serão anunciados na cerimônia que acontece em Nova York, no dia 25 de novembro.

Uma química muito semelhante à de "Água Viva" está por trás desse outro sucesso nacional e internacional, garante Betty Faria. "Havia uma ênfase na busca pela verdade, não gravavam de qualquer jeito, em qualquer tom", diz. Afastada desde 2010 da TV (quando fez "Uma Rosa com Amor", no SBT), a atriz não teve dúvidas ao receber o convite para participar da novela. "Topei no ato, fechei no dia seguinte", diz.

Mas mesmo antes de ser chamada para o papel na novela, já estava envolvida com a trama. "Eu assistia todos os dias", conta. "Já estava tão engrenada por ver, por saborear a direção e toda a maneira que estava sendo feita, isso facilitou o desenvolvimento do personagem, as pessoas gostaram, o espaço foi crescendo, quando vi a Pillar, já estava na encruzilhada roubando cachaça e pipoca".

Retorno à TV
Em breve Betty Faria deve retornar à TV, no canal pago GNT. Ela gravou um dos episódios de "Passionais", série inspirada em crimes reais que ocorreram no Brasil. Ela conta que o convite de Henrique Goldman, mesmo diretor do filme "Jean Charles", com Selton Mello, teve um lado curioso.

"Ele mora em Londres há 20 anos, e a referência que tem de meu trabalho não é a televisão, mas o cinema". Segundo ela, o diretor é fã de "Anjos do Arrabalde" (1987) de Carlos Reichenbach, filme que trata de periferia, drogas e preconceito. Perfil adequado para a nova série da GNT. "São casos verídicos que, como o nome já sugere, acabam em m***", diz.

Por motivos que a atriz diz desconhecer, a estreia prevista para outubro foi adiada para 2014. "Foi uma frustração não ter ido ao ar na data anunciada, não sei o que aconteceu". Tirando isso, o saldo é positivo. "Foi uma experiência maravilhosa". Ela acrescenta que foi feito com pouca verba e muita dificuldade.

Segundo Betty Faria, a série vem na esteira da nova Lei de TV paga, que estabelece cotas para exibição de conteúdo nacional em canais fechados. Entretanto, nem tudo foram flores. "Só foi autorizado captar um dinheirinho, por isso cada episódio teve que ser feito com muito pouco recurso".

Remake de Tieta
Tal como "O Astro", "Gabriela" e "Saramandaia", a novela "Tieta" – um de seus grandes sucessos - deve ganhar um remake em 2014, na faixa das 23h na TV Globo. A atriz tem palpitado sobre possíveis atrizes para o papel que ela viveu na adaptação da obra de Jorge Amado, em 1989. Sua primeira opção foi Claudia Raia. "Ela é perfeita para o papel, está na idade certa e sabe ir da comédia ao drama". Mas a indicação enfrenta resistência.

"Andam dizendo que ela é muito branquinha, mas nesse caso é só fazer umas sessões de bronzeamento e pôr ela morena,", rebate. Mas Betty Faria arrisca outro nome: Deborah Bloch. "Também pode fazer pela idade, talento e têmpera, mas é outra branquinha". 

Sobre a boataria de que teve um desentendimento com o autor da novela, Aguinaldo Silva, Betty Faria desmente: "De minha parte não aconteceu nada", garante. Mas, a cuidadosa atriz pondera: "Melhor perguntar a ele".

Polêmica sobre biografias não autorizadas
Já retratada no livro "Rebelde por Natureza" (coleção Aplauso, Imprensa Oficial), Betty Faria, que pretende em breve escrever a própria história, falou sem reservas sobre a atual polêmica em torno das biografias não autorizadas. "Ídolos de minha geração estão sendo dizimados pela mídia", dispara a atriz. Ela se refere ao "Procure Saber", movimento formado por artistas ligados à música que tem se posicionado contra as biografias não autorizadas.

A necessidade de autorização, atualmente amparada no artigo 20 do código civil, está sendo questionada no Supremo Tribunal Federal, desde 2012, por uma Ação Direta de Inconstitucionalidade movida pela Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel). Artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Roberto Carlos se viram no meio de uma celeuma ao defenderem na mídia a necessidade de autorização como forma de proteger o direito à privacidade.

"Eles deram uma opinião e foram fuzilados pelo Brasil". Para ela não houve diálogo. "Vivemos em uma sociedade hipócrita e politicamente correta", dispara. Para ela, a imprensa precisa ter mais respeito pelos artistas. "É caretice, postura de quem não admite uma ideia diversa da sua".

Marlon Brando no café da manhã
Para reforçar seu argumento alinhado ao grupo "Procure Saber", Betty Faria citou o livro "Brando for Breakfast", biografia que dilacera a reputação do ator americano Marlon Brando ao revelar detalhes bizarros de sua sexualidade. "Foi um trauma na minha vida porque o Brando foi outro ídolo de minha juventude".

São esses, e não mais os filmes, o que vem à memória quando a atriz pensa no ator. "Foi escrito por uma ex-mulher ressentida, como controlar isso?", questiona.

Cinema entre amigos
A homenagem à Betty Faria no Festival de Cinema de Vitória, que aconteceu na noite de quinta-feira (31) na capital capixaba, ocorre no momento em que a atriz volta a brilhar também na telona, com a comédia "Casa da Mãe Joana 2". "Fiquei muito feliz em fazer, é um filme de amigos", declara. "Wilker é o ator com quem mais contracenei, e Hugo Carvana (diretor do filme) é meu padrinho no cinema".

Aos 72, e com quase cinquenta anos de carreira no cinema, começou em 1965, com "Amor e Desamor", de Gerson Tavares, Betty Faria não conteve as lágrimas ao receber a homenagem no festival de Vitória. "Não gosto de mulher chorona, mas foi incontrolável", disse no palco, com o troféu Merlin Azul nas mãos. Ele elogiou o evento capixaba por abrir espaço às produções autorais e a filmes de fora do eixo Rio-São Paulo.

Crise vocacional no teatro
Betty Faria não fala sobre projetos futuros, mas dá uma pista de que nos palcos teatrais não deve dar o ar da graça tão cedo. "Estou em crise vocacional com o teatro", revela. Ela disse ter recusado inúmeros convites. "Estou aberta apenas a personagens na televisão e no cinema". 

Questionada sobre os motivos, dá uma resposta genérica. "Tenho achado chato ir ao teatro todos os dias, preciso ser honesta comigo, os deuses do teatro gostam de verdade".

Protestos nas ruas: "É tudo culpa do PT"
Recentemente, pelo Twitter, Betty Faria implicou com a roupa da presidente Dilma Rouseff. Ela diz que estava de mau humor, procurando encrenca, mas se diz profundamente decepcionada com o PT. "Há muitos anos atrás fui petista de carteirinha, mas hoje tenho uma profunda tristeza disso". A atriz, que já foi uma ferrenha ativista contra a ditadura, acredita que os movimentos de protestos nas ruas estão sendo neutralizado pelos petistas.

"Vocês podem me crucificar, mas para mim essa turma que chega quebrando tudo nas manifestações, botando fogo, arrebentando vitrines, eles devem ser pagos pelo governo, para todo mundo desistir e ficar bonzinho, acomodado".

Ela considera triste o cenário atual. "Eu não tenho mais coragem de ir como ia antes, quebram até carro de TV. Eu, por exemplo, já estou velhinha, não consigo correr mais como antes, isso é coisa do PT, pronto falei", conclui a atriz.

 

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