Nova temporada da série "Tabu Brasil" estreia contando o drama dos transexuais

James Cimino

Do UOL, em São Paulo

  • Divulgação/NatGeo

    5.jun.2013 - Maitê Schneider é depiladora e atriz; no episódio de estreia da série "Tabu Brasil" ela conta sua triste história para conseguir mudar de sexo

    5.jun.2013 - Maitê Schneider é depiladora e atriz; no episódio de estreia da série "Tabu Brasil" ela conta sua triste história para conseguir mudar de sexo

Maitê Schneider nasceu Alexandre. Mas a depiladora curitibana, que estudou artes cênicas e que hoje está para se formar como diretora teatral, teve que travar uma luta dura para conseguir transformar seu corpo e poder ser feliz como mulher. Na época em que começou sua transformação, não havia cirurgia gratuita oferecida pelo SUS. Desesperada, desamparada e incompreendida pela família, Maitê chegou ao extremo de, por conta própria, com bisturi e anestésico, tentar remover seus testículos.

O relato dramático da vida desta e de outros dois transexuais abre a nova temporada da série "Tabu Brasil", que estreia nesta quarta (5), às 22h15, no canal NatGeo. O telespectador, no entanto, não precisa se preocupar porque nenhum desses procedimentos é exibido. "O grande lance são os personagens. São sempre três histórias que se costuram. A palavra é mais forte que a imagem. Não precisa ser explícito", contam os diretores Eduardo Rajabally e Tatiana Vilella, que dizem não querer chocar o público gratuitamente.

O grande lance são os personagens. São sempre três histórias que se costuram. A palavra é mais forte que a imagem. Não precisa ser explícito

Eduardo Rajabally e Tatiana Vilella, diretores da série

Segundo eles, o objetivo da série é "mostrar diferentes estilos de vida". "A gente procura mostrar as pessoas com atitudes positivas, apesar dos dramas por que passam ou por que passaram. Todas as pessoas que passaram pelos oito episódios têm orgulho do que fazem e do que são", explica Rajabally.

Além da transexualidade, a nova temporada do "Tabu Brasil" traz episódios que mostram a vida de trabalhadores que lidam com cadáveres; pessoas que fazem tratamentos polêmicos como eletrochoque e cirurgias espirituais; pessoas que fazem cirurgias plásticas em excesso; fanáticos; compulsivos; prostitutas e nudez.

"Nós choramos"

Segundo os produtores da versão brasileira da série, o principal diferencial em relação às versões americana e hispano-americana é que a "Tabu Brasil" é mais emotiva. "Nós choramos. Às vezes a equipe inteira chora durante a gravação dos depoimentos", diz Tatiana Viella, que teve dificuldades em gravar o episódio sobre os profissionais da morte.

Já Eduardo Rajabally afirma que um dos momentos mais difíceis foi durante o episódio sobre compulsão, com duas gêmeas de 19 anos, estudantes da USP, que têm como hábito assaltar a geladeira à noite e, em seguida, provocar vômitos.

Deixei a câmera com elas para que elas filmassem o que e como quisessem. Elas colocaram uma câmera no banheiro. Eu perguntei se elas tinham certeza do que estavam fazendo. Elas me responderam que sim e que elas queriam mostrar tudo em detalhes por que achavam que já havia muita hipocrisia no mundo

Eduardo Rajabally, sobre personagens do episódio que trata de compulsão

"Deixei a câmera com elas para que elas filmassem o que e como quisessem. Elas colocaram uma câmera no banheiro. Eu perguntei se elas tinham certeza do que estavam fazendo. Elas me responderam que sim e que elas queriam mostrar tudo em detalhes por que achavam que já havia muita hipocrisia no mundo", relata o diretor, que espera que o programa ajude a diminuir o preconceito que as pessoas retratadas nesta temporada sofrem.

Uma frase da diretora Tatiana Vilella resume bem o espírito da série: "Ninguém passa indiferente por 'Tabu'."

O programa Lado Bi, da Rádio UOL, vai conversar com Carol Marra e João Nery, os outros dois transexuais retratados na série nesta quinta-feira (6). O programa entra no ar a partir das 17h no endereço radio.uol.com.br/programa/lado-bi

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