Para Nando Cunha, ator de 46 anos que interpreta o mulherengo Pescoço de "Salve Jorge", 99,9% dos homens traem. "Se não traiu fisicamente, traiu por olhar, por desejar. Não tem nenhum homem, por mais santo que seja, que não vai virar o pescoço se uma mulher bonita passar", contou o carioca durante entrevista exclusiva ao UOL no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio.

Recentemente, na trama das nove da Globo, Delzuíte (Solange Badim) expulsou Pescoço de casa a vassourada depois de descobrir que o safado foi ao cinema com Maria Vanúbia (Roberta Rodrigues).

Nando afirmou que existem homens tão devassos que, muitas vezes, olham para um rabo de saia até mesmo na frente de suas mulheres. "Na praia tem aqueles malandros que vão de óculos escuros e olham com a esposa do lado. Mas também existem aqueles que já são preenchidos, que têm uma mulher maravilhosa, uma parceira. Um cara desses não precisa trair", argumentou.

Esse segundo tipo é o caso de Nando, que se diz muito bem casado e "preenchido" com Flávia Camara, de 21 anos. Com ela, o ator tem o pequeno Davi, de oito meses. O ator não revelou se já traiu. Mas contou que, no passado, foi traído. "Já fui a Delzuíte de alguém. Também levei vários chifres e o pessoal dizia que ela não prestava, mas continuava com ela", lembrou ele, acrescentando que aprendeu a amar depois de mais velho.

"Quando a gente amadurece não fica apaixonado e cego, tomando pancada na vida. A gente aprende a respeitar uma pessoa. Na minha relação com a Flávia tem muito respeito, confiança e amor", afirmou.

Nando explicou por que, para ele, os homens traem. "Primeiro porque homem é safado mesmo. Segundo porque quer ter na rua o que não tem em casa, sente que a esposa não tem um sentimento que às vezes ele quer. Às vezes até carinho mesmo. Agora, 99,9% é porque é safado e ponto", disse.

O ator afirmou que o pior de tudo é que a maioria das mulheres prefere os cafajestes. "Assim como existe mulher que gosta de loiro, de alto ou de gordo, existe mulher que gosta de canalha. Porque o canalha tem a pegada: ele olha no olho e se diz apaixonado. Quando está com a mulher sempre está por inteiro, não está pela metade. Por mais que ele vá ficar com ela só por uma tarde ou uma noite", disse.

"Não imaginava essa repercussão toda", revela o ator

Antes, durante e depois da entrevista, Nando foi abordado pelos moradores do Alemão diversas vezes. Crianças, homens e mulheres queriam uma foto ao lado do intérprete de Pescoço. Questionado sobre tamanha repercussão do personagem, o ator mostrou-se surpreso e, ao mesmo tempo, feliz.

"Não imaginava essa repercussão toda. Já estava agradecido a Deus por estar empregado, por estar em uma novela da Glória Perez. Sucesso é trabalho. Sabia que tinha que me empenhar, como estou me empenhando a cada cena, a cada dia de gravação", disse.

Nando contou que atualmente está difícil sair até para fazer supermercado. "Quando vou ao shopping, tenho que passar correndo. Se parar, tenho que tirar foto com todo mundo. Graças a Deus que estou tendo esse retorno, mas fico meio assustado", afirmou, aos risos.

Nando revelou que os homens são os que mais idolatram seu personagem. "Todos me falam: "queria ser você, estar naquela laje, com aquela morena". A maioria dos homens queria estar no lugar dele. Na realidade, os caras não têm a cara de pau dele para trair. Eles fazem no sapatinho", afirmou, contando que costuma ser muito abordado na rua com os bordões de Pescoço. "Deixa meu cavalo andar quase todo mundo fala. Volta para a garrafa também", contou.

Para o ator, a boa aceitação de Pescoço tem a ver com sua proximidade com a realidade do público. "Costumo dizer que o Pescoço traduz muito o que são os homens, em sua maioria. Na verdade, hoje a laje pode ser representada por um iPhone, pelo notebook, pelo computador. O Pescoço tem a laje. Mas e a classe A? Ela tem o iPhone para falar com a amante, tem o note, tem o Skype", disse.

Questionado sobre que final gostaria para Pescoço, Nando usou o bom humor. "Como homem, gostaria que ele se desse mal. Ou tivesse um final engraçado, tipo ser o cafetão das traficadas na Turquia, no lugar do Russo [Adriano Garib]. Mas, dramaturgicamente, seria lindo se ele casasse na igreja com a Delzuíte. Não que ele fosse mudar. Porque ele não vai mudar nunca", garantiu, às gargalhadas.