Vilão de "The Following" mergulhou na mente de assassinos reais para fazer personagem

Cindy Pearlman

Do Hollywood Watch, em Chicago (EUA)

  • Micha­el Lavin­e/Fox TV/Divulgação

    James Purefoy interpreta o assassino em série Joe Carroll, na série de TV "The Following"

    James Purefoy interpreta o assassino em série Joe Carroll, na série de TV "The Following"

Com um mês de atraso, a série "The Following" chega ao Brasil nesta quinta-feira (21), trazendo o ator James Purefoy na pele do serial killer Joe Carrol, antagonista de Ryan Hardy, vivido pelo experiente Kevin Bacon.

Em entrevista, Purefoy conta que, para criar o universo sombrio de seu personagem, ficou uma semana trancado em um quarto cercado por livros, filmes e fotos sobre assassinos reais.

"Só assim consegui chegar a um consenso sobre o que os torna quem são", explica o ator britânico.

Na pele de seu personagem, Purefoy fala manso, é educado e gentil, um homem bem apessoado que só se sente feliz matando mulheres jovens.

"Ele mata arrancando os olhos das vítimas", ele explica, com aflição na voz, durante a entrevista por telefone de Londres.

Só isso seria suficiente para deixar Hannibal Lecter, vição de "O Silêncio dos Inocentes", meio incomodado, mas Purefoy insiste que a série não é definida pela sanguinolência.

"Tudo revolve em torno do personagem do Kevin Bacon e o meu", define. "É uma briga boa... ele é um ótimo ator. A relação entre eles é curiosa e interessante e fico feliz de poder contracenar com um cara tão incrível."

Os dois atores raramente são vistos na tela juntos, mas, apesar disso, a química é impressionante: "Só queria que eles se beijassem", brincou um repórter numa coletiva recente, fazendo com que Bacon plantasse uma beijoca na bochecha de Purefoy.

Criada e escrita por Kevin Williamson, mais conhecido por "Pânico" (1996) e "Dawson's Creek" (1998-2003), "The Following" começa com a fuga de Carrol, um presidiário prestes a ter a sentença de morte executada, da prisão. Ao escapar, ele passa a usar a internet para criar uma seita de serial killers. O agente Hardy, responsável pela primeira prisão de Carrol, volta da aposentadoria para tentar coloca-lo de volta na cadeia.  

Comparação com outras séries
Purefoy conta que ficou atraído logo de cara  pela série pelo "conceito único do tema".  "O meu assassino começou um culto", explica. "Fiquei sabendo que, nos EUA, há até 300 serial killers ativos, planejando crimes, todos os dias. Joe se aproveita disso para reuni-los, usando redes sociais. Apesar de estar no corredor da morte, tem permissão de usar o computador para pesquisar sobre seu caso."

"The Following" não é o único seriado sobre serial killers da TV, mas os fãs de "Dexter" não devem assistir ao programa achando que vão ver mais do mesmo.

"Ele não é simpático como o Dexter", Purefoy compara, "e não mata gente que é um flagelo para a sociedade, mas sim mulheres bonitas e jovens. Bom, ele mataria qualquer um, mas prefere as moças".

"É um cara muito inteligente", prossegue. "Manipula as pessoas até encontrar uma brecha que as faça perder o controle e as transforma em criminosos."

Embora as cenas extremamente violentas deixem Purefoy enojado, ele revela que não acha muito difícil fazê-las.

"O meu trabalho é dar vida às palavras que estão no roteiro", ele diz. "Chego no set, recito as frases e faço o que o autor tinha em mente."

"É difícil porque você tem que lidar com imagens horríveis e ser fiel à intenção do autor", conta. "Outro desafio é que esse é um homem carismático apesar de toda a violência. Só mesmo tendo um ego do tamanho do mundo para acreditar que, apesar de estar no Corredor da Morte, as pessoas vão lhe dar atenção e segui-lo."

Mais Lecter que Dexter, Carroll é um ex-professor de faculdade cujo brilhantismo só perde para o ódio que sente por Hardy, que teve um relacionamento com sua ex-mulher, Claire (Natalie Zea). Ela é a mãe de seu filho e, por isso, a primeira coisa que faz quando foge da cadeia é organizar o sequestro do menino para que seja treinado a seguir os passos do pai.

"É assustador ter um assassino inteligente e charmoso na sua frente", Purefoy diz. "Às vezes, ele parece um poeta. Tem uma forma muito elegante de expressar suas próprias razões insanas para justificar suas ações."

Questionado sobre como um ator aborda um sociopata tão radical, Purefoy diz: "Quando estou no papel, eu me forço a relaxar", ensina ele, "porque acho que Joe não se perturba com muita coisa. É extremamente calculista e é isso que o torna assustador. Ele não se abala, nem quando Kevin Bacon está quebrando seus dedos para obter informações".

Veja o trailer da série "The Following"

Vida e carreira
Purefoy foi criado em Somerset, na Inglaterra, e abandonou a escola aos 16 anos. Trabalhou numa fazenda de criação de porcos e na manutenção do Hospital Distrital de Yeovil antes de retomar os estudos, aos 18, optando pela atuação e cursando a Central School of Speech and Drama de Londres, onde conseguiu o papel de protagonista em "Henrique V". Um diretor de elenco da prestigiada Companhia Real de Shakespeare viu o espetáculo e o convidou para fazer parte da trupe.

O jovem também começou a aparecer na TV de seu país, começando em "Coasting" (1990). O drama da BBC "The Tenant of Wildfell Hall" (1996) lhe deu grande exposição e o levou a ser escalado em filmes como "Palácio das Ilusões" (1999), "Conversas de Mulheres" (1999), "Como Fazer Bebês" (2000), "Coração de Cavaleiro" (2001), "Feira das Vaidades" (2004) e "John Carter: Entre Dois Mundos" (2012).

Os norte-americanos o conhecem no papel de Dominik Wright, o amante de Victoria Grayson em "Revenge" e se lembram até hoje de sua participação como Marco Antônio no seriado épico "Roma" (2005-2007), da HBO.

"O pessoal ainda adora essa série", se espanta Purefoy. "Vivo respondendo perguntas sobre ela. É uma mistura de interesse e revolta porque a HBO acabou engavetando o programa". Em sua opinião, "Roma" deveria ter continuado.

"Acho que é uma produção excepcional e teria fôlego para continuar, sim", afirma. "Além do mais, o meu papel era ótimo. Todos os roteiros eram de altíssimo nível. Cada vez que chegava eu já ficava todo afoito, doido para começar a ler."

Apesar disso, Purefoy continua na HBO, no papel recorrente de Rob em "Episodes". "Olha só que engraçado, em 'Episodes' o meu personagem era um namorado supermeigo", ele ri, "e agora estou fazendo um cara que é exatamente oposto, saio matando a mulherada. Haja versatilidade!".

Aos 48 anos, o ator é divorciado da também atriz Holly Aird, com quem tem um filho, Joseph, de quinze anos, e vive uma vida tranquila em Londres.

Ele pretende voltar ao cinema depois do término da primeira temporada de "The Following" e revela que tem uma queda pelos filmes de ação.

"Já tomei uma navalhada no meio da testa de um dublê mais entusiasmado e tive que ser hospitalizado", conta, rindo. "Em compensação, eu o acertei na bochecha e acabou pegando a língua. Errei feio."

"Gosto de filme em que tenha que ralar. Podem me jogar na lama e me fazer enfrentar vários inimigos com a espada, nem ligo para os cortes e arranhõe. Acho que é porque gosto de viver perigosamente, para dizer o mínimo", conclui

 

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