Nova temporada de "Girls" reafirma mistura de sinceridade e ousadia

Ana Maria Bahiana

Do UOL, em Los Angeles

  • Divulgação/HBO

    Hanna (Lena Dunham) e Jessa (Jemima Kirke) em cena da segunda temporada de "Girls"

    Hanna (Lena Dunham) e Jessa (Jemima Kirke) em cena da segunda temporada de "Girls"

A primeira temporada de "Girls" terminou tão insolente e imprevisível como tinha começado: Shoshanna (Zosia Mamet) finalmente perdeu a virgindade com o improvável Ray Ploshansky (Alex Karpovsky); num momento de desespero existencial, Jessa (Jemima Kirke) casou-se com o yuppie Thomas-John (Chris O’Dowd); Marnie (Allison Williams) sai do apartamento que dividia com Hannah (Lena Dunham) e perde o namorado; e o relacionamento entre Hannah e o namorado Adam (Adam Driver) chegando a uma encruzilhada dramática que acaba com ele atropelado e ela tendo sua bolsa roubada no metrô.

A segunda temporada --que estreou nos Estados Unidos neste domingo (13) e chega ao Brasil no dia 20 (às 22h, na HBO)-- retoma todas essas histórias com a mesma mistura de sinceridade e ousadia que tornou a série tão comentada e, agora, premiada – com dois Globos de Ouro para melhor série/comédia e melhor atriz/TV/comédia para a criadora e estrela Lena Dunham. Com uma novidade positiva: a presença da produtora e roteirista Jenni Konner, experiente e com sensibilidade para compreender a visão de Dunham e dar-lhe mais estrutura, sem perder o frescor da série.

Lena Dunham tem muito em comum com Woody Allen – sua capacidade de transformar algo pequeno, local, em sentimentos universais

Hannah agora está dividindo o apartamento no Brooklyn com o ex-namorado gay (ou será bi?) Elijah (Andrew Rannells) e trabalhando como freelancer para um tipo muito novaiorquino de blog que não contrata ninguém mas encoraja seus colaboradores a ter "experiências radicais" e escrever sobre elas. Entre sexo grupal e cocaína –duas propostas de pauta da editora--  Hannah vai escolher a última, com resultados hilários e, subitamente, comoventes. Sua relação com Adam continua complicada, agora aparentemente reduzia ao papel de enfermeira de um convalescente resmungão e autoritário.

O casamento de Jessa e Thomas-John toma o rumo que todos podiam prever, acelerado por um encontro fatal com a família do rapaz. Marnie continua sem sorte no amor e no trabalho, passando de galerista de arte para recepcionista de bar da moda e musa temporária de um artista de vanguarda. E o estranho casal Shoshanna-Ray vai surpreendendo pela sinceridade de sua relação, baseada num tipo de camaradagem e afeto sincero que parece escapar aos amigos ao seu redor.

Lena Dunham tem muito em comum com Woody Allen –sua capacidade de transformar algo pequeno, local, em sentimentos universais; um olhar crítico mas compassivo sobre as fragilidades humanas; e a coragem de se despir, física e psicologicamente, para servir seu trabalho. A segunda temporada de "Girls" tem o mesmo, senão maior, nível de nudez da primeira, uma nudez naturalista que tem mais a ver com a sensibilidade europeia do que com a objetificação hollywoodiana. É algo refrescante e altamente subversivo– corpos de pessoas normais, em situações normais, usados sem apelação.

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