"É uma mensagem brasileira para o mundo", diz Guel Arraes sobre versão televisiva de "Xingu"

Carla Neves

Do UOL, no Rio

  • Henrique Oiveira/Foto Rio News

    10.dez.2012 - O diretor Cao Hamburger, os atores Maria Flor, Caio Blat, Felipe Camargo, o diretor da Globo Guel Arraes e João Miguel durante divulgação da microssérie "Xingu" no Rio de Janeiro

    10.dez.2012 - O diretor Cao Hamburger, os atores Maria Flor, Caio Blat, Felipe Camargo, o diretor da Globo Guel Arraes e João Miguel durante divulgação da microssérie "Xingu" no Rio de Janeiro

No próximo dia 25, a Globo vai exibir a heroica aventura dos irmãos Villas Bôas na expedição Roncador-Xingu, criada em 1944, no primeiro governo de Getúlio Vargas, para facilitar o processo de interiorização do Brasil. Na microssérie "Xingu" – versão televisiva em quatro capítulos para o filme de Cao Hamburger executado pela O2 Filmes –, o público conhecerá a história dos três irmãos que entraram em contato com tribos indígenas isoladas, apaixonaram-se pela cultura dos índios e criaram o Parque Nacional do Xingu.

"É a história de uns dos maiores heróis brasileiros e talvez os mais anônimos. Na TV, ganha um significado político e ideológico muito importante. É uma mensagem brasileira para o mundo", afirmou Guel Arraes, diretor de núcleo da Globo, durante o lançamento da produção, nesta segunda (10), em uma sala de cinema na zona sul do Rio.

Os atores João Miguel, Felipe Camargo e Caio Blat dão vida aos irmãos Claudio, Orlando e Leonardo, respectivamente. Para encarnar o trio heroico, os três atores passaram mais de 10 semanas no Xingu, entre preparação e filmagem. Os atores participaram de um processo de aproximação dos índios e, aos poucos, foram ganhando sua confiança.

"De manhã a gente entrava no universo deles e à tarde eles entravam no nosso. Foi um processo de conquista na mata. Nos ensaios, vivemos praticamente o mesmo processo de conquista dos Villas Bôas", contou Caio Blat, garantindo que adorou a experiência. "Não sofri porque já estava no pacote. Estávamos dispostos a viver o que eles viveram", acrescentou.

Caio lembrou que na época das filmagens estava com um bebê recém-nascido. E talvez essa tenha sido a maior dificuldade. "Não era em todo lugar que conseguia falar", disse. Mas o ator contou que os índios são fãs de tecnologia e na aldeia têm acesso à internet duas horas por dia.

"Ficava na rede, falando com meus filhos pelo Skype", disse ele, que desde então mantém o contato virtual com os índios. "Eles adoram Facebook. Às vezes entro e vêm todo mundo falar comigo. Sei que são as duas horas em que a lan house está aberta", contou, aos risos.

João Miguel contou que foi uma experiência única conviver com os índios. E disse que voltou transformado depois de meses de filmagens no Xingu. "Voltei muito mais calmo e silencioso. Acho que foi minha maior experiência cinematográfica pela responsabilidade de viver um desses caras", contou.

Felipe Carmargo também disse que voltou encantado com a cultura indígena. Especialmente pela maneira como eles criam os filhos. "Tem uma coisa na criação deles que é fantástica: a criança pode tudo. Já a adolescência é uma época de clausura e aprendizado. As índias ficam mais nas ocas e os índios saem só para pescar. É a fase da formação do ser humano. Eles não são tratados como chatos como na nossa cultura. A adolescência para eles é um período de transição importantíssimo", explicou.

Como no filme a participação dos índios é intensa, Cao Hamburger contou que o processo de escolha do elenco foi essencial. "Queríamos índios de verdade. Então o processo foi longo. Começou três anos antes de a gente começar a filmar, na primeira vez que fui ao Xingu. Começamos a estabelecer um processo de aproximação e confiança e depois um produtor de elenco viajou para as aldeias para fazer a primeira triagem. Depois da seleção, mandamos dois preparadores de elenco, que ficaram um mês lá. Sem os índios não teríamos feito o filme", disse.

Maria Flor, que faz uma participação como Marina, mulher de Orlando Villas Bôas, também passou pela experiência de conviver com os índios. "Foi muito rico. Fiquei sete dias no Xingu e 20 no Jalapão (TO)", elogiou ela, contando que, para compor a personagem, conversou com a própria Marina, que ainda está viva. "Ela me contou várias coisas, entre elas que o Orlando teve malária 20 vezes. Também conversei com o Noel, filho deles. Só não conheci o Orlandinho, o outro filho", lembrou.

A microssérie – que terá uma apresentação para introduzir cada um dos quatro episódios e uma narração feita por João Miguel – conta ainda com as participações de Augusto Madeira, Fábio Lago e índios não-atores de sete etnias.

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