Longe de um papel fixo nas novelas desde 2008, quando encarnou a vilã Flora de “A Favorita”, Patrícia Pillar vai voltar à TV na pele de uma personagem igualmente do mal. Em “Lado a Lado”, trama das seis que substituirá “Amor Eterno Amor” no horário das seis da Globo a partir do dia 10 de setembro, a atriz dará vida à dominadora Constância.

Casada com Assunção (Werner Schünemann), a personagem é uma ex-baronesa, capaz de passar por cima de muita gente para “o bem da sua família”. “A Constância é uma falsa moralista, que está a serviço de tudo menos da moralidade, como já disse o Veríssimo em um dos artigos dele”, contou Patrícia.

Para “proteger” a família, Constância viverá tentando manipular o marido e os filhos Laura (Marjorie Estiano) e Albertinho (Rafael Cardoso). Com Laura, ela vai bater ainda mais de frente, já que a moça quer estudar e trabalhar para ser independente e um dia se tornar escritora. “Minha personagem luta por coisas pelas quais não vai conseguir mais conter, que é o pensamento da filha em relação a querer estudar e trabalhar e a dizer que o casamento não é o que vai fazê-la feliz”, contou.

Segundo Patrícia, Constância vai ser até capaz de trair Assunção com o poderoso Bonifácio (Cássio Gabus Mendes) só para conseguir um emprego para o marido, que é um ex-barão em declínio financeiro após o fim do Império e a chegada da República. “A Constância representa o nascimento de uma parte da nossa elite. Não toda, mas a parte que é egoísta, que não tem nenhuma sensibilidade social. Ela tem um pensamento que existe até hoje”, comparou.

A atriz confessou que está fascinada com o início do século XX, período retratado na trama escrita pelos autores estreantes João Ximenes Braga e Claudia Lage. “A novela se passa em 1903, mas é a fundação da sociedade que temos hoje, da nossa república com os defeitos e as qualidades que temos. A origem da mulher de hoje com os defeitos e as qualidades que temos. Enfim, são os estratos da nossa sociedade”, disse.

Para mergulhar nesse universo histórico, Patrícia contou que participou de palestras com o historiador Eduardo Bueno.  “Ele é um cara maravilhoso, que traz o frescor do gosto pela história. Faz pouco tempo que tudo isso aconteceu e trouxe tanta mudança para a gente. E o Eduardo Bueno fala de uma maneira que ficamos querendo saber mais”, elogiou ela, que também teve uma aula sobre a música da época. “Uma turminha de música maravilhosa nos contou um pouco como o ritmo foi se transformando: o choro, o maxixe, o samba. E como a música que temos hoje vem dessa mistura”, completou.

Antes de gravar, a atriz afirmou que precisa passar por algumas transformações no visual. Além das roupas de época, ela usa um aplique para compor o visual de Constância. “Demora mais ou menos uma hora e meia para ficar pronta. Mas daqui a pouco acho que o tempo vai diminuir. Demora porque tenho que colocar o aplique, o chapéu. A Constância é muito elegante e feminina”, disse.  

Acostumada a fazer novelas de época, Patrícia disse não se incomodar com os figurinos sofisticados característicos dessas tramas. “Acho uma maravilha a gente conhecer como é que eram as coisas naquela época”, afirmou ela, aproveitando para elogiar o figurino do folhetim. “As roupas são lindas de morrer. São muitas camadas. Tem roupa que tem 12 tipos de renda. É incrível. Tem o espartilho, uma camiseta por baixo, depois uma anágua, por cima uma saia, depois outra saia de tule. É tudo lindo, com muita renda aplicada, que você não vê a costura”, contou.

Questionada por que ficou tanto tempo afastada das novelas, Patrícia justificou com tranquilidade. “Não faço uma novela atrás da outra, em geral. Gosto de fazer outras coisas e tal. E nesse meio tempo fiz várias coisas. Fiz uma participação em ‘Passione’, no seriado ‘Divã’, na série ‘As Brasileiras’. Apresentei o ‘Som Brasil’ durante um ano. Acho importante para um artista se alimentar de outras coisas”, opinou.