Gabriela

"Ou eram senhoras, ou prostitutas", diz Bruna Linzmeyer sobre mulheres de "Gabriela"

Thays Almendra

Do UOL, em São Paulo

Brilhos, roupas curtas, dança, sensualidade e muitas mulheres. Estas são as principais características do bordel Bataclã, no remake da novela “Gabriela”, da Globo. Trata-se de um local onde o desejo masculino é saciado por prostitutas dos anos 1920 – uma época em que imperava uma lei: uma vez que a mulher ia para cama com um homem, ela se tornava sua propriedade. “Em 1925, ou a mulher era uma senhora, ou uma prostituta”, afirmou a atriz Bruna Linzmeyer, que interpreta Anabela, uma das “mulheres-damas” na trama.

Ao mesmo tempo que os homens buscavam por sexo e prazer no bordel de Ilhéus, eles deixavam suas mulheres trancadas em casa.“Praticamente todos os coronéis e homens tinham prostitutas porque as mulheres não transavam e não ficavam nuas. Hoje em dia, a prostituição parece surgir de uma falta de oportunidade. E lá, surgia de uma fatalidade ou de uma falta de compreensão da sociedade que não entendia que uma garota não precisava casar por não ser virgem”, diz Linzmeyer.

Este foi o caso de Lindinalva (Giovanna Lancellotti) na trama. Ela ia se casar com Berto (Rodrigo Andrade), mas seus pais morreram e, por motivo de luto, teve que adiar o casamento. Nesse meio tempo, a garota perdeu a virgindade com o noivo e foi abandonada por ele. Isso porque o pensamento do garoto foi: “Se ela se entregou para mim, pode se entregar para qualquer um”. Diante disso e por pressão da sociedade, Linda virou prostituta do Bataclã, sob os cuidados da cafetina Maria Machadão (Ivete Sangalo).

  • Lindinalva (Giovanna Lancellotti) vestida para trabalhar no Bataclã (17/7/12)

“Ela vira prostituta sem querer, porque foi obrigada. Ela não tem corpo para isso e nem jeito. É uma menina que está aprendendo tudo sobre o universo”, contou Giovanna Lancellotti, que, para viver a personagem, conheceu algumas casas de prostituição.

Para ela, o preconceito com as profissionais da época retratada em “Gabriela” era maior do que é atualmente. “Nas casas onde eu fui, as meninas fazem faculdade e os pais não sabem que são prostitutas. Elas veem isso como um emprego, algo normal. Em ‘Gabriela’, a prostituição era a última opção para elas, nenhuma no Bataclã tem família”, observou.

A atriz Raquel Villar, que interpreta a “mulher-dama" Ina, acredita que a principal diferença entre a prostituição dos anos 1920 e de agora é que “a mulher não tinha voz e, hoje, ela tem”. Como exemplo disso, sua personagem não teve escolha e, no dia em que entrou no Bataclã, foi servida em uma bandeja. Ina vem do sertão, da miséria e da fome. Seu pai a vende para Maria Machadão como uma solução para levar dinheiro à família. “As prostitutas do bordel vivem abaixo das regras de uma sociedade, são mulheres sobreviventes”, afirmou  Raquel.  

  • Raquel Villar é Ina em "Gabriela"

Nudez

Bruna Linzmeyer acredita que a nudez é necessária para retratar a prostituição no Bataclã. “Não é a nudez pela nudez, é uma nudez por um motivo, porque Anabela usa o corpo dela para viver. Seria uma falta de sensibilidade minha não usar o meu corpo para interpretá-la. É muito difícil imaginar um prostíbulo sem nudez”, disse.

Já Raquel defende que seria possível mostrar o bordel sem cenas das atrizes nuas, mas não mostraria o que realmente acontecia na época. “Em 1925, mostrar o corpo era tabu, por isso é mais interessante mostrar a realidade”.

“O horário permite e a história exige. Juntou o útil ao agradável.Tinha que ter nudez  para ser impactante, senão, não seria tão forte”, finaliza Giovanna.

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