"É difícil demais mostrar isso na TV", diz atriz de "Máscaras" sobre possível incesto na trama
Manu Moreira
PopTevê
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Jorge Rodrigues Jorge/CZN
Mariam Freeland vive Maria na novela "Máscaras"
Interpretar situações extremas na tevê exige certo cuidado dos atores. Miriam Freeland acaba de iniciar uma trama de incesto em "Máscaras", da Record. Na história de Lauro César Muniz, Maria, sua personagem, pode se tornar amante de seu irmão Martim, interpretado por Heitor Martinez.
"Criamos uma história que suaviza isso. Que os dois, desde pequenos, têm brincadeiras infantis, bobas, mas que os pais interpretaram com maldade. Assim separaram os dois. É difícil demais mostrar isso na TV. Mas estamos tentando tornar a situação o mais leve possível", explica ela, que não sabe se os personagens chegarão a ter relações sexuais.
"Ainda não sei como faria isso. Seria ainda mais complicado. Teria de conversar com os diretores para ter ideia do que o Lauro pretende", garante.
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Personagem de Miriam Freeland poderá viver incesto na trama da Record
Na Record há 7 anos, a atriz é casada com Roberto Bomtempo, diretor da emissora. Os dois já chegaram a trabalhar juntos tanto na tevê como no cinema e no teatro. "Adoramos trocar profissionalmente. Ele me dirige bem, pede conselhos. Nós nos damos muito bem em cena", garante.
PopTevê – Desde uma depressão pós-parto no começo da trama até o possível incesto, sua personagem passou por momentos intensos na trama. Como está fazendo para construir tantos caminhos diferentes?
Miriam Freeland – A trama dela é uma caixinha de surpresas. Mas estou me guiando, buscando como o Norte da personagem a procura pelo filho. Vejo essa relação como a salvação da vida dela. Utilizo isso como base para o meu trabalho porque a novela já começou com esse drama do filho, então encaro como o tema mais forte. Ela começou em uma crise, fora do normal, e foi medicada o tempo todo. Agora tento buscar qual é o normal dela, sem tratamento e fora de depressão. Mesmo ela tendo superado o pior, ainda aparece nos capítulos uma sugestão de algumas crises. Acho que isso tem a ver com a histeria, outra patologia que percebi nela com a ajuda de uma psiquiatra. Com relação ao incesto, eu e o Heitor (Martinez) estamos tentando fazer de forma mais leve, para não tornar o negócio tão grotesco e novelesco. Acho que está funcionando.
PopTevê – A audiência de "Máscaras" está bem abaixo do esperado pela direção da Record. Como você lida com isso?
Miriam Freeland – Eu não participo disso em nenhuma obra. E o clima de trabalho dessa novela é tão saudável, a equipe se dá tão bem, que não sinto ninguém desestimulado. Estão todos comprometidos e procurando fazer o seu melhor. Eu já fiz insucessos na Globo e não desisti até o final. A Record não pode desistir. E o Ibope não é medidor de qualidade. O diretor Luiz Fernando Carvalho, por exemplo, faz milhões de coisas fantásticas e que não dão audiência. Deveria se refletir sobre essas coisas, mas, infelizmente, hoje a pontuação acaba sendo um parâmetro do que deve ou não ser feito. Acho que os meios de comunicação têm uma função social. São fonte de cultura. O que acontece é que se mede por baixo e cada vez se oferece produtos de menor qualidade.
PopTevê – Você estreou na Globo com 14 anos e só conquistou o status de protagonista quando ingressou na Record, aos 26 anos. Porque demorou tanto?
Miriam Freeland – A minha história foi muito dentro do profissional. Não tive outro mecanismo de avanço a não ser trabalhando. Fui amadurecendo com essas coisas. Mas, com certeza, o lugar que a Record me colocou e o lugar que eu conquistei na emissora me deram possibilidade de fazer trabalhos muito bacanas, que marcaram a minha carreira. Mas acho que fiz coisas fundamentais dentro da Globo. Foram esses personagens que me formaram e me alimentaram quando ainda era muito nova. Mas não tenho noção da profissional que eu sou para o mercado se eu sair da Record. Não sei se vou ter o mesmo espaço em outras emissoras. O que eu sei é que eu tentei fazer o melhor até aqui.
PopTevê – Você também é reconhecida pelos seus trabalhos fora da tevê. Já tem algum novo projeto para cinema e teatro?
Miriam Freeland – Estou com dois longas para serem lançados esse anos. Um deles é com o Roberto e está na fase de pós-produção. Também tem o "Cine Hollywood", que gravei no Ceará e que é uma parábola passada nos anos 70 sobre a chegada da televisão no interior e o que aconteceu com o cinema dos interiores do Brasil. É super bonitinho, delicado. E agora no segundo semestre volto com a peça "Tomo Suas Mãos nas Minhas", baseado nas cartas trocadas entre o dramaturgo russo Anton Tchecov e a atriz Olga Knipper, que vai para Campo Grande, Bahia, Vitória, Belo Horizonte, Goiânia e Porto Alegre.