Com elenco afinado, "Fora de Controle" está mais para "Law & Order" do que "Tropa de Elite"
Alessandro Giannini
Do UOL, em São Paulo
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Divulgação/TV Record
Em "Fora de Controle", Delegado Medeiros (Milhem Cortaz) e Clarice (Rafaela Mandelli) discutem sobre caso
Com 30 minutos de atraso calculado para evitar confronto com uma atração da Rede Globo ("Louco Por Elas"), a Record levou ao ar nesta terça (8) o primeiro de quatro episódios da primeira temporada da série "Fora de Controle", com direção geral do estreante Daniel Rezende e Milhem Cortaz no papel do truculento delegado Medeiros. Para quem esperava um parentesco forte com "Tropa de Elite", a decepção foi grande em todos os sentidos. Nem os aguardados bordões - frases de efeito que grudam nos corações e mentes do público - entraram em cena.
No primeiro episódio, uma garota morta é encontrada por surfistas boiando no mar. Chamados para investigar o caso, Medeiros e seus comandados no 15o. DP descobrem que a menina é enteada de um velho amigo do grupo. Depois de investir esforços em dois suspeitos, o delegado topa com evidências que podem levar a uma conclusão arriscada. Embora a solução pareça previsível, o desfecho surpreende.
A série coproduzida pela Gullane Filmes e Grifa Filmes em parceria com a emissora se parece mais com uma versão tropical de "Law & Order" do que com os filmes de José Padilha. E Medeiros, um anti-herói de moral rígida e métodos heterodoxos, tem pouco paralelo com Fábio, o corrupto policial militar Zero 2 encarnado pelo mesmo Cortaz nos dois filmes, por mais que se busquem semelhanças entre os personagens.
Escrita por Marcílio Moraes em colaboração de Gustavo Reiz, a produção realmente segue a gramática do "seriado policial clássico". Um crime acontece, as investigações se iniciam, tomam seu curso com os obstáculos e desvios habituais até que, como por milagre, algo acontece e um culpado se materializa. A promessa do autor de "mostrar problemas típicos da polícia brasileira, sem caricaturas", no entanto, cai no vazio.
O que salva "Fora de Controle" da decepção total é o visual arrojado - obra do diretor de fotografia Pierre de Kerchove - e principalmente o elenco afinado. Além de Cortaz, que se supera em seu retrato do contraditório Medeiros, um homem culto e irascível, Rafaella Mandelli e Claudio Gabriel também desempenham muito bem seus papeis. Mandelli é Clarice, uma investigadora com quem o protagonista teve um caso no passado; Gabriel interpreta Brandão, o investigador fanfarrão que ajuda o personagem principal nos interrogatórios e invariavelmente funciona como "alívio cômico".