Nova temporada de "Mad Men" tem foco nas mudanças de 1966

Ana Maria Bahiana

Do UOL, em Los Angeles

  • Divulgação

    Peggy Olson (Elisabeth Moss) (à esq) e Joan Harris (Christina Hendricks) em imagem da 5ª temporada de Mad Men

    Peggy Olson (Elisabeth Moss) (à esq) e Joan Harris (Christina Hendricks) em imagem da 5ª temporada de Mad Men

Mathew Weiner, criador e showrunner de "Mad Men", tem uma explicação interessante para a demora de um ano e meio entre a quarta e a quinta, e atual, temporada da série: "A AMC (canal da TV paga norte americana que co-produz e exibe 'Mad Men' nos EUA e no Canadá) tinha títulos novos em excesso no seu calendário de meio de ano”, diz, em uma movimentada manhã no coração de Beverly Hills. “Decidimos de comum acordo esperar seis meses para poder lançar a quinta temporada num período mais tranquilo".

Então todas aquelas histórias de quererem cortar os orçamentos, diminuir os cachês dos atores, etc, não eram verdadeiras? Weiner, que fala a mil por hora sempre, faz uma pequena pausa. "Como todo canal, eles estão sempre pensando em modos de melhor monetizar um título” responde, medindo as palavras. “Havia a ideia de incluir mais intervalos comerciais, mais anúncios… e eu sempre fui contra. Meu papel é defender o projeto, o deles é procurar alternativas financeiras".

No final, venceu a série, mesmo com a demora. Cada episódio continua custando entre 2 e 3 milhões de dólares, mas, com uma verdadeira tempestade de prêmios em sua história – inclusive quatro Emmys para cada uma de suas quatro temporadas anteriores – Mad Men tem força mais que suficiente para enfrentar estes percalços de percurso. E, se precisasse de prova, a quinta temporada estreou quebrando recordes na TV paga norte americana, com 3.5 milhões de espectadores ligados nas intrigas de Don Draper (Jon Hamm) e seus colegas na agência Sterling Cooper Pryce Draper, no ano da graça de 1966.

"Para mim o importante é manter a série neste equilíbrio delicado, entre o grande panorama da história e da sociedade norte-americana dos anos 1960 e a intimidade das vidas dessas pessoas que, para mim, são o foco primordial de tudo", diz Weiner. "Quero que o espectador se sinta junto deles, sentindo como as pessoas viviam as vidas naquela época, de dentro para fora. A autenticidade da reconstrução da época é fundamental, mas a emoção é tudo".
 
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A quinta temporada abre no início do verão norte-americano de 1966 com uma passeata pelos direitos civis em plena Madison Avenue. O evento – inspirado em fatos reais – terá repercussões na trama da temporada, mas tão importante quanto suas repercussões são os dramas domésticos de Don e companhia. "Don está fazendo 40 anos. Isso, nos anos 1960, era um marco importante e um pouco pesado para um homem, era mais que a maturidade, era o início da velhice", diz Hamm que, nesta temporada, além de ator é co-produtor e diretor de alguns episódios. "Ele está passando por mudanças interiores profundas. Suas metas mudaram: ele agora está focado em ser feliz ou pelo menos tentar ser feliz. E monógamo… a monogamia é definitivamente uma de suas metas, nesse momento".

Don está casado de novo – com a jovem ex-secretária Megan (Jessica Paré), o que também será causa de muitos conflitos na temporada – mas a ex Betty (January Jones) ainda é muito presente em sua vida. "Ela foi muito demonizada nas outras temporadas, mas acho que, agora, as pessoas vão começar a entende-la melhor", diz Jones, que trabalhou na quinta temporada até o oitavo mês de gravidez de seu filho Xander, nascido em setembro do ano passado. "Eu defendo Betty completamente, não poderia interpretá-la de outro modo. As pessoas só vêem um lado dela. Quando Betty teve os casos dela muitos homemns me diziam: “Que vergonha! Como você faz uma coisa dessas?! E eu respondia: “Você tem visto a serie? O Don tá comendo tudo o que passa pela frente dele! Por que você me condena?".

Numa trajetória semelhante à de Don Draper, mas caminhando em outra direção, está Peter Campbell (Vincent Kartheiser): ele representa a nova geração da agência, que se tornará mais poderosa à medida que a década avança e a sociedade muda radicalmente. “Tudo aponta para o trabalho e para a ambição profissional”, diz Kartheiser. "A meta de Pete é achar um lugar no mundo do trabalho que seja seu reino, seu domínio. Tudo mais é secundário. Além disso, Pete está casado, com um filho pequeno. A mulher dele vem de uma família rica e espera muito do casamento. A pressão em cima de Pete vai ser enorme".

"Os anos 1960 são um período fascinante e único",  diz Weiner. "Tudo neles é sobre mudança. E agora chegamos ao momento em que as mudanças são inevitáveis, como uma avalanche. Mas o que mais me interessa é o quanto elas vão repercutir na escala menor da vida de cada um dos personagens",  conclui.

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