"Não estamos mais na idade de perseguir a incorreção", diz turma do "Casseta" prestes a estrear programa

Mauricio Stycer

Do UOL, em São Paulo

A uma semana da estreia do novo programa "Casseta & Planeta Vai Fundo", na sexta-feira (30), a veterana turma de comediantes se vê distante da guerra hoje travada em torno do humor politicamente incorreto e agressivo.

"A gente não está mais na idade de procurar chatear, perseguir a incorreção", disse Claudio Manoel, diretor-geral da atração em encontro com jornalistas na manhã desta quinta-feira (22) no Mercado Municipal, em São Paulo.

"Não precisamos disso. E não me acho suficientemente velho para ficar chamando preto de macaco", disse o humorista, numa referência à "piada" que causou enorme polêmica, na última semana, durante um show chamado "Proibidão", em São Paulo.

Claudio Manuel falou da preocupação em não ofender o público, por menor que seja o número dos que se incomodam com uma piada grosseira. "Os insatisfeitos são muito mais mobilizados que os satisfeitos. O ‘serviço de atendimento ao sei lá o quê' lida com os insatisfeitos".

Ele não deixou de lamentar um aspecto da onda de correção política: "O lado chato do politicamente correto é quem processa quer também se promover".

“O humor tem limites, sim”, defendeu Beto Silva. “Eu, como humorista, tenho”, observou. “O limite é o bom senso. A gente não está a fim de que alguém saia daqui e chame a polícia”.

O novo programa

Esqueça as Organizações Tabajara, Seu Creysson, Acarajete Love e tantos outros personagens. Não espere por paródias das novelas ou outros programas da Globo em exibição. Depois de um ano em repouso, fazendo um balanço dos 18 anos em que estiveram no ar – doze deles, semanalmente, a turma do “Casseta & Planeta” volta com uma nova estrutura.

O novo programa deixa de lado o “urgente” para tentar “ir fundo” em alguns assuntos. O tema da estreia é “celebridades”. Também haverá programas dedicados a assuntos como “amor, “família” e “maracutaias”.

A Miá a gente acha engraçada pra caramba. A Dilma (o ator Gustavo Mendes) a gente acha engraçada pra caramba. A Maria a gente acha carismática, gostosa pra caramba.

Hubert, durante entrevista da turma do "Casseta & Planeta" sobre as novidades do programa

Em 2012, serão duas “temporadas”. A primeira, com 12 programas. E uma segundo, mais para o final do ano, com oito. Um número bem menor que os 36 programas que faziam anualmente.

Três novos integrantes se juntam aos seis membros fixos da gangue. A maior promessa é o ator Gustavo Mendes, que ficou famoso fazendo uma imitação da presidente Dilma Rousseff em vídeos que circularam na internet. O jovem foi contratado para fazer o personagem no programa.

Também estréiam a comediante Miá Mello, que trabalhou no “Legendários”, da Record, e a ex-BBB Maria Melilo. “A Miá a gente acha engraçada pra caramba. A Dilma a gente acha engraçada pra caramba. A Maria a gente acha carismática, gostosa pra caramba”, resumiu Hubert sobre as novidades no elenco.

Os “cassetas” ouviram muitas perguntas e provocações sobre a concorrência. “O novo programa não é resposta aos mais novos”, disse Claudio Manoel. “Os novos dão muito mais continuidade à gente do que nos reprovam. A própria galera do Pânico diz isso, de que ele tem a ver com a gente”.

“Trabalhar com gente nova é sempre legal”, disse Beto Silva. “Não é uma resposta a ninguém. É uma resposta a nós mesmos”.

O mesmo Claudio disse ainda: “A gente não concorre direto com ninguém. Não estamos fazendo nada em resposta a ninguém. Não é empáfia, não é arrogância. A gente está acostumada a ser seguido. A gente está olhando para nós”.

Novo horário

Além do formato de “temporada”, bem mais curta que o programa semanal de antes, a turma do Casseta também está satisfeita com o novo horário. O programa antes exibido às terças-feiras, logo depois da novela, agora irá ao ar às sextas, depois do “Globo Repórter”.

“Obviamente, continuamos dentro da industria, da emissora líder, com o mesmo compromisso de audiência, mas menor nível de estresse”, observou Claudio Manoel. “A gente estava sempre na linha de frente ‘dos alemão’”, brincou, referindo-se à concorrência. “Hoje temos uma posição mais confortável na linha de frente”.

 

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