Atuações excepcionais e suspense constante são os destaques de "Homeland"

Guilherme Solari

Do UOL, em São Paulo

  • Divulgação

    Morena Baccarin e Damien Lewis em cena de "Homeland"

    Morena Baccarin e Damien Lewis em cena de "Homeland"

O episódio de estreia de “Homeland” mostrou como é possível uma série de suspense político e psicológico prender a atenção do telespectador ao mesmo tempo em que o coloca para refletir. O segundo episódio, que vai ao ar neste domingo (11) às 22h no canal FX, promete manter a tensão de uma das mais intrigantes séries investigativas atuais.

"Homeland" acompanha o sargento americano Nicholas Brody (Damian Lewis), que ficou oito anos aprisionado por insurgentes iraquianos. Ao ser resgatado e trazido aos Estados Unidos como herói de guerra, ele se torna alvo das suspeitas da analista da CIA Carrie Mathison (Claire Danes), que acredita que ele pode ter se convertido ao lado inimigo e planeja um atentado nos EUA.

Mais de uma década após os ataques de 11 de setembro e depois de duas guerras contra o Terror, a retórica maniqueísta “à la Bush” do “ou está conosco ou contra nós” perdeu força. Os excessos dos EUA durante os confrontos e o desgaste de sua imagem dentro de casa e perante a comunidade internacional tornou mais tênue a linha que divide o “bem” do “mal”. Uma nebulosidade moral que “Homeland” aproveita com primor.

O produtor da série é Howard Gordon, o mesmo da série “24 Horas”. Porém, o novo seriado é reflexo desses novos tempos mais complicados e Brody se mostra um personagem muito mais complexo e ambíguo do que Jack Bauer. No desenrolar do suspense para descobrir se ele é ou não um traidor, “Homeland” mete o dedo sem medo em temas espinhosos como preconceito religioso, abuso de poder e paranoia da sociedade americana.

A história é bem executada pelo roteiro e o efeito só é catalisado pelas excelentes atuações do elenco. Damian Lewis – talvez mais conhecido aos brasileiros pela série “Band of Brothers”– dá múltiplas camadas emocionais ao sargento. Sua expressão é misteriosa o bastante para fazer o telespectador constantemente buscar por sinais de sua suposta traição, sem saber o quanto o próprio personagem está atuando.

O maior destaque, no entanto, é Claire Danes, excepcional na agente da CIA Carrie, que se contrapõe a Brody. É uma personagem completamente disfuncional cuja obsessão com o caso se divide com seus próprios problemas psicológicos. Diferente dos anti-heróis charmosos com os quais é fácil se identificar, Carrie tem um constante ar mesquinho e ensimesmado e ainda flerta com o vício em remédios. Claire Danes dá um show no papel.

A brasileira radicada nos EUA Morena Baccarin interpreta a mulher de Brody e também mostra ter sensibilidade para dar os nuances de felicidade e medo com relação ao retorno do marido. “Homeland” apresenta o mesmo artifício narrativo de “Walking Dead” do melhor amigo que resolve dar mais do que uma força à mulher do colega desaparecido, e Baccarin explora bem também essa ambiguidade de sentimentos.

Como toda série, o perigo é ver se os roteiristas vão conseguir escapar das “barrigas” nas quais nada de fato acontece -que costumam ser endêmicas nos meios de temporada. Porém, a aclamação da crítica internacional e os dois Globos de Ouro que a série ganhou em sua primeira temporada no exterior dá todos os motivos para ser otimista.

Quando vemos seriados reciclando fórmulas por todos os lados é refrescante encontrarmos essa combinação de inovação com a experiência de um produtor como Howard Gordon. A estreia de “Homeland” abordou temas maduros de forma madura, conseguindo ser complexo sem ser pedante. E a continuação da série promete.

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