Julianne Moore "incorpora" Sarah Palin em telefilme sobre eleições americanas de 2008

Ana Maria Bahiana

Do UOL, em Los Angeles (EUA)

  • Divulgação/AP

    Julianne Moore interpreta Sarah Palin (esq.) em "Game Change"

    Julianne Moore interpreta Sarah Palin (esq.) em "Game Change"

Entre as muitas cenas históricas de "Game Change", filme da HBO sobre a campanha presidencial norte-americana de 2008, que estréia neste sábado (10) nos EUA, há uma positivamente intrigante: Sarah Palin (Julianna Moore), candidata à vice presidência na chapa do Partido Republicano ao lado de John McCain (E Harris), vê, desconsolada, a comediante Tina Fey fazer uma caricatura dela no programa "Saturday Night Live".

A sensação é de um estranho e fascinante jogo de espelhos, reforçado por vários outros momentos de "Game Change", onde a Sarah Palin de Julianne Moore substitui a verdadeira em entrevistas de TV, coletivas e comícios. “Acho que entre outras coisas importantes, esse desafio de ser uma pessoa tão presente na vida pública atual foi o que me fascinou”,diz Moore. “ A transformação física, em si, já era fascinante: duas horas e meia, todos os dias, que começavam alterando a cor da minha pele e continuavam modificando o formato dos meus lábios, cabelo, tudo.”

Dirigido por Jay Roach – mais conhecido por comédias rasgadas como as franquias "Austin Powers" e "Entrando Numa Fria" – a partir do livro homônimo dos jornalistas John Hellerman e Mark Halperin, "Game Change" parte do momento em que Steve Schmidt (Woody Harrelson), coordenador da campanha de McCain, percebe que Barack Obama está disparando com um tipo de endosso público que há muito não se via nos Estados Unidos. Na cena que deflagra a ação, McCain, Schmidt e a equipe da campanha vêem um Obama triunfante fazendo um discurso em Berlim. “Se ele curar um bebê, estamos f******”, murmura um dos estrategistas.

A resposta, Schmidt conclui, é trazer para o lado Republicano alguém com semelhante apelo popular. Por que não a nova governadora do Alasca, jovem mãe de familia, simpática, carismática?

Sabemos o fim da história, é claro, mas acompanhar a transformação de Palin em ícone político é um prazer, especialmente quando Julianne Moore se dedica a ela com o mesmo abandono que levou Meryl Streep e sua Margaret Thatcher ao Oscar. Como Streep com Thatcher, Moore diverge completamete da postura política de Palin, mas encontrou pontos em comum “em sua humanidade, em sua femininidade, sua coragem, a devoção dela por sua família, sua imensa capaciade de trabalho”.

Acima de tudo, Moore diz, a experiência levou-a a refletir sobre o que, nos dias de hoje, passa por política. “Vivemos numa sociedade onde o governo é, em teoria, do povo, pelo povo, para o povo. E isso é o que queremos, o que almejamos. Mas trabalhando neste filme eu comecei a pensar que o modo como escolhemos nossos líderes se transformou em uma outra coisa. Respondemos aos candidatos como se eles fossem celebridades, estrelas de cinema e não pelo que realmente pensam e fazem.”

Moore também lastima que, enquanto tantos países – inclusive o Brasil, ela diz -- têm líderes mulheres, os Estados Unidos ainda têm “essa resistência à liderança feminina. Não compreendo isso.”

E quanto a Tina Fey, Moore é  fã: “Ela é uma comediante absolutamente brilhante, e sua caracterização de Sarah Palin é perfeita e super importante como elemento cultural e político. Sempre fui uma tremenda fã de Tina e continuo sendo.”
 

UOL Cursos Online

Todos os cursos