Reestreia de 'The Walking Dead' coloca zumbis para descansar
Chico Fireman
Especial para o UOL, em São Paulo
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Divulgação
O ator Andrew Lincoln, que interpreta o xerife Rick, em cena da série "The Walking Dead"
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Faltam adjetivos para classificar o retorno da segunda temporada “The Walking Dead”. O episódio de reestreia da série de zumbis, exibido na noite de domingo nos Estados Unidos (e que chega às telas brasileiras nesta terça às 22h no canal a cabo Fox), não foi ruim, nem bom. Deixou a desejar. O ponto alto do capítulo é a indicação da possibilidade de uma mudança no comportamento do protagonista, interpretado por Andrew Lincoln.
A indicação de uma possibilidade. Ou seja, nada acontece. E é pouca coisa mesmo. O fã que espera um retorno aos níveis de adrenalina deixados pelo brilhante episódio anterior, uma pequena obra-prima perdida entre as tranqueiras da TV americana, provavelmente vai se decepcionar. “Nebraska” não atende, nem de longe, às expectativas. A não ser por um susto ou dois.
Este novo episódio parece não ter vida própria. Existe das sobras do anterior, mas em vez de indicar novas direções e trazer algum frescor à série, deixa ganchos fracos para o que vem por aí. Um problema já que a série pode esbarrar na falta de carisma de vários de seus personagens principais, caso mantenha a linha que tem adotado ao longo desta segunda temporada.
Numa iniciativa ousada dos criadores, a ação foi preterida de “The Walking Dead” depois dos seis capítulos tensos da temporada inicial. Se antes os personagens estavam no meio de uma guerra, agora eles se escondem à margem de um mundo tomado pelos zumbis e, nesse esconderijo, as diferenças entre os integrantes do grupo se sobressaem.
Este episódio dá sequência a esse direcionamento, mas faltou o talento de um roteiro que havia tornado os conflitos verbais entre os personagens quase tão tensos quanto os ataques dos mortos-vivos. Os dilemas dos progonistas já são notícia velha para os espectadores. Falta algum elemento novo, que não chega até o final do episódio.
A reviravolta tinha dado um novo fôlego à série, mesmo que os zumbis quase sempre tenham sido figurantes nos sete episódios da temporada até então. O criador do projeto, Frank Daranbont, parecia querer reprisar a experiência que teve em “O Nevoeiro”, adaptado de uma obra de Stephen King. No filme, um grupo de pessoas confinadas trava embates mais sangrentos entre si do que com as criaturas monstruosas que as cercam.
Os zumbis de Darabont são radicalmente opostos aos (re)inventados por George A. Romero no fim dos anos 60. As criaturas do cineasta carregam as doloridas consequências de uma sina que não escolheram. São replicantes em busca do que lhes resta de humanidade, em busca de uma sobrevida. Mais do que isso, viraram metáfora para minorias, excluídos, abrindo espaço para as mais diversas leituras políticas e sociológicas.
A possibilidade de que uma série estrelada por zumbis desse certo na concorrida TV norte-americana era pequena, mas a primeira temporada provou que os mortos-vivos, renascidos na cultura pop desta última década, ainda têm muitos anos de vida. Principalmente se forem vilões. O problema é que a tensão estabelecida nesta segunda temporada, com os zumbis relegados ao segundo plano, parecia vir do medo de um perigo iminente, invisível, e o fim do episódio anterior marcaria a chegada desse momento de terror.
Difícil é convencer o espectador que esperou pela retomada da série por mais de dois meses que os personagens tiraram esse episódio de reestreia para descansar. “The Walking Dead” não é como “Fringe”, que nesta nova temporada, sob o pretexto de uma nova linha temporal, resolveu contar todas as histórias que já tinha contado antes. Na série dos zumbis, existe uma cronologia em linha reta. O desafio dos próximos episódios é colocar obstáculos no caminho os protagonistas. Estejam eles vivos ou não.