"Ela é um estudo em hipocrisia", diz atriz que interpreta Lori na série "The Walking Dead"
Ian Spelling
The New York Times
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Divulgação
A atriz Sarah Wayne Callies em cena da segunda temporada de "The Walking Dead"
Os fãs de "The Walking Dead", tanto dos quadrinhos quanto da série de TV (exibida no Brasil pela Fox, terças, às 22h), adoram Lori Grimes, que é os olhos e ouvidos da turma-- enquanto ela, Rick, Shane e os outros sobreviventes correm para ficar um passo à frente dos zumbis e lutam para manter sua humanidade. Lori, interpretada na TV pela atriz Sarah Wayne Callies, também é uma personagem bastante imperfeita, além de cheia de conflitos.
“Eu acho que ela olha para este grupo, especialmente Rick e Shane, e vê quão ardorosamente eles estão tentando salvar a vida de todos”, diz Callies, falando por telefone do set da série, nos arredores de Atlanta. “Ela e, até certo ponto, Dale (Jeffrey DeMunn) são as pessoas que pensam: ‘Isso é maravilhoso, mas não basta. Nós temos que ser seres humanos, não apenas criaturas vivas. Nós temos que enterrar nossos mortos. Nós temos que honrar o passado. Nós temos certa responsabilidade moral e ética uns com os outros, mesmo errando muito nessa área’.”
(SPOILER: se você não quer saber detalhes da trama que não foram ao ar, não siga adiante.)
“Lori cometeu inadvertidamente adultério com o melhor amigo do seu marido”, prossegue a atriz, “e ela defende um comportamento ético por parte do que restou da humanidade. E, dentro do grupo, ela se transformou em uma espécie de matriarca. Ela é a guardiã de nossos rituais, assim como de nossos corações e esperanças. Ela não é uma mulher que se considera feminista. Ela se considera uma dona de casa, mas criar um lar para as pessoas, em um mundo que virou um inferno, é uma posição bastante poderosa. É uma personagem altamente interessante.”
Lori e “The Walking Dead” estão prestes a se tornarem ainda mais interessantes. Foi revelado no episódio de 15 de novembro, “Chupacabra”, que ela está grávida, mas incerta sobre a identidade do pai. Poderia ser Rick, mas também poderia ser Shane, para quem ela se voltou quando achou que Rick estava morto. É preciso notar que Lori também fica grávida nos quadrinhos –mas Shane morre na sexta edição, baleado por Carl, o filho de Lori e Rick, interpretado na série por Chandler Riggs.
"Ela é um estudo em hipocrisia", diz Callies, “porque ela se levanta e diz que há coisas certas e coisas erradas, mas vive em conflito sobre o que fazer com este bebê. Ela apresenta um quadro interessante para o público, de alguém sendo consumida internamente por seu pesar, arrependimento e erros, ao mesmo tempo em que tenta ajudar todos a tomarem decisões melhores do que as tomadas por ela”.
“Eu não acho que ela se considera como algum tipo de autoridade moral, mas é uma posição na qual ela caiu. É estranho dizer: ‘Nós precisamos ser o melhor que pudermos e, a propósito, eu estou grávida do bebê do melhor amigo do meu marido’.”
Os dois episódios seguintes são “Secrets” e “Pretty Much Dead Already” (o primeiro foi exibido em 22 de novembro e o segundo vai ao ar na terça-feira, 29). Segundo Callies, eles explorarão as ramificações da gravidez de Lori.
TEASER DA SEGUNDA TEMPORADA DE "THE WALKING DEAD"
“No terceiro episódio desta temporada, Lori discutiu com Rick que o maior ato de misericórdia que poderiam conceder a Carl talvez fosse deixá-lo morrer”, diz Callies. “Eu acho que ‘Secrets’ e ‘Pretty Much Dead Already’ deixam claro que Lori sente, por um bom motivo, que este pode não ser um mundo para crianças. É possível que o público assista esses episódios, olhe para trás para o que ela disse e pense: ‘Raios, ela está certa’.”
“Há grandes decisões a serem tomadas sobre o futuro das crianças e nenhuma dessas decisões virá sem um grande custo. Eu tenho uma filha –ela tem 4 anos. Eu tenho uma sensação de a estar criando para ser independente, criativa e corajosa. Eu não sei se Lori poderia responder a pergunta de para que ela está criando Carl, ou para que criaria seu bebê não nascido, porque ela nem mesmo pode prometer que cuidará deles.”
“Então ela se pergunta: ‘O que estamos fazendo aqui?’” conclui Callies. “Uma resposta é que optamos por viver com base na esperança e não no medo, mesmo que a esperança nos mate. É uma excelente retórica, mas colocá-la em prática, com um filho vivendo neste inferno e outra criança no ventre (...) é um tipo muito diferente de realidade.”
Tradutor: George El Khouri Andolfato