Diretor do programa "Se Ela Dança, Eu Danço" interfere no voto do júri; conheça os bastidores

AMANDA SERRA

Do UOL, em São Paulo

Sonho, fama, perseverança e a busca por reconhecimento são alguns dos motivos que levam mais de 30 mil pessoas a se inscreverem em um show de talentos, como o programa “Se Ela Dança, Eu Danço”, do SBT, que está em sua segunda temporada e oferece um prêmio de R$ 200 mil, além da oportunidade de  ingressar em uma companhia de dança.

O UOL Televisão acompanhou um dia das gravações e viu que além de talento, os candidatos também precisam ter uma boa história de vida para conquistarem o júri formado por: João Wlamir, Jarbas Homem de Mello e Lola Melnick e a direção do programa. Por trás das câmeras, o diretor Ricardo Mantoanelli, aproveita para dar seus “pitacos” na hora da escolha dos candidatos, como no caso das irmãs e bailarinas Bruna e Poliana (dançarina do cantor Leonardo).

Bruna e Poliana são aprovadas no "Se Ela Danço, Eu Danço"

Durante a apresentação da dupla, “Rica”, assim conhecido nos estúdios, atentou os jurados para o fato de uma das garotas chorar no palco - “Pergunta o por que ela está chorando?”, diz o diretor no ponto. “Aproveita essas lágrimas e fala da emoção delas estarem dançando juntas, após tanto tempo separadas, já que uma mora em São Paulo e a outra no Paraná. Após a apresentação da dupla, o júri dá o veredicto e aprova as irmãs para semifinal do concurso. Assim que elas saem do palco Lola dispara: “Rica, pagamos nossos pecados hoje né? Elas não dançam nada.” João e Jarbas concordam com a companheira e alertam para os quilinhos a mais das bailarinas, algo já comentado por eles durante a avaliação no palco. “Precisam emagrecer.’’

Ricardo Mantoanelli confirma que intercede a favor de candidatos com "potencial televisivo". “Quando vejo que o candidato tem algum potencial para TV peço para os jurados analisarem. Vejo o perfil televisivo, o personagem em si, a história. Mas, no fim, ganha aquele que tem o melhor talento”, pondera o diretor da atração.

Assim que termina a apresentação tentamos falar com as irmãs, mas sem sucesso, elas já tinham ido embora. Uma das produtoras de casting da atração conta que já está marcada uma gravação para acompanhar a rotina de Poliana como bailarina do cantor Leonardo, e pergunta se gostaríamos de acompanhar. É possível perceber que um rosto bonito e uma história emotiva resumem um pouco do perfil televisivo citado pelo diretor. Saiba como funcionam as etapas do “Se Ela Dança, Eu Danço”:

No dia da gravação, às 8h30 os candidatos começam a ensaiar e por volta das 15 horas, o diretor e os jurados se reúnem com eles em uma sala, explicam como funciona o processo, pedem para eles ficarem calmos e darem o melhor de si no palco. “Esse programa é a oportunidade que vocês têm de mostrar o talento de vocês para o Brasil. Brilhem”, diz Jarbas, um dos jurados. “Estou aqui para ver a técnica de vocês”, avisa João. “Não tenham medo de mostrar a arte de vocês”, pede Lola.

Captação

Com seis produtoras de casting, Mantoanelli explica que além de receberem inscrições pelo site, a equipe também tem como fonte o Youtube e os bancos de dados de festivais de dança, como o Internacional de Joinville. Além dos grandes talentos da dança, a produção também procura os candidatos mais engraçados, já que o programa oferece o prêmio “Sapatilha de Chumbo”, destinado para aqueles que tiverem a performance mais bizarra.

“Nosso objetivo é divulgar a dança, já que ela é vista como o 'patinho feio' das artes. Torná-la popular e trazê-la para TV é um trabalho muito árduo, pois muitas pessoas que acompanham o programa nunca assistiram a um espetáculo de balé”, explica Mantoanelli. Ele também chama  atenção para outra dificuldade, que é atrair os bons bailarinos para televisão. “Encontramos dificuldade em trazer os grandes talentos, pois eles não querem ser julgados, se expor, têm preconceito com atrações populares.” “Os grandes talentos estão escondidos”, acrescenta João.

RM CIA de Dança participa pela segunda vez

Visibilidade

Bailarino há três anos, Rodrigo Assiny, 29, do grupo RM Cia de Dança, tentou pela segunda vez ser aprovado na atração junto com seus companheiros e surpreendeu a todos quando revelou que “graças à visibilidade do programa" foi convidado para dar aula de dança de rua na Europa. “Eu amo o que faço e quero poder viver dessa paixão. Não tinha contado isso para ninguém, mas como somos aprovados para semifinal, no calor da emoção, quis compartilhar”, conta Assiny, que embarca em breve para República Theca.

Outros grupos também tentaram a mesma sorte, mas não tiveram uma notícia tão agradável. Como a equipe “New Star”, que estava bem tensa nos bastidores -- “Estamos aqui representando nossa cidade, se ganharmos esse prêmio iremos mudar nossas vidas”--, diz um dos integrantes. No palco eles não conseguiram convencer os jurados e foram eliminados da competição.

Avaliação

“Analiso o conceito, a dramaturgia da dança. Quero ver o que a pessoa tem para me contar, o significado daquela expressão artística. Quero ver na dança um pensamento, o movimento precisa me emocionar”, declara Jarbas, sobre sua avaliação. Lola concorda com o amigo, mas acrescenta: “O candidato precisa ter condições de subir no palco, abrir o coração, transmitir sentimentos e cantar com os movimentos. O talento é porcentagem, o resto é trabalho. Já João, conhecido como o mais crítico, declara: “Analiso o conjunto, a coreografia, a técnica, a arte e a execução. A dança precisa conversar com a sua alma.” Com 30 anos de experiência, ele afirma que se sente “confortável no papel de jurado”. “Nunca me arrependi de reprovar ninguém, mas de aprovar sim.”

Casos de Sucesso

João Wlamir fez questão de lembrar-se de John Lennon da Silva, 20 anos, o jovem que o levou às lágrimas no programa. “O John foi contratado pela minha companhia de dança (D.C) e fez uma temporada excelente no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.”
O jovem bailarino ganhou notoriedade ao emocionar o júri do programa com sua mistura do clássico do balé "A Morte do Cisne" com passos de dança de rua.


Se Ela Dança, Eu Danço

Quando: Qua. (12), às 20h15

Onde: SBT

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