Estreante, autora de ''A Vida da Gente'' se diz intimidada com sucesso de ''Cordel''

FÁBIA OLIVEIRA

Do UOL, no Rio

  • AgNews

    Lícia Manzo e Jayme Monjardim na coletiva de "A Vida da Gente", no Rio de Janeiro (13/9/11)

    Lícia Manzo e Jayme Monjardim na coletiva de "A Vida da Gente", no Rio de Janeiro (13/9/11)

A carioca Lícia Manzo, de 46 anos, é a nova aposta da Globo para o horário das seis. É ela quem assina a autoria de "A Vida da Gente", novela que entra no ar, no próximo dia 26, no lugar de "Cordel Encantado". Apesar da experiência na emissora -ela é contratada há 14 anos e começou escrevendo para o humorístico "Sai de Baixo"-, Lícia não esconde que não está tranquila com a estreia, principalmente devido ao fato de entrar no lugar de um sucesso como "Cordel Encantado", escrita por Thelma Guedes e Duca Rachid. "Dá um friozão na barriga. A gente tem que vir com muita força. Há muito tempo não vejo uma novela ser comentada e amada. Com 'Cordel', vi uma coisa que não via há tempos: As pessoas falarem da novela com amor. 'Cordel' é um marco em termos de excelência de produção. É um mérito da novela e da produção toda", analisa.

Lícia conta que, em setembro do ano passado, recebeu um telefonema pedindo que ela escrevesse uma sinopse para uma novela. "A TV Globo me encomendou uma sinopse no ano passado para eles aprovarem ou não. Não foi um convite", garante. Como tinha dois grandes amigos que passaram pelo coma, ela resolveu abordar esse assunto. A tática deu certo e o assunto será abordado de forma leve em "A Vida da Gente" através da protagonista Ana, interpretada por Fernanda Vasconcellos. A tenista vai passar por essa experiência após sofrer um acidente de carro e só acorda cinco anos depois. "Não se trata de uma novela seguindo o estilo do seriado 'E.R'. Estou interessada na repercussão dos laços afetivos dessa personagem", ressalta.

Abaixo, uma entrevista com a autora, que é mestre em Literatura Brasileira formada pela PUC, no Rio de Janeiro.

UOL - "A Vida da Gente" é a sua primeira novela. Está nervosa?
Lícia Manzo -
Estou muito nervosa, lógico. É uma responsabilidade muito grande. Em cada cena que escrevo penso que vai ter alguém vendo e que esse alguém merece ver uma coisa boa e verdadeira. Tenho dado o meu melhor para poder honrar essa oportunidade.

UOL - Estrear depois de "Cordel Encantado", que é um grande sucesso, dá um friozinho na barriga? A novela deu 30 pontos de audiência, com 55 de participação desde o primeiro capítulo até 9 de setembro.
Lícia Manzo -
Dá um friozão na barriga. A gente tem que vir com muita força. Há muito tempo não vejo uma novela ser comentada e amada. Em Cordel eu vi uma coisa que não via há tempos: As pessoas falarem da novela com amor. Cordel é um marco em termo de excelência de produção. É um mérito da novela e da produção toda.

UOL - Você acha que "A Vida da Gente" ser a sucessora de "Cordel Encantado" ajuda ou atrapalha?
Lícia Manzo -
Espero que ajude vir depois dela. Comunicação tende a gerar mais comunicação. É muito bacana para a empresa que ponha no ar um produto de tanta comunicação. Que venham muitos "cordéis encantados" por aí.

UOL - Como surgiu o convite para fazer "A Vida da Gente"?
Lícia Manzo -
Não foi um convite. A TV Globo me encomendou uma sinopse no ano passado para eles aprovarem ou não. Enviei no final de setembro do ano passado.

UOL - E a ideia de abordar o coma?
Lícia Manzo -
Tive dois amigos que entraram em coma. Não quero revelar os nomes, mas foram pessoas com quem eu trabalhei, conheci bem. O coma coloca a gente nessa fronteira fina entre a vida e a morte. Isso me comoveu muito. São duas pessoas jovens, de quem eu gosto muito.

UOL - Mas você não teme abordar um assunto tão profundo quanto o coma em uma novela das seis, que costuma ter uma temática mais leve?
Lícia Manzo -
Não fico receosa de falar do coma no horário das seis. Não se trata de uma novela seguindo o estilo do seriado "E.R". Estou interessada na repercussão dos laços afetivos dessa personagem.  

UOL - A novela vai ter um núcleo cômico também, não vai?
Lícia Manzo -
Vão ter vários núcleos cômicos. A vida mistura drama e comédia. No enterro tem coisas engraçadas, no drama tem algo alegre. Iná, a personagem da Nicette Bruno, é uma senhora libertária, no melhor estilo Leila Diniz. Ela não quer se casar, embora namore há anos com Laudelino, feito pelo Stênio Garcia. A personal Cris, da Regiane Alves, é bem burrona, engraçada. Ela é uma alpinista social e consegue se casar com Jonas, um advogado bem-sucedido feito pelo Paulo Betti. A Nanda, filha mais velha de Jonas interpretada pela Maria Eduarda, tem uma posição crítica em relação a valores e à família também.

UOL - Como você define a novela?
Lícia Manzo -
O escopo da novela é a família que, há tão pouco tempo, se pensarmos historicamente, há pouco mais de 50 anos, era algo rígido, imutável: um pai, uma mãe, filhos, um cachorro... Há muito pouco tempo era um tabu romper essa estrutura. E hoje o que temos: lares desfeitos e refeitos, crianças de diferentes sobrenomes convivendo debaixo do mesmo teto, mães e pais solteiros, enfim, mil formas de configuração familiar possíveis... E quis trazer para o centro da ficção o que estamos experimentando hoje... Penso que, quando falta a tradição, é o amor que legitima todos os laços...

UOL - Então "A Vida da Gente" é uma novela tradicional?
Lícia Manzo -
Inteiramente. Embora aborde novas configurações em família, a novela segue uma  estrutura tradicional, clássica, sem nenhuma pretensão de inovar coisa alguma. Ao contrário. Não seria louca de escrever uma novela sem pagar um tributo a tudo o que me formou. Novela é um gênero. "A Vida da Gente" é um melodrama clássico.

UOL - Como é a sua rotina quando está escrevendo? Você tem uma filha de 12 anos, não é isso? Ela reclama pedindo sua atenção?
Lícia Manzo -
Sim. Tenho uma filha, Clara, de 12 anos. Ela entende meu confinamento. Trabalho em casa e quando paro, minha atenção é toda para ela. Sou separada e fico entre a novela e a Clara.

UOL - Como surgiu essa parceria com o Jayme Monjardim, que é o diretor de núcleo da trama. Você já o conhecia?
Lícia Manzo -
Conhecia e admirava o seu trabalho, naturalmente. E, ao conhecê-lo agora pessoalmente, pude entender a razão do sucesso de tudo o que faz. Além de gentil e democrático, trabalha com paixão e entrega totais. É um poeta das imagens, com muita sensibilidade no trabalho com os atores.

UOL - Você participou da escolha do elenco?
Lícia Manzo -
Claro! E foi um processo harmônico. O Jayme trouxe opções muito boas e o que eu sugeri ele também gostou, enfim, chegamos ao elenco que a gente queria. Tenho o maior orgulho desse elenco. Temos nomes maravilhosos.

UOL - "A Vida da Gente" estreia com quantos capítulos escritos?
Lícia Manzo -
Cerca de 30 capítulos escritos.

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