Odilon Wagner e Nelson Freitas treinam para desbancar "novinhos" no quadro "Dança dos Famosos", do Faustão

CARLA NEVES

Do UOL, no Rio

“Que lindo, Odilon! Você fez mágica!”. É assim que a bailarina Roberta Apratti recebe o ator Odilon Wagner após observá-lo fazer um truque com uma rosa branca artificial no segundo dia de ensaios do ritmo lambada, na última quarta (22), no Projac, complexo de estúdios da Globo na zona oeste carioca. Na ocasião, o UOL acompanhou os ensaios do ator, de 57 anos, e do humorista Nelson Freitas, de 48 - os candidatos mais velhos do time masculino do "Dança dos Famosos". Neste domingo (26), eles competem a lambada com os atores Miguel Roncato, de 18 anos, e Raphael Viana, de 27. Já o rapper MV Bill, de 37, e o ator Guilherme Winter, de 31, que estão na repescagem, só voltam à competição no dia 3 de julho.

Toda vez que entra na sala em que treina os passos para o quadro do “Domingão do Faustão”, Odilon faz uma mágica para a professora. “Você fez mágica comigo, então fiz com você. Estou apavorado com essa lambada!”, avisa Odilon, reclamando da sapatilha que a produção escolheu para ele ensaiar. “Ela machuca o pé para caramba, os dedos. Vou ter que usar isso no domingo?”, pergunta à produção, que, como num reality show, observa e filma todo o ensaio do ator por trás dos espelhos.

Uma vez resolvido o problema da sapatilha –a produção garante que vai pedir um número maior para que ele dance no domingo (26)– Odilon cisma com “Você Não Vale Nada Mas Eu Gosto de Você”, música que o embalará na competição. “Que música é essa?”, pergunta à Roberta, que prontamente responde: “Você não lembra? É a música da Norminha na novela”, diz ela, referindo-se ao papel de Dira Paes em “Caminho das Índias”.

Passada a adaptação com a sapatilha e com a música, Odilon começa a se concentrar no passo básico da lambada. “Isso é sapateado!”, observa Roberta, tentando definir para o ator a essência do ritmo: “A lambada tem aquela coisa da malemolência. Abre e junta! Abre e junta! Abre e junta!”, ensina. Concentrado, ele rapidamente pega o jeito e até implica com a professora, que não perde a oportunidade de entrar na brincadeira. “Não é ‘Coisinha de Jesus’ não!”, alerta a bailarina, aos risos.

Em outra sala, o humorista Nelson Freitas também ensaia a lambada ao lado de Carol Agnelo. Ao som da música “É o Amor”, de Zezé Di Camargo e Luciano, a dupla dá início ao treino. De repente, eles são surpreendidos pela visita do coreógrafo Sylvio Lengruber, que dá exemplos de como eles podem desenvolver a coreografia para o domingo. “Pensei que fosse me sair melhor na lambada, porque é da minha juventude, mas está difícil para cacete”, declara Nelson.

Apesar de brincar e contar histórias engraçadas durante quase todo o ensaio, Nelson presta atenção às dicas de Sylvio, que pega Carol pela cintura e mostra ao humorista como quer que ela faça a coreografia. Atento e, um pouco mais sério, ele observa a explicação e treina o passo básico da lambada até o final da aula. Após deixar o estúdio, bem-humorado, ele declara: “Estou aqui até eles descobrirem que eu sou uma farsa”, brinca, aos risos.

“Eu recomendaria essa experiência para todo mundo”, diz Odilon Wagner
Odilon Wagner confessa que, desde que começou a ensaiar o quadro, está vivendo à base de remédios para dor. “O joelho dói, o quadril que está fora do lugar também. Mas não interessa. É um prazer! Eu recomendaria essa experiência para todo mundo. Vai fazer dança de salão, vai dançar. Porque é muito gostoso, vibrante, mexe com todos os nossos sentidos, dá uma sensação de autoconfiança”, analisa ele, acrescentando que dançar também serve como terapia. “Dançar esvazia a cabeça, tira os lixos que a gente fica botando na mente. É maravilhoso, incrível!”, completa.

Dançar esvazia a cabeça, tira os lixos que a gente fica botando na mente. É maravilhoso, incrível!

Odilon Wagner, ator

Acostumado a viver personagens sisudos na TV, ele conta que através do quadro tem tido a chance de mostrar um lado mais solto e bem-humorado. “Não imaginei que fosse me soltar porque nem sabia que era preso [risos]. Estou descobrindo isso agora. Porque dançar num salão é totalmente diferente de dançar com uma profissional. Você pega, levanta, encaixa. Começa a usar músculos que nem sabia que existiam. Aí que você vê como é travado, duro”, conta.

Odilon acredita que o quadro tem sido ótimo para aproximá-lo do público. “Essa tem sido a parte mais bacana. As pessoas ficam encantadas. Porque elas confundem um pouco o personagem com o ator. Isso tem sido a grande revelação para o público. Recebo e-mails, mensagens no Facebook: ‘nossa, que coisa! Não sabia! Você é muito divertido. Não conhecia esse seu lado, estou adorando!’”, conta ele, lembrando de um motorista de ônibus que, dia desses, buzinou sem parar ao vê-lo na rua. “Estava dirigindo e comecei a ouvir um barulho de buzina. Quando olhei para o alto, era o motorista do ônibus gritando e fazendo sinal de positivo para mim”.

“Meu Deus, o quê que eu tô fazendo aqui?”, diz Nelson Freitas
Embora esteja se saindo bem na “Dança dos Famosos”, o humorista Nelson Freitas admite que já pensou por que aceitou participar do quadro. “Acho que todo mundo que entra para fazer o ‘Dança’ chega num ponto que pensa: ‘meu Deus, o quê que eu tô fazendo aqui?’. Mas é válido”, conta o comediante, aos risos.

  • André Durão/UOL

    Nelson Freitas ensaia lambada no Projac, na zona oeste do Rio (22/6/2011)

Assim como Odilon, Nelson –que até agora já dançou disco e forró na competição– diz que, desde que começou a participar do quadro, tem sentido dores no corpo inteiro. “Agora está um pouco pior [risos]. Mas estou fazendo quiropraxia e ginástica funcional para fortalecer o que estou precisando. Tem funcionado. Às vezes dói mais, às vezes dói menos. Não tem jeito. Depois dos 40 anos, se algum dia você acordar sem dor é porque você morreu”, afirma, fazendo piada.

Nelson conta que a dor aparece mesmo no dia seguinte ao ensaio. “Na hora que saio do treino, o corpo ainda está quente, então não sinto dor. Ela vem no dia seguinte”, observa ele, que deixou até de jogar a pelada semanal com os amigos para se dedicar ao quadro. “Estou muito dedicado e tomado para isso. Não especialmente para vencer, porque sei que não tenho chance. É uma questão de tempo”, acredita.

Sempre bem-humorado, ele diz que tem usado o humor para driblar os momentos de dificuldade que passa no quadro. “Desde que me entendo por gente, quando estou me sentindo acuado ou numa situação difícil, é natural que eu parta para uma coisa mais humorada. Para quebrar o gelo de uma reunião, de uma conversa, de uma situação. Para mim o humor é quase uma defesa. Se tem funcionado eu não sei”, diz.

  • André Durão/UOL

    O coreógrafo Sylvio Lengruber ensina passos de lambada a Nelson Freitas no Projac (22/6/2011)

“Cada um deles nos dá um caminho diferente a seguir”, diz Sylvio Lengruber
Responsável pela coreografia de cada um dos participantes do “Dança dos Famosos”, Sylvio Lengruber afirma que o ideal é que os famosos estejam soltos, confiantes e realizando um belo show. “Cada um deles nos dá um caminho diferente a seguir. Uns têm capacidade de trabalhar mais com o braço, outros com a perna. Uns são mais velozes, outros mais lentos. Então dependendo da característica de cada um, a coreografia toma um rumo diferente, mesmo dentro de um mesmo ritmo”, explica.

Sylvio conta que toda semana reúne-se com os bailarinos dos famosos para que eles discutam a coreografia. “A gente conversa antes de cada ritmo. A partir do segundo e do terceiro ritmos, a gente já consegue entender quais são os melhores caminhos para obtermos um resultado o mais próximo possível do ideal no domingo”, conta.

Até agora, ele afirma que não saberia apontar o candidato que, na opinião dele, tem mais chance de ganhar. “Ainda está muito cedo para isso”, despista. Mas ele acredita que alguns famosos ainda podem surpreender e virar o jogo. “Em 2005, por exemplo, quando o Rodrigo Hilbert começou a competição, o primeiro ritmo dele foi muito ruim. Mas ele teve uma garra absurda, uma evolução muito grande e acabou vencendo”, lembra.

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