"A Nossa Senhora das Oito [Janete Clair] vai nos abençoar", diz autor da adaptação de "O Astro"
CARLA NEVES
Do UOL, no Rio
Na manhã desta terça-feira (21), o elenco, a direção e os autores de “O Astro” se reuniram no Projac, zona oeste do Rio, para apresentar à imprensa a nova série da Globo, que estreia dia 12 de julho em comemoração aos 60 anos da teledramaturgia brasileira. Antes de apresentar um clipe de 12 minutos com um compacto da produção, o autor da adaptação, Alcides Nogueira, e o diretor de núcleo, Roberto Talma, falaram sobre a releitura da obra de Janete Clair, exibida em 1977 na emissora. “Acho que a Nossa Senhora das Oito, lá no céu dos dramaturgos, vai nos abençoar. Dia desses, encontrei a Beth Savalla [Elizabeth Savalla] e ela disse que tinha sonhado com a Janete [Clair] e ela tinha dito: ‘vocês estão no caminho certo’. Se nós errarmos eu boto a culpa na Savalla”, discursou Alcides, aos risos, sendo complementado por Talma. "A gente estava com saudade da Janete. Tenho certeza de que ela está olhando por nós”, afirmou o diretor de núcleo.
Vamos manter os mistérios da novela, como o ‘Quem matou Salomão Hayalla’ e o turbante de Herculano Quintanilha. Porque é uma série, mas tem feeling de novela
Mauro Mendonça Filho, diretorQuem também reviveu as emoções e foi só elogios a Janete Clair foi Francisco Cuoco, que deu vida ao personagem Herculano Quintanilha, o Astro, na versão original da trama. “Vim aqui hoje para passar o bastão para o Rodrigo, o novo astro. Acho que ele foi bem escolhido. Tenho certeza de que o Herculano está em boas mãos. Desejo muito sucesso para ele”, afirmou o ator, referindo-se a Rodrigo Lombardi, que interpretará o protagonista da história na nova versão. Cuoco também fez questão de elogiar o trabalho da dramaturga. “A Janete estava à frente do tempo dela. Falar sobre ‘O Astro’ é reviver alegrias e sentimentos bons. Sinto-me recebendo uma grande homenagem”, declarou ele, que faz uma participação na trama como Ferragus, sujeito que Herculano conhece na cadeia e lhe ensina a arte do ilusionismo.
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Lombardi será Herculano Quintanilha, papel vivido por Cuoco na versão original da trama
Lombardi não ficou para trás na troca de elogios e contou que Cuoco foi um “gentleman” com ele. “Ele me deixou muito à vontade para seguir meu caminho”, afirmou Lombardi, acrescentando que não quis ver o trabalho de Cuoco na novela “O Astro”. “Quando peguei para ver, desisti porque era bom demais e não queria me contaminar com a interpretação dele”, elogiou Lombardi, que teve aulas com mágicos de verdade para poder executar os truques de Herculano diante das câmeras.
A trama gira em torno da história de Herculano, sujeito que sempre viveu de golpes até ser preso. Na cadeia, ele aprende sobre astrologia, vidência telepatia e mágica com o velho Ferragus e, através desse arsenal, ele sobe na vida exercendo influência sobre a poderosa família Hayalla. A escolha de Francisco Cuoco para viver Ferragus, o mentor de Herculano na história, partiu do autor Geraldo Carneiro. "Queria um mentor de ceticismo, de cinismo. E logo pensamos no Cuoco", lembrou o autor, dizendo que a releitura é muito parecida e muito diferente da história de Janete Clair. "Os marcos da história estão lá, mas a forma de contá-los é diferente", completou.
A atriz Regina Duarte, que vai interpretar a personagem Clô Hayalla, também falou sobre a oportunidade de interpretar o papel que coube à atriz Tereza Rachel na novela de Janete Clair. “Para mim esse papel é um presente lindo que estou ganhando. Na obra da Janete tem tudo: imaginação sem fronteiras, mistério, amor, ódio, paixão, o ser humano inteiro”, elogiou a atriz, que vai contracenar com o ator e diretor Daniel Filho, intérprete do famoso Salomão Hayalla.
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Alinne Moraes será Lili no remake
Alinne Moraes, que vai interpretar a manicure Lili, uma espécie de "Angelina Jolie da Penha" em "O Astro", também falou sobre a expectativa para a estreia da série e confessou que sua personagem é completamente diferente dela. "A Lili é uma outra 'vibe'. Ela mora no subúrbio, é manicure, depois vira caixa de mercado, dirige táxi. Ela quer ter a independência dela. Acaba se apaixonando pelo Márcio [papel do Thiago Fragoso] , mas não sabe se aquilo é amor ou paixão", adiantou a atriz, que não quis assistir à novela de Janete Clair. "Vi pouquíssimas coisas no YouTube. São duas Lilis diferentes. A independência da Lili dos anos 70, que era a Elizabeth Savalla, era a calça jeans e o decote. A de hoje, da Vila da Penha, é a do shortinho 'Vou não, quero não, minha mãe não deixa não'", comparou, aos risos.
Com 60 capítulos, a série –apesar de ser uma releitura – não vai deixar de recapitular fatos que marcaram a novela homônima da década de 70. É o que garante Mauro Mendonça Filho, diretor geral da produção. “Vamos manter os mistérios da novela, como o ‘Quem matou Salomão Hayalla’ e o turbante de Herculano Quintanilha”, garantiu ele, que definiu a série como uma “macrossérie com um pé na novela". "Porque é uma série, mas tem feeling de novela”, justificou.