Aos 60 anos, Sônia Braga é a mesma mulher sedutora que encantou o mundo em "Gabriela, Cravo e Canela" em 1983. A atriz ficou marcada pelos papéis com altas doses de sensualidade não só no cinema nacional, como em "Eu Te Amo", de Arnaldo Jabor, como também em produções estrangeiras - quem não se lembra de Sônia em sua aparição icônica em "O Beijo da Mulher Aranha"? Ao comentar sua participação no seriado americano "Brothers & Sisters", que vai ao ar nesta quarta-feira (6) às 23h no Universal Channel, a atriz revelou que ser dirigida por Matthew Rhys – que interpreta Kevin Walker na série – foi um prazer. “Você quer saber se rolou um clima de amor? Sempre... Existe melhor clima que esse? Ele é lindo, divertido e muito talentoso”, diverte-se.

Sônia faz uma participação especial na série como a mãe de Luc (Gilles Marini), Gabriela (o nome escolhido para a personagem está longe de ser uma mera coincidência), que chega provocando um estrago na família Walker. A princípio, sua aparição estava programada para apenas um episódio, mas parece que o beijo que a personagem portuguesa roubou de Justin (Dave Annable) – dentre outras situações embaraçosas - foi tão comentado, que a atriz voltou aos sets para gravar o último episódio da temporada.

“Gravei nesta semana outra participação para dar um desfecho à temporada. Mas a história não teve um final fechado, pode ser que eu volte um dia. Quem sabe...”, revelou. De Nova York, onde mora, a atriz falou por telefone ao UOL  e explicou o que a leva a escolher um papel atualmente. Além disso, ressaltou a importância da sedução em seus personagens, inclusive na TV americana - além de "Brothers & Sisters", Sônia já participou de "CSI: Miami", "Ghost Whisperer", "Alias", "Law & Order", e encarnou a caliente namorada de Samantha em "Sex & The City".

UOL- Como foi o convite para participar da série?
Sônia Braga - “Eu já havia participado de 'Alias’ e a equipe de ‘Brothers & Sisters’ é praticamente a mesma, entre produtores e diretores. Fui convidada para fazer uma participação especial, mas a personagem originalmente deveria ser francesa. Como todo mundo sabe que sou brasileira, preferiram mudar a nacionalidade dela para portuguesa, que vive na França, para não causar distração na história”.
 

UOL- E a escolha do nome da personagem? Gabriela Laurent faz referência a ‘Gabriela, Cravo e Canela’?
Sônia Braga - “Os roteiristas da série conhecem meus trabalhos anteriores, então acredito ter sido uma homenagem a minha ‘Gabriela’ mais famosa”.

UOL - Qual o seu critério de escolha para os trabalhos hoje em dia?
Sônia Braga - “Para falar disso, preciso voltar à época de ‘Dona Flor e Seus Dois Maridos’. Minha carreira nos Estados Unidos vem sendo trabalhada desde os anos 1970. Não aconteceu de repente. Gosto de personagens sedutores.

UOL - Seus personagens costumam ser quentes...
Sônia Braga - “A Gabriela não só flerta com o Justin, como arranca um beijo dele. Adoro personagens que entram para apimentar a trama, seja no cinema ou na TV. Vim ao mundo para apimentar as histórias; é essa a minha função”.

UOL - E a sedução é uma característica fundamental?
Sônia Braga - “A mulher tem que ser sedutora da maneira que for. Não precisa de maquiagem. Já fiz personagem suja de barro que seduzia. Isso precisa estar presente em qualquer personagem, senão não tem graça. Eu sempre me inspirei muito nas mulheres dos anos 1940. Elas seduziam com o olhar, com a expressão. Não gosto de diálogo, gosto de falar com a imagem. Acho que uma boa representante desta arte na nova geração é a Camila Pitanga. Ela faz isso direitinho”.

UOL - Fã de séries? O que vê na TV atualmente?
Sônia Braga - “Adoro TV. Vejo muitas séries, mas amo ‘Dexter’. Adoro o ator, o roteiro, os personagens. E passei a gostar mais ainda quando soube que o Michael (C. Hall) era casado com a Jennifer Carpenter na vida real. Não acredito que eles terminaram! Eu não brigaria com o Dexter nunca! (risos)”.  

UOL - Em "Brothers & Sisters", existem dois casais gays. Na TV brasileira, o beijo gay ainda não aconteceu. O que você acha disso?
Sônia Braga - “Estamos em 2011. Não estamos nos anos 1950. Parece um pesadelo ainda termos que debater sobre isso, porque é um assunto tão natural. Os americanos são extremamente pudicos e já aceitam isso. Brasileiros, que são conhecidos como liberais não aceitam? Ainda se pode ficar nua no cinema? Ou virou um escândalo também? Eu me sinto a Hedy Lamarr (atriz que ficou conhecida por aparecer nua em ‘Ecstasy’, de 1933)”.