Kate Winslet vive mãe solteira em minissérie ambientada nos anos 30, que estreia domingo, na HBO

ANA MARIA BAHIANA

Especial para o UOL, de Los Angeles

Cenas de "Mildred Pierce", minissérie com Kate Winslet
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Fã de longa data do filme “Mildred Pierce”, de Michael Curtiz, com Joan Crawford no papel título, o diretor Todd Haynes (“I’m Not There”, “Longe do Paraíso” e “Velvet Goldmine”) começou a ler o livro homônimo de James Cain por conselho de um amigo escritor.  “Ele sempre me dizia que eu não sabia o que estava perdendo ignorando o texto original”, diz Haynes. “Ele nunca tinha visto o filme porque, dizia, não queria ver o que tinham feito com uma história tão forte.”

De fato, o filme de 1945 tomara várias liberdades com o livro de Cain, reduzindo tramas, sumindo com personagens e, principalmente, mudando drasticamente de tom. Um drama familiar se transformou num noir bem ao gosto da época e o assassinato do playboy Monty Beragon --que não existe no livro— virou o ponto central da história.

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Somos mães de um par de filhos, trabalhando e tentando manter o equilíbrio entre todos os aspectos de nossas vidas de mulher.

Kate Winslet, comparando sua personagem, Mildred Pierce, com sua vida real

“Cain ficou furioso com o filme”, diz Haynes. “A Warner tinha transformado a história num policial. A personagem de Veda (filha mais velha de Mildred) tinha virado uma cantora de baladas em vez de uma diva do canto lírico. Cain era um fã de música clássica e ficou particularmente enfurecido com esta mudança.”

Haynes começou a ler o livro de Cain em 2008, “quando os primeiros sinais da crise econômica estavam no ar.” A relação entre as duas épocas imediatamente chamou sua atenção. “Aqui estava eu já sentindo os primeiros sintomas de uma recessão, e lendo sobre uma mulher em Los Angeles que, em plena Grande Depressão dos anos 1930, se vê sozinha, com duas filhas para criar, tendo que abrir caminho por si mesma.”

Ao descobrir que não havia crime no livro, Haynes ficou ainda mais empolgado. “Isso redefinia tudo. Eram duas histórias diversas. Continuava amando o filme --grande direção de Curtiz, espetáculo de desempenho de Joan Crawford. Mas ainda havia uma história para ser contada, que não era a do filme. Eu jamais me interessaria em uma releitura do filme. Não há necessidade para isso. Mas recuperar o texto original sim, me interessava muito.”

O resultado estreou no último dia 27 nos EUA e no Brasil estreia neste domingo (3): a minissérie “Mildred Pierce”, da HBO, adaptação do livro de James Cain em cinco episódios, é filmada com grande atenção ao detalhe nos bairros que, em Los Angeles, ainda mantém a arquitetura marcante dos anos 1930.

No papel que rendeu um Oscar a Joan Crawford, Kate Winslet é a destemida Mildred Pierce que põe o marido infiel para fora de casa no primeiro episodio e, em rápida sucessão, emprega-se como garçonete, aprende os truques do business de restaurantes, cria uma superbem sucedida franquia, namora um playboy arruinado (Guy Pearce) e cria duas filhas, uma das quais, Veda (Evan Rachel Wood) torna-se uma grande dor de cabeça e uma diva da ópera, não necessariamente nessa ordem.

“Mildred, na visão que Todd trouxe para minissérie, é uma mulher completa”, diz Winslet. “Ele é mãe, mulher de negócios, está no controle de sua vida sexual, sem perder seu rumo. Mas não é uma super mulher, um modelo de perfeição. Ela tem aspectos conflitados, antipáticos até. E isso a torna ainda mais interessante para mim, como atriz.”

Apesar da distância no tempo e espaço –Mildred vive na Los Angeles dos anos 1930 e Kate habita o eixo Nova York-Londres no século 21– Winslet sentiu uma enorme identificação com a personagem. “Somos mães de um par de filhos, trabalhando e tentando manter o equilíbrio entre todos os aspectos de nossas vidas de mulher.”


"MILDRED PIERCE" (ESTREIA)
QUANDO: DOMINGO, DIA 3/4, ÀS 21H
ONDE: HBO

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