"Não cultivo esse mundo de celebridades, é tudo muito bobo", diz o ator Eduardo Lago
PopTevê
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Divulgação/Record
Eduardo Lago (à esq.) e Vitor Facchinetti em cena de "Ribeirão do Tempo" (18/2/11)
É comum que a imagem de um ator venha associada da fama. Principalmente com aqueles que atuam na TV, mas Eduardo Lago gosta de se colocar longe disso. Quando não está dentro do estúdio gravando, o intérprete do Lincon, de "Ribeirão do Tempo", leva uma vida bem mais simples. Mora em uma casa em Petrópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, onde cuida de uma horta com tomates e alface. "Minha vida é completamente fora desse circuito de luzes. Meu trabalho é esse, mas eu ando de ônibus, pego táxi, ando a pé. Não cultivo esse mundo de celebridades, é tudo muito bobo", opina.
Talvez, por isso, tenha hesitado um pouco antes de estrear na televisão. Envolvido com teatro desde os 18 anos, Eduardo teve sua primeira oportunidade de conhecer um set de gravação depois de fazer a peça "Tempestade", no Parque Lage, no Jardim Botânico, no Rio. "Não planejava. Naquela época, ninguém queria fazer TV. O negócio era fazer teatro", recorda ele, que estreou em "Final Feliz", exibida entre 1982 e 1983 pela Globo. "Depois que você vai amadurecendo, vai vendo que esse preconceito é uma palhaçada", ressalta. "Claro que o teatro exige coisas diferentes do ator, mas a TV exige uma certa agilidade", completa.
Como, na trama, Eduardo interpreta um jornalista, acaba também exercitando a rapidez. Afinal, o personagem é agitado e está o tempo todo querendo ficar por dentro do que está acontecendo. "Ele está sempre ligado e é um papel muito dinâmico. Isso que me atraiu", anima-se. Na história, Lincon é sócio do jornal da fictícia cidade da novela ao lado de Nicolau, vivido por Heitor Martinez. Mas ele só se uniu ao maquiavélico senador por questões financeiras. Além disso, carrega um passado dramático. Na época da ditadura militar, foi preso e torturado por Ajuricaba, de Umberto Magnani. E, até hoje, os dois vivem às turras. Principalmente porque o filho de Lincon namora a filha de Ajuricaba. "Eles têm essa birra, essa eterna luta", conta.
Apesar da novela ter uma abordagem política, Eduardo acredita que a linguagem leve aproxima mais o público. Pelo menos, é isso que ele percebe quando é abordado nas ruas. "As pessoas querem saber, se divertem, torcem. A novela tem uma leveza que há muito tempo não se vê em teledramaturgia. Não tem aquele peso dos crimes, de assassinatos", avalia. O trabalho de composição do ator também vai pela linha da simplicidade. Para Eduardo, a melhor maneira de entender o personagem é seguindo a própria intuição. Por isso, ele dispensou laboratórios para criar Lincon. E nem quis pegar algumas referências com o irmão, que é jornalista. "O ator, quando faz um bêbado, não precisa virar um alcoólatra. Você vai olhando, observando", explica. "O meu personagem manipula ideias, vive ligado, atento", complementa.
Com sucessivos papéis na TV desde 1982, Eduardo não tem dúvidas ao eleger a novela que mais gostou de fazer: "Ribeirão do Tempo". O trabalho começou bem antes da estreia, que aconteceu em maio de 2010. Cerca de sete meses antes, a pré-produção já tinha sido iniciada. "Apesar de ser uma novela trabalhosa, é a que mais tenho prazer em estar", garante ele, que é contratado da Record desde 2007, quando viveu o Luís Guilherme de "Caminhos do Coração". Antes disso, trabalhava na Globo, onde atuou em tramas como "Páginas da Vida", "Mulheres Apaixonadas" e "Como uma Onda", entre outras. A mudança de emissora, aliás, foi algo que empolgou o ator. "Achei bacana poder entrar em outro canal. Você abre um mercado novo", finaliza.
(Por Luana Borges)