Documentário do canal SescTV mostra nova abordagem sobre a Guerra de Canudos
Da Redação
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Reprodução/SescTV
Documentário inédito "Vozes da Guerra" mostra uma nova abordagem sobre a Guerra de Canudos; program será exibido nesta segunda (22), à 20h, no SescTV
O que, de fato, levou o exército brasileiro a praticar um genocídio na Guerra de Canudos? Onde estavam os negros libertos no momento da Guerra? O que aconteceu com as crianças de Canudos? Quais sãos as verdadeiras questões da República que se formava com a Guerra? Como foram essas batalhas não só pelo lado do exército, mas também dos revoltosos? E o que sobrou de Canudos 114 anos depois da Guerra? Essas e outras perguntas serão respondidas na forma de depoimentos de estudiosos do tema no documentário inédito "Vozes da Guerra", que o SescTV exibe nesta segunda-feira (22), às 20h.
A produção pretende trazer uma nova abordagem para as mentes de leigos e estudiosos do assunto a partir do aprofundamento do capítulo “A Luta” do livro ”Os Sertões”, de Euclides da Cunha. Com direção e roteiro de Cristina Fonseca, o especial traz a ótica dos vencidos que ainda não haviam se manifestado em programas sobre o tema: a terceira geração de familiares dos jagunços, dos negros quilombolas do povoado Tanque das Nações e de Zumbi de Baixo, dos índios Kiriris de Mirandela e dos índios Kaimbés de Massacará, além dos caboclos descendentes diretos de conselheiristas.
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Augusto de Campos faz considerações sobre o livro "Os Sertões" e a prosa brasileira no documentário "Vozes da Guerra"
Gravado de abril a junho de 2010, na região de Canudos (BA), em película e HD, "Vozes da Guerra" é pontuado por textos de Euclides da Cunha inscritos sobre imagens atuais e de fotos de época da guerra. Apresenta também material iconográfico raro, como a única foto existente de Antônio Conselheiro antes de virar beato, ou ainda do jaguncinho Ludgero Prestes, entregue para Euclides da Cunha como brinde de Guerra. “ É um docudrama que recria, com os próprios caboclos da região, um simulacro do que eram as famosas rezas na boca da noite e os ofícios de madrugada de Antônio Conselheiro, além das movimentações em batalhas pelo lado dos revoltosos”, conta Cristina.
O documentário tece ainda um paralelo sobre a influência do livro na arte, na literatura e no cinema brasileiro por meio de depoimentos de grandes escritores e artistas como: Rogério Duarte, designer e mentor do Tropicalismo, que fala da influência desse livro na obra de Glauber Rocha; o professor João Adolpho Hansen, de Teoria Literária da USP, que comenta a relação do livro de Euclides da Cunha com Grande Sertão Veredas de João Guimarães Rosa; Décio Pignatari, que fala sobre o livro e seu destino multimídia, além da relação dessa obra com a antropologia e com América Latina; e Augusto de Campos, que faz considerações sobre o livro “ Os Sertões” e a prosa brasileira.
Conhecida também como Campanha de Canudos, a Guerra de Canudos foi fruto de uma série de fatores, como a grave crise econômica e social pela qual passava o interior do estado da Bahia, que culminou em uma série de batalhas, ocorridas en 1896 e 1897. historicamente caracterizada por latifúndios improdutivos, secas cíclicas e desemprego crônico. Milhares de sertanejos partiram para Canudos, cidadela liderada pelo peregrino Antônio Conselheiro, unidos na crença numa salvação milagrosa que pouparia os humildes habitantes do sertão dos flagelos do clima e da exclusão econômica e social.
"VOZES DA GUERRA"
Onde: SescTV (Canal 3, da Sky, e Canal 137, da NET Digital)
Quando: Segunda-feira (22), às 20h