Sucesso de "Mad Men" mostra que dá para ser elegante na tevê

  • Divulgação

    Henry Francis (Christopher Stanley) e Betty Francis (January Jones) no 1º episódio da 4ª temporada de "Mad Men" (2010)

    Henry Francis (Christopher Stanley) e Betty Francis (January Jones) no 1º episódio da 4ª temporada de "Mad Men" (2010)

Los Angeles (EUA), 16 out (EFE).- Muitos classificaram sua ideia de besteira, de quem não sabia nada sobre televisão, mas o tempo mostrou que o produtor Matthew Weiner estava certo, já que sua série "Mad Men" faz um enorme sucesso e impõe seu estilo dentro e fora das telas.

Sem nenhuma sombra de dúvida, a série é a principal atração entre os dramas televisivos nos Estados Unidos. Desde sua estreia em 2007, "Mad Men" já foi exibida em mais de 142 países, glorificando seus personagens humanos e tramas que, como a boa comida, é cozida em fogo brando.

Atualmente, "Mad Men" está em fase de produção de sua quinta temporada, prevista para estrear somente em 2012. "Uma das razões pelas quais ninguém queria fazer o programa é porque pensavam que esse tema nunca seria vendido fora dos EUA", lembrou Weiner em entrevista à Agência Efe, em Hollywood.

"Agora a série está em todas as partes e é muito popular", completou Weiner, que ainda se surpreende com a aceitação de seu projeto. A elegante abordagem dos anos 60 e o espaço aberto para outras produções, como "Pan Am" e "The Playboy Club", também é motivo de orgulho para o produtor.

"Sinto-me extremamente realizado. É um prazer para mim porque todas as pessoas estão fazendo esses programas haviam rejeitado o meu projeto. Disseram-me que nunca iria funcionar, que era uma bobagem e que eu não entendia nada de televisão. Agora, com essa situação, estão admitindo que eu tinha razão", explicou o sorridente Weiner.

O caso é que na primeira impressão "Mad Men" pode parecer um drama de época difícil de ser digerido, protagonizado por homens de negócios, machistas, ambiciosos, fumantes, de terno e gravata, infiéis e rodeados de mulheres. Mas, por trás das aparências, há um drama silencioso que relata uma complexa mudança social.

"Estou fazendo uma autópsia do mundo empresarial americano", explicou Weiner, afirmando que a série exerce uma verdadeira autocrítica de seu país. "A série é ambientada nos anos de nosso maior 'glamour', a imagem mais positiva que os EUA ofereceram ao mundo. Assim, a série tenta encontrar o que foi feito de errado", apontou o roteirista e produtor.

Uma dos pontos fortes de "Mad Men", que atualmente ultrapassa o limite da TV e serve de fonte de inspiração no universo da moda é sua sofisticação e apreciação do espectador. Segundo o roteirista, sua série acaba contrariando o recorrente hábito das emissoras de agrupar o maior número de espectadores possível em torno de um "denominador comum cada vez mais baixo".

"'Mad Men" e "Família Soprano" mudaram a forma de a indústria avaliar onde está o sucesso comercial de um programa de televisão. Antes, ninguém queria me pagar por isto", afirmou o executivo, que também foi roteirista e produtor da série "Família Soprano".

Weiner admitiu que ficou feliz com o polêmico final dado a "Família Soprano", o mesmo que decepcionou muitos fãs por não apresentar uma conclusão clara, algo que "só David Chase (criador da série) pode fazer", disse.

"Foi um final de 'rock and roll'. Senti como se David Chase estivesse quebrando sua guitarra no palco. O clássico 'mandar tudo à m.' do rock and roll", declarou Weiner, que apostará em outro estilo depois do final de "Mad Men" na sétima temporada.

"Para mim é literalmente como fazer uma sobremesa. Porém, quero ter o perfeito conhaque, a coisa mais pura que deixe um sabor na boca, mas dentro dos parâmetros da série. Não me sinto na obrigação de surpreender", concluiu.

UOL Cursos Online

Todos os cursos