Para Glória Perez, "Dupla Identidade" abriu caminho para séries do gênero

Flávio Ricco
Colunista do UOL
Divulgação
Glória Perez, autora de "Dupla Identidade"

A Globo exibe nesta sexta-feira (19), logo depois do "Globo Repórter", o último episódio da série "Dupla Identidade". Depois de um começo complicado, a produção conseguiu reagir e chega ao fim com bons índices de audiência, porém, ainda sem uma definição sobre segunda temporada. "Depois das festas isso se define", avisa a autora Glória Perez, em entrevista à coluna, que declara também que seria "bem interessante" uma mulher protagonizar a próxima edição. Confira a íntegra da entrevista.

Flávio Ricco - Qual sua avaliação sobre a série e o desempenho dos protagonistas?
Glória Perez - "
Dupla Identidade" cumpriu sua missão. Trouxe para a TV aberta um gênero até então restrito à TV fechada e apresentou aos telespectadores novas personagens da vida real: o serial killer e o caçador de mentes. Tivemos o Donato Meireles, personagem do Dias Gomes em "As Noivas de Copacabana", mas o foco, ali, não era a mente do serial killer. E a polícia era a polícia comum brasileira, que não incluía essa atividade muito nova, instituída pelo FBI depois do caso Ted Bundy (um dos mais famosos e temidos assassinos em série dos EUA): a dos psiquiatras e psicólogos forenses que se especializam em decifrar "assinaturas" de serial killers para poder descobrir sua identidade. O caminho está aberto, e penso que podemos investir em muitos seriados do gênero. Missão cumprida.

Além do time principal – Bruno Gagliasso, Luana Piovani, Débora Falabella e Marcelo Novaes - quem mais a senhora destacaria desse elenco? Quem chamou a sua atenção?
Olha, eu tive tantas boas surpresas com o elenco de "Dupla Identidade", que prefiro não citar nomes - acabaria sendo injusta com alguém. Mas posso te dizer que descobri atores com quem vou gostar muito de trabalhar de novo.

A direção conseguiu captar fielmente a proposta?
Com certeza. A ideia era buscar uma estética internacional, contar a história num cenário que poderia ser qualquer lugar do mundo. Maurinho [o diretor Mauro Mendonça Filho] encontrou esse Rio de Janeiro que foge do cartão postal. Outra preocupação era sair do estereótipo da polícia brasileira. Mostramos uma polícia brasileira que existe, sim, mas não costuma ser retratada na nossa dramaturgia. Foi uma direção primorosa, só tenho elogios para Mauro Mendonça Filho e René Sampaio. Inovaram no visual sem fugir do roteiro nem das propostas da série.

Do ponto de vista comercial, no seu entendimento, o mercado brasileiro ainda precisa aprender a olhar para essas produções, não ter medo, por exemplo, de associar seus produtos a uma série protagonizada por um serial killer?
As melhores e mais bem sucedidas séries policiais, feitas não só nos EUA, mas em muitos outros países, são protagonizadas por serial killers, porque esse é um tipo de personalidade que se presta muito à dramaturgia. Nunca ouvi falar de qualquer resistência da área comercial a elas.  Nem aqui, nem em canto nenhum.

Haverá uma segunda temporada de "Dupla Identidade"? Falou-se que a senhora não vai escrever, por causa de outros compromissos, mas supervisionar. Existe essa possibilidade?
Todos querem essa segunda temporada, a ordem das novelas foi mudada em função dessa possibilidade. Mas existem questões práticas a serem resolvidas: disponibilidade de atores, etc. Depois das festas isso se define.

Como a senhora avalia a possibilidade de uma mulher assumir o papel de serial killer numa possível segunda temporada?
Seria bem interessante, até porque toda essa quantidade de séries sobre o assunto tem mostrado mais serial killers homens. Serial killers têm características comuns a todos eles, é como escrever sobre caubóis, eles terão sempre traços marcantes dos quais não se pode fugir. Uma mulher seria uma boa ideia, porque traria outras nuances.

Sempre que falamos de "Dupla Identidade" na coluna, os leitores reclamam – e muito - do horário de exibição. O horário prejudicou a performance de audiência?
Como se pode ver, estamos muito bem de números. Posso ver que a maior parte das pessoas grava ou vê pela internet, em hora mais conveniente. Hoje, o controle de como e quando assistir um programa passou para a mão do telespectador.

Quais seus próximos passos profissionais a partir de agora?  A senhora volta a escrever novelas?
Os próximos passos? Férias e só depois começar a pensar em trabalho!

 
*Colaboração José Carlos Nery
 
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