"'BBB' é mais glamouroso", diz ator brasileiro que entrou no "Gran Hermano"

Felipe Pinheiro
Do UOL, em São Paulo
Arquivo Pessoal/@amablephoto
João Compasso entrou como um personagem "Gran Hermano Vip" após ser selecionado em um teste

O pernambucano João Compasso, que entrou no "Gran Hermano Vip" – versão espanhola do "Big Brother" com celebridades - vivenciou uma experiência parecida pela que passam os participantes do "BBB" a cada ano, desde 2002: conseguiu uma vaga na casa e, alçado à fama, se deparou com o assédio de sua exposição. As semelhanças, no entanto, terminam por aí.

Formado em artes cênicas, João entrou no confinamento como um personagem, que deveria convencer os colegas de que era um brother selecionado para o programa em uma suposta ação de intercâmbio entre o "Gran Hermano Vip" e a atual edição do "BBB". Em entrevista ao UOL, ele conta que nunca sonhou em entrar num reality show e atribui sua participação a um papel conquistado após um teste de elenco.

"Sou ator e surgiu a possibilidade de fazer esse casting. Tive pouco tempo para fazer esse personagem, então utilizei as minhas próprias experiências para torná-lo um pouco mais profundo e real", afirma. Segundo ele, sua nacionalidade foi fundamente para que conseguisse o papel. "Ser Brasileiro está na moda", garante.

Uma das maiores dificuldades de João em desenvolver seu personagem na casa foi relacionada ao idioma, uma vez que ele não poderia se expressar nem em inglês ou espanhol. Em todos os diálogos, o pernambucano falou em português, justificando que "não falava muito bem" em espanhol. "Quando falam em inglês comigo, eu respondo em inglês. A mesma coisa com o espanhol. O meu maior medo era falar em espanhol, e aconteceu por duas vezes. Mas foi muito rápido e logo eu mudei para o português. Divertia-me", afirma.

Ele também cita que o principal desafio foi encarnar um personagem por quatro dias: "Uma coisa é fazer um filme em uma hora de gravação. Estar preso e manter esse personagem por tanto tempo foi o mais difícil. Tudo que falei foi pensado". 

Ele ainda conta qual estratégia procurou seguir para não ser descoberto e relembra a decepção dos "hermanos" quando a brincadeira foi revelada, frustrando os confinados que tinham a expectativa de que um deles viria ao Brasil para entrar no "BBB15". "Buscava um ponto de conexão com eles, e quando encontrava, deixava que falassem o máximo que queriam. Depois [quando souberam que era uma brincadeira] se sentiram traídos porque quase todos abriram o coração comigo e aí viram que eu era um impostor. A Belén [apresentadora de um programa na Espanha] ficou um pouco chateada. Ela disse que tinha guardado um travesseiro na minha mala para minha viagem [de volta ao Brasil]. Mas achou que no final levaram numa boa, e que minha participação tenha representado muito mais coisas positivas", acredita.

"Não me considero uma subcelebridade"

João confessou que ainda está assustado com a fama repentina que experimentou em decorrência de sua participação no "Big Brother" espanhol. Sua intenção em entrar no reality era apenas para divulgar o projeto social Silent Voices e pelo desafio da encenação, considerado por ele como uma proposta "interessante".

"Nunca pensei em fazer 'Big Brother' e até por ser ator acho que não é bacana porque fica um pouco rotulado. Não gosto de me considerar uma subcelebridade. Celebridade tem um significado muito pejorativo para mim. Considero-me um ator", afirma.

Como consequência da exposição, João diz que foi orientado, um tanto quanto a contragosto, a aderir às redes sociais. "Fizeram uma pesquisa no programa e tive 98% de aprovação. Depois disso, assim que abri uma conta no Twitter em 20 minutos 350 pessoas me adicionaram. A fama instantânea me assusta um pouco apesar de eu ser ator e estar sujeito a isso. Isso de a minha vida se tornar pública me assustou, como quantidade de gente abordando a minha família e a minha namorada nas redes sociais", admite.

Divulgação/Gran Hermano Vip
Pernambucano João Compasso interage com participantes do "Gran Hermano Vip"


"BBB é mais glamuroso" e com prêmio melhor

Antes de colocar em prática o intercâmbio falso, a direção do "Gram Hermano" chegou a entrar em contato com a produção do "BBB" para uma parceria. "Perguntei, por que não realizar um intercâmbio verdadeiro? E disseram que a produção do 'Big Brother Brasil' achou interessante, mas não haveria tempo porque o programa daqui acaba em no máximo 10 dias", revela.

Sem ser muito ligado em televisão, João diz ter estranhado o formato espanhol do reality em relação ao que é produzido pela  Globo há 13 anos. No "Gran Hermano Vip", a mecânica de votação é diferente – cada participante pode ter o voto dobrado, não existem os postos de líder e nem de anjo.

"Mais do que a dinâmica, achei que no Brasil é tudo muito mais glamouroso no que se refere às provas, e o prêmio [de R$ 1,5 milhão] é muito maior do que o do 'Gran Hermano Vip' , que é de 100 mil euros. Já tinham me avisado que teria uma festa brasileira, mas que não seria como as festas do Brasil. A festa era na sala e colocaram dois pratos de arroz, um de farofa e outro de feijoada. E também me pediram para fazer caipirinha. No Brasil, tem banda ao vivo e eles personalizam tudo. Vi que teve [no "BBB15" até um desfile com participação da Grazi [Massafera]. Isso aqui é quase impossível", afirmou. 

Outra diferença, ele detalha, é que as celebridades do "Gran Hermano Vip" ganham um cachê semanal, que varia de 50 a 60 mil euros. Na versão com anônimos, o valor fica entre 20 e 30 mil euros. No "BBB", as cifras não são divulgadas, mas se especula que fiquem bem abaixo dos cachês  estipulados pelo programa espanhol.