Mãe diz que Luan nunca contou sobre ter matado alguém: "Preferiu me poupar"
Felipe PinheiroDo UOL, em São Paulo
Luan Patrício disse aos colegas de confinamento do "BBB15" que matou uma pessoa durante a operação de invasão no Complexo do Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, enquanto servia o Exército, em 2010. Procurada pelo UOL, a mãe do brother soube pela reportagem, por telefone, da experiência contada por Luan.
"Eu não sabia. Ele sabe que eu ficava muito preocupada e como estava internada no CTI, creio que preferiu me poupar", afirmou Kátia Alves dos Santos, que precisou ficar um mês no hospital para se recuperar de um AVC - Acidente Vascular Cerebral.
Embora não soubesse que o filho tenha atirado em um jovem na operação militar, Kátia entende que fazia parte de sua antiga profissão. "Ele fez um juramento de defender o país. Como policial, acho que ele não se sentiu bem, tanto que foi uma única experiência desse tipo na vida dele", disse.
O gerente de salão de beleza, que serviu o Exército por dois anos, já havia comentado que não se sentia bem de trabalhar no primeiro quartel que serviu. Tanto é que pediu para mudar de setor.
"Ele ficava de sentinela e dos fundos do quartel tem uma linha de trem e uma favela. Ele falava que via os bandidos armados e tinha receio deles quererem invadir o quartel e ele precisar reagir. Por isso pediu para ser transferido ao serviço burocrático", explicou Kátia.
Luan resolveu deixar o Exército para cuidar da mãe, que sofre com problemas de saúde. Ela faz hemodiálise e há seis meses passou por uma cirurgia no coração.
Operação no Complexo do Alemão
O ex-militar Luan Patrício, que atualmente trabalha como gerente de um salão de cabeleireiros, explicou que estava na parte de baixo do complexo de favelas quando atirou.
"Eu fiquei na linha de tiro embaixo, de rifle, dando cobertura para quem estava subindo". Luan explicou que o jovem usava uma submetralhadora. "Acho que ele era mais novo do que eu. Eu estava com 19, ele devia estar com 16", disse.
O brother ainda detalhou o momento do disparo, imitando o som de um tiro e gesticulando com o dedo indicador para a testa. "Rasgou a cabeça dele e a caixa d'água", contou. "Na hora eu tremi, o sargento olhou para mim e disse: Ou era você ou ele", concluiu.