Na véspera da decisão do público, que a escolheu para ficar, Raquel Pacheco chora com as cabras na "Fazenda"
Reality show em reta final é sempre meio parecido. Quase não acontece nada. Ninguém briga nem discute mais. As festas não têm graça. Todo mundo chora por qualquer motivo besta. Impera, enfim, o famoso come-e-dorme. É duro de agüentar.
A quarta edição da “Fazenda” ainda sofre de um problema adicional: o programa caiu numa rotina de eliminação dos homens, fruto de uma guerra dos sexos iniciada dentro da casa e estendida para o público. Thiago é o quarto homem a ser expelido em sequência, depois de Compadre Washington, Gui Pádua e Dinei.
A chance de três mulheres chegarem à final é grande – o que seria inédito. Mas esse feito não é promessa de mais animação. Temo que o público morrerá de tédio até saber quem ficará com o prêmio de R$ 2 milhões.
“É melhor morrer de vodca do que de tédio”, disse o poeta russo Vladimir Maiakovski (1893-1930). A frase famosa me ocorreu ao ver uma estranha ação de merchandising no programa, patrocinada por uma marca da bebida.
Marlon, Monique, Valesca e Joana se viram, cada um, diante de um enorme bloco de gelo, que guardava, congelado, uma garrafa do precioso líquido. Com martelos, tinham que destruir o bloco até alcançar a garrafa.
Foi uma tarefa árdua, que exigiu até a troca de martelos para acelerar o processo. Ao final, Marlon saiu-se vencedor, mas faturou de prêmio uma viagem, com acompanhante, para um resort na Amazônia. E a garrafa? Ninguém sabe, ninguém viu.
Quer dizer, os quatro se mataram de esforço, martelando o gelo, mas não provaram da vodca. Foi o momento mais emocionante da semana. Em seguida, veio o tédio.
Mauricio Stycer é repórter especial e crítico do UOL
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