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29/11/2005
O "beijo gay" do "Pânico na TV"


Todos se lembram da polêmica sobre o beijo gay, gravado mas não mostrado na novela "América".
Sua possível exibição gerou muita discussão, alegremente alimentada pela própria TV Globo, que acabou capitalizando o factóide em faturamento e audiência recorde, sem enfrentar o desgaste de exibi-lo. Um negocião.

Pois neste domingo (27), o "Pânico na TV" também teve seu factóide, mas com duas importantes diferenças para o beijo global: desta vez a cena não exibida era real e não mostrava nenhum afeto entre dois homens. Pelo contrário, registrava o cantor e apresentador Netinho de Paula dando um pé-de-ouvido no repórter Vesgo (Rodrigo Scarpa).

Fomentada pelo noticiário e uns poucos "frames" divulgados na Internet, a expectativa pelo vídeo da agressão era similar à gerada pelo beijo. Muita gente grudou na TV contando ver mil vezes o punho fechado de Netinho atingindo a cabeça de Vesgo, em câmera lenta, tira-teima para a velocidade do soco, efeitos especiais simulando o golpe visto do lóbulo, dos metacarpos, do microfone...

Sabendo disso, o apresentador Emílio Surita se referia, desde o início do programa, à vontade do público de "ver sangue" ou "o circo pegar fogo", e foi ganhando tempo com material ligado ao episódio: manifestos de apoio a Vesgo, o repórter comentando o incidente, Netinho elogiando o programa em ocasião anterior e a mãe de todas as incoerências: Netinho no programa de rádio do pessoal do "Pânico", rindo da mesmíssima piada que motivou o golpe.

Quanto ao soco... Bem, no segmento final, o programa mostrou sem cortes como se deu o contato de Vesgo, Ceará (Wellington Muniz) e Mano Quietinho (Vinícius Vieira) com Netinho, que chegou amistoso junto ao trio, mas ficou muito sério após a piadinha de Vesgo, que nitidamente percebe o mal-estar e tenta se afastar. Netinho, por sua vez, segue o repórter-humorista, agarra-o pelo paletó, bradando "cê num me tira não!" e pimba: a imagem é congelada no momento do impacto.

Seguiu-se um longo editorial dizendo, em resumo, que o "Pânico na TV" é um programa de humor, não policial ou jornalístico, que crê em liberdade, igualdade e, em nome da paz, não iria exibir imagens que só fariam promover a violência, aumentando o ódio e a segregação. Foi uma curiosa tentativa de provar que, diferentemente do chavão, mil palavras valem mais do que uma imagem, tendo como fundo musical John Lennon cantando "Give Peace a Chance".

Como não vivemos no Alabama dos anos 50, houve um certo exagero pacifista nesse anticlímax, se não uma boa dose de sarcasmo. Afinal, àquela altura o programa já havia batido em raros 13 pontos de audiência, dado seu recado sobre o incidente e mostrado outra cena tão impactante quanto a própria agressão: Netinho ao microfone, depois do soco, gabando-se para a platéia do evento que havia "sentado a mão no Vesgo" e que vai "enfiar o braço nele quantas vezes for preciso". Recebeu aplausos.

Depois dessa, só mesmo soltando pombas brancas e apelando à paz universal.

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