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18/11/2005
"Bang Bang" tem mais tiros nos bastidores do que em cena


Passado um mês e meio da estréia de "Bang Bang", o western da Globo tem dado manchete e provocado polêmica, mas por motivos que nenhuma emissora de TV invejaria. Afinal, os tiroteios que mais chamam a atenção não têm ocorrido na poeirenta cidade fictícia de Albuquerque, e sim nos bastidores da novela; e bem de acordo com a produção ambiciosa, o primeiro a tombar não foi um zé-mané qualquer, mas o próprio autor Mario Prata.

O motivo oficial da saída de Prata foi uma tendinite, incômodo plausível para quem vive da escrita, mas o remédio parece estranhamente radical. Seria mais simples e razoável ele simplesmente ditar o texto a um digitador, enquanto se recuperava. O custo da alternativa seria pequeno e plenamente justificado em termos do projeto, pois permitiria que a história continuasse sob o comando de seu criador.

Além de estranha, a história da tendinite não é nada emocionante como elemento de roteiro. É mais interessante a versão apimentada, de que Prata teria se irritado ao descobrir que a Globo, prevendo atritos com o suposto "gênio difícil" do autor, teria providenciado um escritor-estepe, pronto a assumir as rédeas da novela a qualquer tempo.

Outra grande fonte de assunto -e de dor de cabeça- em "Bang Bang" é a inexpressiva protagonista Diana Bullock, fruto de uma rara e infeliz combinação de coragens: da Globo, que ofereceu o papel à modelo Fernanda Lima, e da própria Lima, que o aceitou mesmo com experiência quase zero em atuação.

Na MTV, onde apresentava o "Fica Comigo", Lima animava uma platéia naturalmente agitada por ser teen, fazia perguntas simples como "de quem tu gostou mais?" e criava um suspense leve sobre se haveria ou não beijo no final. Tarefa simples, e não precisava deixar de ser ela mesma -ao contrário, até, pois autenticidade cai bem com adolescentes.

O problema é que, em novela, o bacana é justamente saber fingir -e Lima não é boa nisso. Sua Diana é sem sal, monocórdica, fria. Se fosse uma personagem secundária, não faria nem cosquinha na história, mas, sendo a protagonista, ela se embanana com o mocinho, o primeiro-casal não funciona e faz a trama inteira balançar. E isso é muito perigoso em um mar que já estava revolto, com todas as apostas arriscadas que "Bang Bang" fizera.

Novela de época cheia de referências pop, passada no exterior, satírica, personagens com nomes gringos, humor non sense... Claro que nenhuma dessas características é, em princípio, um defeito. A questão é que, somadas, elas pintam um quadro demasiado diferente do que se costuma ver na TV, e raramente o público assimila bem uma dose tão grande de novidades. Deu certo com "Que Rei Sou Eu?", mas não com "Bang Bang", cuja audiência média permanece abaixo dos 30 pontos no Ibope, bem abaixo da referência de 35 para o horário.

Os rumores podem até ser falsos, mas é tristemente ilustrativo que não soe absurda a hipótese de encurtamento da novela, e nem a do afastamento temporário de Fernanda Lima, para fazer um curso intensivo de atuação. Ninguém acreditaria se dissessem o mesmo de Glória Pires ou Claudia Abreu, mesmo que "Belíssima" estivesse afundando em míseros 10 pontos de audiência.

No fim das contas, é uma pena que a novela das sete, com seus atrativos visuais e momentos bem divertidos, seja abalada por evitáveis questões "extra-campo" e punida pelo excesso de arrojo. Na canção "Bete Balanço", o Barão Vermelho dizia "quem vem com tudo não dança", mas, "Bang Bang", mostra que não é bem assim. E como na mesma canção "o seu futuro é duvidoso."

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