Warner aposta em novas séries e prova sem querer que pedigree não é tudo Estreou nesta quarta-feira (10) no Warner Channel, duas séries sobre as dores e as alegrias da convivência em grupo. "Reunion" acompanha as vidas de seis colegas de colégio, enquanto "Related" retrata dramas e comédias de quatro irmãs.
Das duas, "Reunion" é a única com proposta inovadora: mostrar a vida de seis amigos, três homens e três mulheres, desde sua formatura no colegial, em 1986, até o reencontro, ocorrido em 2005, quando um deles é assassinado. Outra peculiaridade da série é avançar um ano a cada epísódio, o que traz um interessante desafio para a equipe técnica, que teve de implantar no roteiro referências precisas que situem os personagens no últimos vinte anos.
É nessa linha que no episódio de estréia, quando conhecemos os personagens e suas relações, ouve-se "Papa Don´t Preach", com Madonna, "Time After Time", com Cyndi Lauper, e "Take on Me", com A-Ha. Para complementar a datação, os personagens se referem à atriz Molly Ringwald (de "A Garota de Rosa Shocking") e, nada por acaso, ao célebre filme "O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas", que também tinha como tema a separação de formandos, só que da faculdade, e tinha no elenco os então jovens atores Demi Moore, Rob Lowe, Emilio Estevez, Ally Sheedy e Andrew McCarthy.
Com o "pulo do gato" de saga contemporânea e o charme das referências culturais, "Reunion" vai buscar elementos dramáticos clássicos para manter o público atento e em expectativa: gravidez indesejada, amor não correspondido, infidelidade, prisão por crime não cometido. Em suma, múltiplas fontes de raiva, frustração e ressentimento, podendo inclusive desembocar no crime de 2005 que traz o quinto elemento de atração: a solução do mistério. Série interessante, que vale a pena conferir.
Divulgação | | As quatro protagonistas da série "Related" | "Related", densa palavra inglesa que expressa ao mesmo tempo parentesco, afinidade e harmonia, aplica-se bem, excessivamente bem, na verdade, às moças da série. Morando na Nova York atual, Ginnie é advogada, Anne terapeuta, Marjee promotora de eventos e Rose universitária, e cada uma das quatro Sorelli é, a seu modo, "complicada e perfeitinha", para citar o antigo hit dos Raimundos
Complicadas porque, claro, a série precisa de problemas e conflitos para dar o que fazer aos personagens e, no primeiro episódio, as irmãs se deparam com gravidez inesperada, namoro rompido, problemas no trabalho, crise de identidade e ainda compartilham, como pano de fundo, a festa de noivado do pai viúvo. Perfeitinhas porque, mesmo no fundo do poço em cada problema respectivo, elas encontram forças para ser simpáticas, solidárias, tolerantes e, sobretudo, abertas ao diálogo -pois a mulherada gosta de uma conversinha.
Seja pelo celular, fazendo uma tal "corrente telefônica" pela qual uma irmã repassa informação a outra até que todas estejam a par do problema e mobilizadas para resolvê-lo, ou em afetuosos debates "ao vivo", as moças falam muito e muito depressa, num ritmo que deve ter deixado de cabelo em pé o responsável pelas legendas. Para atrapalhar, o mesmo ritmo frenético é usado na edição das cenas, sempre curtinhas.
Ainda sobre os diálogos, outro senão é que a busca dos redatores por originalidade faz brotar, na boca das meninas, frases que ninguém diria na vida real, como a de Anne sobre uma conversa com o namorado: "ele me respondeu com um grande, significativo e "ô se acabou" talvez". Como bem disse o crítico Robert Bianco, do "USA Today": "quem, exceto redatores de sitcoms, fala desse jeito?".
Tendo o primeiro episódio escrito por Liz Tuccillo, de "Sex and the City", e produzido por Marta Kauffman, de "Friends", "Related" só faz provar que pedigree não é tudo, ao emoldurar um roteiro piegas e previsível numa linguagem "modernosa". Às vezes, filho de peixe não tem a menor graça. | | |