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31/10/2005
"Oscar" corrige injustiça e tira dublês do anonimato


Vin Diesel, Harrison Ford, Mel Gibson, Keanu Reeves, Steven Seagal, Tom Cruise: cada um em sua época e a seu estilo, todos esses atores já foram vistos em filmes de tirar o fôlego, repletos de cenas de ação incríveis --absurdas mesmo--, de produção cara e trabalhosa.

Seguindo a tradição que nasceu com o primeiro herói do cinema mudo, seus personagens sempre saem ilesos após explosões, tombos de alturas vertiginosas, incêndios, acidentes de carro medonhos e surras, que fariam o mais confiante lutador de jiu-jitsu fugir feito um pardal assustado.

Indestrutíveis, os astros geralmente recobram forças num instante e voltam a perseguir os vilões, que, por serem um pouquinho menos indestrutíveis, sempre acabam vencidos. Ao final, exaustos, ofegantes e tendo como seqüela apenas o cabelo despenteado e um band-aid no queixo, os heróis fazem cara de missão cumprida e colhem os frutos da vitória, em geral pertencentes a uma mocinha linda e muito agradecida.

O que muita gente até sabe, mas não dá muita bola, é que por trás de cada pirueta bem sucedida do Rambo, Neo ou Indiana Jones, há um dedicado dublê que às vezes se machuca de verdade na explosão, queda ou capotamento. Fazendo o trabalho pesado, mas sem direito a pisar no tapete vermelho na noite do Oscar, esse profissional de risco só ganha o crédito protocolar dos letreiros finais e vira manchete apenas quando sofre acidente de trabalho.

Criado em 2001 para corrigir essa injustiça, o "Taurus World Stunt Awards", o "Oscar dos dublês", é concedido anualmente aos profissionais que mais se destacam na arte de deixar a platéia com um friozinho na barriga. Organizado pela fundação beneficente de dublês Taurus World Stunt, criada pelo inventor da bebida energética Red Bull, o evento foi transmitido pela primeira vez no Brasil no último sábado (29) pelo canal pago Multishow.

Apresentada pelo brutamontes Dwayne "The Rock" Johnson, meio estranho e pouco à vontade em traje de gala, a cerimônia tenta fazer jus ao espírito da profissão. Em vez de dança e música, que fariam um fã de ação roncar na platéia, as premiações são precedidas de acrobacias, efeitos especiais de fogo e água e a atual praga dos filmes de artes marciais: gente suspensa por cabos de aço, dando no ar as pedaladas que Robinho consagrou no gramado.

O "Stunt Awards" tem categorias sugestivas como "Melhor Acrobacia Aérea" e "Melhor Acrobacia Pirotécnica" (leia-se: melhor tombo e melhor dublê pegando fogo), mas o destaque da noite foi o diretor Quentin Tarantino, que já apreciava quebra-pau desde "Cães de Aluguel", mas só soltou a franga de vez nos dois "Kill Bill". Tarantino teve um prêmio especial como diretor de filmes de ação e o seu "Kill Bill Vol.2" faturou dois prêmios: "Melhor Luta" e "Melhor Dublê Feminino", às substitutas das atrizes Uma Thurman e Daryl Hannah, que protagonizaram o memorável duelo dentro do trailer.

Para ancorar e comentar o evento, o Multishow colocou em estúdio a apresentadora Domingas Person e o dublê Jorge Só, veterano em cenas de ação de novelas da TV Globo, mas a dupla deixou a desejar. Jorge até que falou coisas interessantes sobre seu trabalho, mas Person poderia ter informado bem melhor o telespectador --que dificilmente terá visto todos os filmes-- sobre as virtudes de cada competidor.

Sem contar que houve uma defasagem de 34 dias entre o evento nos Estados Unidos e sua exibição no Brasil, tempo de sobra para a produção do programa pesquisar informações curiosas sobre os vencedores nos fartos "extras" dos DVDs ou mesmo no material de divulgação dos filmes. Com isso, daria para contar histórias ilustrativas sobre as cenas de ação de "A Identidade Bourne", "Kill Bill Vol.2", "Mulher Gato", "Homem-Aranha 2", "Aviador" e "Colateral", só para citar alguns exemplos.

Por se tratar de prêmio especializado, técnico ou mesmo ligado a um tipo de filme cujo público não tem lá muita paciência para lengalenga, a cerimônia do "Stunt Awards" é relativamente rápida, tendo cerca de uma hora e meia de duração. Ainda assim, para garantir interesse do telespectador, a precavida organização se preocupa em trazer celebridades da porrada e da perseguição, como Lee Majors, Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone e seus coadjuvantes em "Rocky 3': Hulk Hogan e Mr.T.

E o resultado, apesar da falta de jeito dos atores com o texto e as piadas, é um programa curioso, divertido em certos momentos e perfeitamente "assistível". Bem, ao menos uma vez por ano.

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