Cátia Fonseca comanda a "lojinha vespertina" da TV Gazeta Depois dizem que é moleza a vida de quem trabalha na televisão. Ora, se já é difícil ficar quase quatro horas plantado diante da TV apenas assistindo ao tradicional "Mulheres", da TV Gazeta, imagino a canseira da apresentadora Cátia Fonseca, que tem de comandá-lo sozinha e praticamente em sessão contínua. O leitor pode pensar que não deve ser assim difícil, pois Fonseca tem todos os intervalos para descansar. Mas acontece que "Mulheres" praticamente não tem intervalos -não daqueles em que o programa sai do ar e entram comerciais gravados e chamadas da programação. Desses há apenas três ou quatro por programa, pois quando a apresentadora interrompe a parte, digamos "editorial", prefere ela mesma ser a garota-propaganda. E haja propaganda! Diferentemente da concorrente e suposta desafeto Claudete Troiano, do "Pra Valer", que costuma inserir um pouco de programa entre seus merchãs, a desprendida Fonseca tem uma clientela tão grande (mais de vinte por edição) que chega a emendar uma promoção na outra, trocando de quiosque como quem vai de uma gôndola a outra no supermercado. Bem que leitores já haviam advertido que, se eu achava Troiano exagerada no merchandising, é porque não conhecia a "lojinha vespertina" do "Mulheres". Outro dado curioso sobre o trabalho comercial de Fonseca é que ela não faz restrição a anunciar produtos concorrentes, como computadores e planos de saúde, o que de certa forma acaba subvertendo a lógica personalista ("eu recomendo") dos merchãs -afinal, quem indica três produtos, no fundo não está indicando nenhum. Na parte jornalística, o orçamento modesto não impede o "Mulheres" de exibir matérias interessantes, como uma visita a lugares sagrados de Jerusalém e a incursão "trash" da repórter Regina Guimarães por uma feira de animais: destemida, ela pôs um iguana sobre a própria cabeça, apalpou uma jibóia e fez cafuné em um jovem jacaré chamado Wally -o mesmo, inclusive, que no dia anterior pusera para correr a âncora Patrícia Maldonado, do "Tudo a Ver" (Record). Fonseca ocupa o tempo restante do "Mulheres" com material típico de programas femininos: medicina, saúde, estética, astrologia, culinária, música e a indefectível seção de celebridades, a cargo do transformista Mamma Bruschetta. Segundo o site do programa, a personagem deveria falar da "vida dos artistas e dos bastidores da televisão", mas, assim como Sônia Abrão, na TV Record, Bruschetta se ocupa muito com a novela "América", exibindo até o logotipo da atração global enquanto conta e comenta os próximos capítulos. Outra função de Bruschetta no programa é fazer contraponto a Cátia, servindo-lhe de "escada" na chamada de matérias ou simplesmente batendo papo com a apresentadora quando sobra tempo e é preciso encher lingüiça. A propósito, a insólita conversa das duas no programa desta terça-feira (25), dá uma idéia da autonomia que Fonseca tem no "Mulheres". Como se estivessem no corredor da emissora, ela e Bruschetta passaram bom tempo elogiando a TV Gazeta pelos benefícios dados aos funcionários e pelas chances de ascensão profissional -das quais, pelo menos uma, acrescento eu, tem sido muito bem aproveitada. Fonseca parece tão à vontade, tão senhora do "Mulheres", que dá a impressão de que poderia apresentá-lo até o fim dos tempos -quando poderá se despedir com um merchã de escritório de advocacia, para quem for enfrentar o Juízo Final. | | |