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14/09/2005
Clodovil fala do câncer e diz que não está fazendo sensacionalismo


No início da madrugada desta quarta-feira (14), o "Programa Amaury Jr." exibiu uma entrevista com Clodovil Hernandez, que não fugiu do figurino normal para eventos com a presença do estilista: ele falou pelos cotovelos, criticou e acusou pessoas físicas e jurídicas -que a esta altura já devem ter acionado seus advogados- e expôs com tanto desprendimento a própria intimidade, que o mais extrovertido dos telespectadores deve ter se sentido uma pessoa recatada e tímida.

As novidades da entrevista foram, primeiro, a confirmação por Clodovil de que ele realmente tem câncer de próstata, como se especulava, mas que o tumor, uma vez extraído, não deverá deixar seqüelas. Num segundo momento Clodovil revelou que em breve haverá algo no ar além dos aviões de carreira, e tudo indica que será a carreira de Clodovil mais uma vez decolando: segundo Amaury, a volta dele à telinha seria "iminente".

A língua ferina é ao mesmo tempo o maior problema e fonte de renda de Hernandez: ele dá audiência por dizer o que lhe vem à cabeça, mas o faz com tão pouca autocensura que acaba se indispondo com seus empregadores. Seu mais recente incidente ocorreu em janeiro, quando rompeu o contrato com a Rede TV!. Não se sabe ao certo se por criticar a apresentadora Luísa Mell, ou pelo "conjunto da obra", que incluiu chamar a então prefeita Marta Suplicy de "perua" e Johnny Saad, dono da Band, de "ladrão".

Desde então, Clodovil vinha aparecendo na mídia quase que somente em situações adversas: sendo perseguido e ridicularizado pelos repórteres do "Pânico na TV", tendo sua casa de Ubatuba ameaçada de interdição por risco de desabamento, condenado em primeira instância por injuriar uma vereadora paulistana, condenado por crime ambiental em Ubatuba, internado em uma clínica com dores nas costas, tendo sua casa assaltada, e tentando em vão arranjar emprego -o que, segundo Amaury, finalmente aconteceu.

Talvez prevendo o torcer de narizes, Amaury Jr. começou a entrevista argumentando que, ao inquirir Clodovil sobre a doença, não pretendia fazer sensacionalismo, mas sim corrigir uma distorção: segundo ele, todos vinham falando do assunto, menos o próprio apresentador, que desta vez concordou à sua moda "espontânea", dizendo coisas como: "Não é sensacionalismo. O câncer é meu e ninguém tem nada a ver com isso".

Havendo consenso entre anfitrião e entrevistado, e talvez só entre eles, passou-se então à entrevista "não-sensacionalista". Clodovil, como o esperado, atirou para todos os lados: atacou, entre outros, o presidente George W. Bush ("maldito"), um prefeito de Ubatuba ("comprado por uma igreja poderosa"), evangélicos ("pequenas igrejas, grandes negócios"), o falecido colunista social Ibrahim Sued, seu ex-veterinário ("virou pastor, ficou milionário") e, naturalmente, o programa "Pânico na TV". Foram tantos adjetivos e acusações que, a certa altura, até o usualmente calmo Amaury Jr. parecia apreensivo -assim como o advogado de Clodovil, também presente na entrevista.

A confirmação do diagnóstico e uns poucos detalhes da doença ficaram para o finzinho do programa. Antes disso, o telespectador teve de saber que Clodovil está com pouco dinheiro, que tem muito a receber de emissoras de TV, que está produzindo uma peça de teatro na qual deverá atuar, e que está em negociação com uma grande fábrica de tintas, para ser indenizado pelo suposto "vazamento" -para a Internet- de um comercial que teria sido vetado pela empresa. Camarada, Amaury Jr. pediu apoio à peça de Clodovil e, depois de exibir três vezes o comercial "vetado", pediu à fábrica de tintas que indenize seu convidado.

As mais recentes especulações sobre a vida profissional de Clodovil o colocavam de volta justamente na Rede TV!, onde o programa de Amaury Jr. é exibido. Isso só nos leva a crer que a entrevista pode ter servido para duas coisas: dar "um gás" às finanças de Hernandez e, ao mesmo tempo, "preparar" seu retorno à TV.

A entrevista de Clodovil é desses eventos a que se assiste com grande desconforto: há solidariedade por seu sofrimento, mas rejeição a seu tom professoral e não raro arrogante; compaixão por sua possível angústia e solidão, mas implicância com a conseqüente exploração de seu drama.

No fundo, talvez seja só mais uma manifestação da tendência a sempre manter um pé atrás, quando se trata de TV. E não convém mesmo ir de peito aberto a ambientes onde quase ninguém é bobo, e quase nada acontece de graça.

Em tempo: ainda nesta quarta-feira (14) Clodovil repete toda essa história em entrevista para o programa "Charme", de Adriane Galisteu.

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