| 06/04/2006 - 18h59 "Pessoas éticas como o Lineu estão fora de moda", diz Marco Nanini Do PopTevê Em 40 anos de carreira, Marco Nanini nunca fez o tipo galã. E isso jamais o impediu de atuar em inúmeras peças teatrais, longas-metragens, séries e novelas. Do louco mais furioso ao tímido mais retraído, não lhe faltaram bons papéis.
Um bom exemplo são Tony Albuquerque e Cleide Albuquerque, personagens que ele interpreta na adaptação da peça "O Mistério de Irma Vap" para o cinema. "Gosto de interpretar. E gosto de variar o veículo. Quando não faço teatro, sinto falta da interação com a platéia", desabafa o ator, que há cinco anos vive o Lineu Silva em "A Grande Família", que volta ao ar a partir desta quinta-feira (7).
Tanto tempo encarnando o incorruptível fiscal sanitário do seriado da Globo tirou de Nanini a disponibilidade que gostaria para se dedicar ao teatro. "Fiquei um ano e meio em 'Um Circo de Rins e Fígados', de Gerald Thomas, mas dei uma parada por causa das gravações do seriado e do filme", diz ele, referindo-se à versão cinematográfica de "A Grande Família", filmada simultaneamente aos novos capítulos do seriado.
De grande empatia com o público, o Lineu de "A Grande Família" foi carinhosamente estudado por Marco. "Quis achar o tom certo para ele e não apenas despertar risadas no público", explica ele, que ficou surpreso com o impacto do programa. "É impressionante como as crianças vêm falar comigo. O programa realmente gerou uma identificação muito grande nos espectadores", orgulha-se.
Com poucas novelas no currículo - a última foi "Andando nas Nuvens", de 1999 - o ator ficou conhecido pelos personagens cômicos que já interpretou, como os do humorístico "TV Pirata". Mas isso nem de longe o incomoda. "Fazer rir é uma técnica. Não me canso das comédias", avisa.
Depois de cinco anos na série, o que você tem do Lineu e o que ele tem de você?
Marco Nanini - Essa pergunta é muito difícil de responder. Chega uma hora em que a gente começa a misturar. Óbvio que é uma parte minha que eu desenvolvo para o Lineu, e isso corresponde ao que o texto propõe. Mas esta parte ética do Lineu está tão fora de moda no Brasil que já virou até um ponto de comédia. Quanto às mudanças, ele está mais velho, pois precisa me acompanhar. Mas a essência dele continua a mesma.
Na sua opinião, o filme veio com a função de dar uma sobrevida para a série?
MN - A partir do filme, talvez aconteçam mudanças no comportamento de todos eles, pois mexe com todos e funciona como um leque para vários novos enredos. Mas o diferencial é que, logo nos primeiros minutos da história, o Lineu morre. Nos episódios de televisão, seria impossível desenvolver isso em apenas 40 minutos. Mas no filme acontece. E transforma este "episódio cinematográfico" em algo diferente do cotidiano do programa.
Você gosta de mudar junto com os personagens?
MN - Na hora é até bom. Mas no dia-a-dia é chato. Algumas maquiagens demoram muito, algumas roupas são apertadas, quando é personagem feminino então é um horror. Por isso, tomo Florais de Bach para não perder a paciência...
É mais difícil fazer rir ou emocionar?
MN - Gosto de fazer as duas coisas alternadamente. Acho que a comédia exige que você tenha o espírito da comédia. Depende do seu estado de espírito, do seu humor particular. Depende também de uma técnica para poder imprimir o ritmo. É diferente em cada veículo.
(Natalia Castro) | | |