| 23/09/2008 - 16h00 Regina Duarte volta à TV com personagem pouco convencional em "Três Irmãs" Do PopTevê Jorge Rodrigues Jorge/CZN Regina Duarte se inspira em Mary Poppins para nova personagem | Já são 43 anos de uma carreira marcada por um sem-número de heroínas no melhor estilo "certinha". Mas desde a última segunda-feira, o público pode ver Regina Duarte com um estilo diferente: o de Waldete, a intempestiva governanta de "Três Irmãs", que chega à fictícia Caramirim carregando um segredo.
"Um só, não: ela tem vários!", corrige Regina. Um deles envolve o passado da personagem, conhecido apenas por seu amigo e advogado, Dr. Polidoro (Othon Bastos). Somente ao lado do "cúmplice" Waldete dá mostras de quem realmente é - sem sotaque ou as roupas extravagantes que fazem parte de seu figurino no balneário. "Faz tudo parte desse papel que ela está fazendo nessa cidade", explica a atriz, sem dar mais pistas sobre o que realmente motiva Waldete.
Aliás, o visual também chama atenção. Em vez de peças sóbrias ou de uniformes quase que onipresentes nos guarda-roupas de empregadas, a governanta ostenta um figurino espalhafatoso. A inspiração veio do cinema - mais precisamente de "Mary Poppins", a famosa babá mágica vivida por Julie Andrews. Segundo Regina, desde o início essa foi a grande referência de equipe. "E eu adoro isso, porque é um personagem delicioso, um clássico. Espero que a Waldete encante as crianças tanto quanto ela", torce ela, que trabalha com o autor Antônio Calmon pela segunda vez.
Em 1989, Regina fez uma pequena participação na bem-sucedida "Top Model", também assinada pelo dramaturgo. Foram apenas seis capítulos, mas que trazem boas lembranças à atriz. "Sempre gostei das novelas do Calmon, porque têm facilidade de falar com a juventude. Ele tem uma cabeça jovem, e eu também sou assim. Vou ser Peter Pan para o resto da vida!", diverte-se.
Pergunta - Você teve a possibilidade de ser a mãe das protagonistas, mas optou por fazer outro papel. Por quê? Regina Duarte - Queria brincar um pouco mais com o humor, com uma personagem que me propusesse algumas coisas novas. A mãe é maravilhosa, fiquei muito honrada com o convite, mas a estrutura dela é a da boa mãe, da mãe amorosa. E isso eu tenho feito muito. Pedi ao Calmon: me deixa brincar de outra coisa. E ele me apresentou a Waldete, que é maravilhosa.
Pergunta - Ela tem muitos mistérios. Como está sendo a composição, a partir disso? Regina - A Waldete não é um personagem fechado, tem muitas possibilidades. Isso obriga a escolher caminhos, e torna mais difícil chegar a alguma coisa que tenha consistência e credibilidade. Tem sido um trabalho árduo, que vai se completar agora, com a novela no ar. Nesse momento, a gente recebe o retorno do público e começa a consolidar as escolhas que fez antes, meio que com medo.
Pergunta - Mas isso também faz você mudar uma composição? Regina - Claro. A gente também pode corrigir no caminho. Esse é o grande barato da proposta da novela: ela está aberta para a possibilidade de intervenção do público. O importante é que sejam comentários bem-intencionados e construtivos. O que não quer dizer que precise ser elogioso. O importante é que seja construtivo mesmo. E aí, a gente tem uma parceria, seguimos juntos.
Pergunta - Você teve um trabalho muito marcante em comédia como a Porcina de "Roque Santeiro". A Waldete tem alguma coisa dela, ou da Maria do Carmo, de "Rainha da Sucata"? Regina - Acho que tem de todas elas. No fundo, o que a gente faz é sempre o mesmo papel - mas mudando um ingrediente aqui, outro ali. Se você prestar atenção, vai notar nela um pouquinho que cada personagem que já fiz, e é essa soma de ingredientes que resulta em um personagem novo. Para mim, a Waldete é nova. Nunca fiz nada parecido com o que estou fazendo hoje.
(por Louise Araujo) | | |