| 04/12/2007 - 18h34 Lázaro Ramos diz que "Duas Caras" aborda o preconceito racial de forma ousada Do PopTevê Divulgação Lázaro Ramos contracena com Debóra Falabella em Duas Caras | Lázaro Ramos gosta de entreter as pessoas. Nas reuniões de família, por exemplo, o ator, que vive o Evilásio de "Duas Caras", é sempre o centro das atenções. "Nos almoços lá de casa, todos morrem de rir", conta. Durante a longa espera diária antes das gravações, nada de concentração. Ele entra pelos camarins e não economiza nas palhaçadas. "É bom viver com leveza. A vida não pode ser levada tão a sério. Gosto de espalhar alegria", conta.
Mas ser o centro das atenções tem lá seu preço. Após alguns rumores de infidelidade e de separação entre ele e a mulher, a também atriz Taís Araújo, o ator resolveu desabafar. E publicou sua indignação em um dos maiores jornais do país. A atitude, segundo ele, foi uma forma de mostrar que ele acredita no fato de que ser uma pessoa famosa não o obriga a expor sua vida pessoal. "Sou um cara reservado e quero ser reconhecido só pelo meu trabalho. Acho muito sem graça falar da minha vida, mas da minha profissão é bárbaro", esquiva-se.
Com o bom humor que lhe é característico, o ator fala sobre seu primeiro papel no horário nobre: o herói da trama de Aguinaldo Silva. Em uma história onde a promessa inicial é de que boa parte dos personagens exteriorizem suas ambigüidades, cabe a Evilásio manter a ética e o caráter, custe o que custar. "Até agora a TV se apropriou pouco da idéia de um herói esforçado e autêntico que vive na periferia. E, além de tudo, é negro. Isso é importante", avalia.
Ousadia
O preconceito racial, aliás, é um dos desdobramentos mais relevantes do personagem. É através de seu namoro com Júlia (Débora Falabella) que se percebe, de forma pouco velada, as disparidades entre seus universos. Ele, negro e pobre. Ela, branca e rica. Apaixonados, os dois agora têm de lutar contra o preconceito do pai de Júlia, Barreto (Stênio Garcia). "Fico surpreso quando recebo os capítulos, porque vejo o preconceito que normalmente existe no inconsciente brasileiro. É ousado", afirma. Já em relação à sua bem-sucedida carreira, iniciada há 14 anos, em Salvador, Lázaro tenta ser modesto. O ator conta que na época em que trabalhava como técnico de patologia tinha um sonho muito aquém de tudo que já conquistou até hoje, aos 29 anos. "Achava que seria realizado se conseguisse sobreviver do teatro até o fim da vida. Nunca tive pretensão de fazer cinema e TV", revela.
A peça que Lázaro aponta como sua grande chance foi "A Máquina", de João Falcão. No cinema, ele ganhou notoriedade depois de encarnar o personagem-título de "Madame Satã", expondo sem pudores o polêmico e brigão gay do bairro carioca da Lapa. Justamente por ter conquistado sua notoriedade no cinema --caminho inverso da grande maioria dos atores de TV--, Lázaro se considera um privilegiado.
Ele destaca como seu grande mérito a confiança que ganhou dos autores, diretores e colegas de elenco, e a responsabilidade de protagonizar uma novela das oito. "Pode ser que eles estejam totalmente enganados. Não prometo nada, só que vou me dedicar para fazer bem", brinca, ressaltando a importância da fama: multiplicar. "Recebi tantos privilégios que agora tenho de dividir isso com as pessoas, dar exemplos", pondera, referindo-se ao filme "Ó, Paí, Ó", no qual contracenou com colegas do Bando de Teatro Olodum, onde começou a carreira, e ao programa "Espelho", que apresenta semanalmente no Canal Brasil, abordando temas culturais afro-brasileiros. - Mais
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