Mais de 1 milhão de pessoas acompanharam falso reality show na Holanda - 02/06/2007

02/06/2007 - 12h54
Mais de 1 milhão de pessoas acompanharam falso reality show na Holanda

Haia, 2 jun (EFE) - O reality show "De Grote Donorshow", que na
verdade era uma farsa para ajudar a conscientizar o público sobre a
importância da doação de órgãos, foi o segundo programa mais visto
sexta-feira à noite na Holanda, depois do telejornal, com 1,2 milhão
de espectadores, segundo dados da Fundação Kijkonderzoek.

O programa causou polêmica até mesmo entre a classe política
antes mesmo de ter seu primeiro episódio exibido.

A imprensa divulgou que o reality show seria um concurso no qual
um doente terminal de câncer poderia escolher entre três candidatos
para o qual doaria um de seus rins.

Após inicialmente qualificar o programa de "pouco ético", o
ministro da Comunicação holandês, Ronald Plasterk, disse ao fim do
programa que o reality show era "uma manobra excepcional" e uma
"forma inteligente" de chamar a atenção para a escassez de doadores
na Holanda.

O primeiro-ministro holandês, Jan Peter Balkenende, que ontem
tinha dito que não assistiria ao programa, alegando que o mesmo
mancharia a imagem da Holanda perante os outros países, disse hoje
que estava contente pelo fato de o show ter sido uma farsa.

Balkenende afirmou que o programa não escolheu o meio mais
adequado de chamar a atenção para o tema, mas reconheceu que o
importante é que tenha reacendido o debate sobre a doação de órgãos.

O deputado democrata-cristão Joop Atsma, que pediu no Parlamento
que a exibição do reality show fosse vetada, manteve a mesma opinião
de que o espetáculo foi "de mal gosto".

A imprensa holandesa, que ressalta hoje o impacto do programa nos
veículos de comunicação internacionais, disse que após a exibição do
"De Grote Donorshow", a emissora que o transmitiu ("BNN") perdeu 100
assinantes.

Durante a exibição do programa, cerca de 12 mil pessoas se
tornaram doadoras e outras seis se ofereceram para doar um rim em
vida, disse a imprensa holandesa.

O presidente do canal "BNN", Laurence Drillich, disse após o
programa que a emissora trabalhou um ano inteiro para preparar o
reality show.

Os três doentes renais que participaram do programa sabiam que
tudo era uma farsa e que a suposta mulher de 37 anos com câncer que
queria doar um de seus rins em vida era realmente uma atriz em
perfeito estado de saúde.

O fundador do canal, Bart de Graaff, que morreu em 2002, com 35
anos, era doente renal.

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