 |  09/11/2006 - 23h59 Globo estréia série "Antônia", que traz as feministas da periferia MARINA CAMPOS MELLO
Da Redação | Divulgação / TV Globo  Cindy Mendes, Quelynah, Leilah Moreno e Negra Li, que interpretam as rappers de Antônia |
Após os meninos de "Cidade dos Homens", a minissérie "Antônia", que estréia na Globo no dia 17, abre espaço para as mulheres ocuparem as noites de sexta. "A gente quer mostrar que mulher pode", diz Negra Li, intérprete e cantora que emprestou parte de sua própria experiência para compor a personagem Preta (leia mais sobre a escolha do elenco).
E, em "Antônia", as mulheres podem mesmo. A série em cinco episódios, adaptada do filme homônimo de Tata Amaral (estréia prevista para fevereiro), tem como protagonista um grupo de hip hop formado por quatro mulheres da periferia que sonham em viver de sua música. "Antônia" começa com a saída de Barbarah (Leilah Moreno) do presídio, dois anos após o fim da história do filme.
Talentosas, negras e pobres, encaram na Vila Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo, toda a sorte dificuldades cotidianas para alcançar seus objetivos. Além ensaiar e compor, trabalham para pôr dinheiro em casa, cuidam dos filhos sozinhas, convivem com a violência. E enfrentam os homens. Em "Antonia", os homens abandonam, abusam, exploram, cerceiam. E as meninas passam por cima de tudo isso sem que se esqueçam das minissaias e do salto alto.
"Quando comecei a pesquisa para o filme, percebi que as pessoas da periferia estavam cansadas de ser identificadas com pobreza e violência. Achei mais importante representar esse universo de maneira afirmativa", conta Tata, que, com "Antonia", completou sua trilogia sobre o arquétipo feminino. "Há um desejo da classe média de falar da violência e circunscrevê-la à periferia e isso é muito perverso", completa.
Seguindo o caminho inverso ao de filmes como "Cidade de Deus" e "Carandiru", Tata decidiu levar "Antonia" à TV antes de sua estréia em circuito comercial. "Queremos usar a série para divulgar as meninas e a música, e assim levar mais gente para o cinema", explica.
A adaptação ficou por conta da produtora 02, de Fernando Meirelles, que já espera produzir uma segunda temporada do programa. Se a audiência permitir, é claro. Apesar do horário um pouco ingrato, --tarde da noite das sextas (Meirelles sonhava com as noites de terça, após "A Diarista")--, a audiência não deve ser problema. Com muita música, tratamento visual semelhante ao do cinema e o tradicional roteiro televisivo, "Antonia" deve manter à frente da televisão muita gente que nunca ouviu um rap.
ANTÔNIA
Onde: Globo
Quando: às sextas, a partir de 17/11
Horário: após o "Globo Repórter"
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