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28/10/2005 - 12h00
Série "Mandrake" é aposta de risco no universo sóbrio de Rubem Fonseca

THIAGO STIVALETTI
Colaboração para o UOL


Há algum tempo a HBO buscava projetos para investir no Brasil, produções que aliassem atrativos tipicamente nacionais a ingredientes universais que criassem comunicação com os espectadores do canal em outros países. Encontrou isso no universo de Rubem Fonseca, um submundo tipicamente carioca retratado em histórias do gênero noir, velho conhecido do cinema americano.

O canal exibe a partir deste domingo para toda a América Latina "Mandrake", série em oito capítulos inspirada nos contos do escritor. A série traz o personagem-título, um advogado criminalista inteligente e sedutor vivido por Marcos Palmeira. Especialista em casos de chantagem e extorsão, Mandrake trafega entre as figuras da alta sociedade carioca e o baixo mundo dos pequenos mafiosos e das prostitutas.

Produzidos em parceria com a Conspiração Filmes, com um orçamento de R$ 6,7 milhões, os episódios contam com a direção de diferentes profissionais: José Henrique Fonseca (filho de Rubem e diretor de "O Homem do Ano"), Cláudio Torres, Toni Vanzolini, Carolina Jabor e Lula Buarque de Hollanda. O roteiro é assinado por José Henrique, Felipe Braga e Tony Bellotto, que já trabalhou com o universo noir em seus romances com o personagem Bellini.

No primeiro episódio, "A cidade não é aquilo que se vê do Pão de Açúcar", dirigido por José Henrique Fonseca, Mandrake pega o caso do playboy Baby Machado (Daniel Dantas), que se apaixonou por uma prostituta e quer resgatá-la das mãos do cafetão. Para isso, pede ajuda a um velho amigo de faculdade e delegado de Homicídios, Raul (Marcelo Serrado). No meio tempo, revê uma antiga namorada, Berta (Maria Luisa Mendonça) e mantém um caso com a filha de uma cliente, Bebel (Érika Mader, sobrinha de Malu).

A produção tem ares de cinema: a série foi toda filmada em película, e a fotografia de um Rio de Janeiro escurecido dá conta do universo noir e mostra uma cidade diferente daquela ensolarada das novelas da Globo. Ao mesmo tempo, reforça a identificação com atores tipicamente cariocas que são um dos pontos fortes da produção, como Luís Carlos Miéle (Wexler, sócio de Mandrake) e Alexandre Frota, escolha perfeita para o papel de Célio, apresentador de um show de strippers e agente das garotas.

Outras participações especiais, entre novatos, veteranos e tipos exóticos, alimentam a curiosidade ao longo dos oito episódios: o cantor Otto, Suzana Alves (antes conhecida como a Tiazinha), Paulo Cesar Pereio, Ilka Soares, Perry Salles, a modelo Gianne Albertoni, os atores-cantores Paulo Miklos e Seu Jorge, e o músico Fausto Fawcett (outro ícone carioca).

Mas existem outros diferenciais fortes em relação às produções da TV aberta, que representam uma aposta de risco e podem ser responsáveis pelo sucesso ou fracasso da série.

"Mandrake" não poupa as cenas fortes das histórias de Rubem Fonseca. As cenas de violência são estilizadas como nos filmes de Tarantino e não chocam, mas as cenas de sexo são de uma crueza proibitiva para a TV aberta. O próprio Alexandre Frota parece ter ficado à vontade para usar todo o seu vocabulário sem censura.

A fidelidade ao universo do escritor, aliás, é total. A narração em off é constante, e algumas cenas dão conta das particularidades do universo do escritor, como as mudanças de tom - no meio da discussão sobre o caso da prostituta, por exemplo, Baby pergunta a Mandrake se ele já se apaixonou na vida, e um papo cínico se transforma de repente em uma sincera conversa sobre o amor.

E, como nos romances e contos de Fonseca, a sobriedade dá o tom do começo ao fim. Não há lugar para clímax ou uma "evolução" dos acontecimentos como nos seriados tradicionais. Os fatos são narrados estritamente do ponto de vista do detetive, um tanto cínico e desiludido, e nada é mostrado de forma mais agressiva ou sensacionalista. Um universo quase intimista, que não se presta a grandes perseguições de carro ou tiroteios, por exemplo. Os fãs do escritor devem apreciar a fidelidade ao texto. Resta saber se o espectador médio, mesmo aquele assinante de um canal por assinatura, vai aderir à proposta ou simplesmente achar tudo entediante.

Quanto ao público internacional que a HBO almeja, a aposta também contém um certo grau de risco, mas é possível que os espectadores americanos e latino-americanos se identifiquem com um universo que remete aos filmes noir de Humphrey Bogart dos anos 40, temperado pelo submundo "caliente" de uma cidade do Terceiro Mundo conhecida por suas mulheres bonitas e sensuais. São estereótipos, mas que sempre funcionam como forte apelo.

E o próximo projeto brasileiro da HBO já está em finalização. "Carnaval", dirigida por Cao Hambúrguer (de "Castelo Rá-Tim-Bum"), orçada em R$ 6,5 milhões, contará em seis episódios a saga de uma família dona de escola de samba no Rio ligada a bicheiros e outras figuras do morro. No elenco, Felipe Camargo, Jece Valadão e Henrique Diaz. O roteiro é de Cao com Laís Bodansky (diretora de "Bicho de Sete Cabeças"), Helena Soares e Andréa Barata Ribeiro. A série ainda não tem data prevista para ir ao ar.

MANDRAKE
Quando: todos os domingos, às 23h (estréia em 30/10)
Onde: HBO (TVA, canal 62; DirecTV, 521; Net, 71)
Reprises: terças-feiras, às 23h



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