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04/04/2009 - 06h09

"Vilãs têm de ser exuberantes", diz Vera Holtz sobre Violeta de "Três Irmãs"

PopTevê
Quando começa a falar da pérfida Violeta, sobram adjetivos militares na fala de Vera Holtz. Vilã-mor de "Três Irmãs", a personagem é definida pela atriz paulista em termos como "bélica". "Ela me surpreendeu pela dimensão de antagonista. A Violeta tem quase uma trincheira de inimigas e é uma estrategista, com um espírito de general", observa. A avaliação, porém, não é depreciativa. Com a novela caminhando para seus últimos capítulos, é nítido que a atriz tem sua dose de carinho pelo papel - para o qual foi convidada pelo diretor Dennis Carvalho. "Ela exerce um encantamento", acredita.

VERA HOLTZ FALA DE SUA PERSONAGEM EM "TRÊS IRMÃS"

  • Luiza Dantas/ CZN
"As vilãs têm de ser exuberantes, ou não conseguem se manter. Por mais que exista um séquito de pessoas oportunistas, se ela não despertar um fascínio ninguém ficaria perto", pondera.

Apesar da empolgação com a personagem, a novela chegou a derrapar no ibope, ficando abaixo dos esperados 35 pontos. Para Vera, a queda de audiência enfrentada pela tevê é um movimento natural. "As gerações vão mudando e tendo outras formas de comunicação. Isso aconteceu com o cinema, antes. Hoje tem muita coisa para se ver: canais pagos, internet. É um período de ajustes", defende ela, cuja personagem ajudou a alavancar os picos de audiência de "Três Irmãs".

Os fãs da megera, aliás, podem esperar um final surpreendente. "Acho que será algo coerente com a Violeta: acima da realidade. Será um final à altura dela", aposta.

Você tem trabalhos muito diferentes entre si, na tevê. Isso foi uma coincidência ou é uma opção sua?

Eu gosto de personagens que desafiem o meu imaginário e sair de uma personagem para outra absolutamente diferente. A próxima tem de ser muito diferente do que eu estou fazendo, se não me sinto estimulada. E, se for parecida, eu dou um jeito de parecer diferente. Deixa comigo!

Você tem uma carreira sólida de 30 anos, em que foi muito elogiada pela crítica e também pelo público. Como é que você lida com a vaidade?

A essa altura da vida, nosso ego está bem domado. A cabeça da gente muda. Quando você ultrapassa grandes barreiras do sucesso - sucesso real, de ficar quatro ou cinco anos em cartaz com uma peça - você começa a procurar outras respostas na vida. O meu olhar, hoje, é mais para isso: que bom que tenho saúde, lucidez, que estou viva e tenho meios de informação para entender que mundo é esse em que a gente está vivendo, de grandes transformações.

No início dos anos 70 você era professora de matemática em Piracicaba, no interior de São Paulo. Ao mesmo tempo, você é uma pessoa ligada à arte. Por que escolher essa carreira em exatas?

Tem de lembrar que eu sou de Tatuí, né? O meio em que eu vivia na década de 70 não era o da liberdade de hoje. Eu não fazia a menor idéia de que podia ter esse nível de expansão. Fui escutando "vozes", orientações de pessoas que iam passando pela minha vida e diziam "Por que você não tenta? Você tem jeito". De uma forma meio aventureira, fui tentando. Até que chegou no teatro, em que senti que existia uma capacidade muito grande de criação. E fiquei.

Qual foi a importância dessa mudança?

Acho que o teatro foi o único lugar em que eu consegui, durante quase 20 anos da minha vida, sobreviver com toda essa sensibilidade que, hoje, eu percebo que era muito grande e muito pouco canalizada. Eu achei aquela "caixinha" preta, cheia de luz, de som e fúria a coisa mais bonitinha do mundo! Por isso defendo: se a pessoa tem muita sensibilidade, seja atento a ela. É importante colocar para fora, ter um meio de comunicação, um lugar em que exista um suporte de criação. É importante cuidar dessa pessoa.

(Por Louise Araujo)

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