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03/04/2009 - 06h55

Alexandre Borges diz que gosta de fazer TV para "o povão"

PopTevê
Alexandre Borges não usa a fama como escudo. Bom de papo, despido de estrelismos, ele admite prontamente que tem uma "queda" pela tevê exatamente pela aproximação que os trabalhos têm do grande público. "Eu gosto dessa coisa do popular, de ser para o povão. Essa capacidade que a tevê tem de mexer com as pessoas de uma maneira intensa, isso acho fantástico", entusiasma-se.

ALEXANDRE BORGES FALA DE SEU PERSONAGEM EM "CAMINHO DAS ÍNDIAS"

E é com esse mesmo espírito "gente como a gente" que ele tem encarnado o angustiado Raul de "Caminho das Índias": longe dos estereótipos de mocinho e vilão, o ator santista prefere realçar o que o personagem tem de homem comum. "Não faço esse papel para as pessoas torcerem para o Raul, mas quero que elas entendam o que o levou a fazer tudo isso", explica ele, mencionando as sucessivas tentativas desastradas do empresário de se sentir reconhecido pela família e no trabalho. "Quando você chega à conclusão de que nunca fez nada por si mesmo, às vezes você acaba atropelando algumas pessoas ao seu redor. Passa por egoísta, individualista", analisa Alexandre.

Tratado como joguete por Yvone, a psicopata interpretada por Letícia Sabatella, Raul fez mais que mudar de comportamento e aceitou - ainda que com reservas - assumir uma nova identidade. Para o ator, a ideia de que um homem adulto caia no truque da manipulação não é incompreensível. "Ela veste um personagem e diz as coisas certas, na hora em que ele quer ouvir.

Ele a vê como a única pessoa que o entende nessa vida", resume. Por isso, mesmo relutante, ele concorda em simular a própria morte para fugir com a amante para o exterior. "Claro que a novela tem um pouco de fantasia, porque o Raul está tomando uma atitude que não se vê toda hora. Mas muitos casamentos se desfazem realmente por essa terceira pessoa", pondera.

Só que a vida do casal de "pombinhos" estará longe da perfeição. Em Dubai, nos Emirados Árabes, Raul vai perceber que seus problemas existenciais não foram deixados para trás como ele esperava. "Ele vai ter recaídas por causa das saudades da família. Não é uma coisa fácil para ele. E a Yvone quer andar de iate, comprar joia... ela faz essa coisa meio turística", diverte-se o ator, para quem um dos pontos positivos da trama é levantar o debate sobre os relacionamentos modernos. "É legal ter casais vendo a novela e discutindo essa situação.
Estamos mostrando todas as nuances do cotidiano do relacionamento, com briga, desgaste e renovação do casamento", avalia Alexandre.

Trabalhando como ator desde o início dos anos 80, ele se define como um apaixonado por tevê - embora tenha demorado para dar seus primeiros passos no veículo. Aos 18 anos, o ator trocou sua cidade natal, Santos, pela capital, São Paulo, onde se envolveu com grupos de teatro e investiu em diversos cursos, como Filosofia e Mitologia. "Eu vi que tinha vontade, mas não técnica. Percebi que essa coisa de ser famoso não ia dar certo porque eu era muito fraco. Caiu a ficha e esqueci um pouco a tevê", conta. A estreia veio em 1993, como o traficante Cacau de "Guerra sem Fim", da extinta Manchete. "Ali a tevê começou a interessar para mim como um espaço em que eu queria mostrar tudo o que tinha acumulado nesses anos de estudo", recorda.

Mas as aspirações artísticas de Alexandre não ficam restritas à atuação. Em fevereiro deste ano, ele lançou, no canal pago Multishow, o curta "Eclipse" - escrito e dirigido por ele. A experiência deu ao ator confiança para alçar voos mais altos na nova função. "Acho que começar com coisas que eu escrevo vai me dar mais estofo para dirigir depois um texto mais complexo", explica.

(Louise Araujo)

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