UOL Entretenimento Televisão

09/03/2009 - 06h54

"Não saio de casa para o Projac para me aborrecer", diz Ney Latorraca

PopTevê
Ao longo dos cinco meses de "Negócio da China", Edmar passou por poucas e boas. Foi sequestrado pelas Farc, descobriu que a esposa Maralanis (Leona Cavalli) tivera um filho com outro homem enquanto estava desaparecido e se reconciliou com a vedete do El Chaparrito por não aguentar viver longe de seu amor. Tantos infortúnios foram vividos pelo veterano Ney Latorraca, intérprete do papel, que, apesar de ter consciência do fracasso de audiência da novela de Miguel Falabella - que chegou a registrar 14 pontos, um dos piores índices do horário das seis da Globo -, não se arrepende de ter participado da malfadada trama. "Às vezes, prefiro participar de algo que não vai bem a deixar de me arriscar. Você só consegue se realizar através das tentativas. Não existe essa história de fazer sucesso sempre", acredita.

NEY LATORRACA FALA DE SUA PARTICIPAÇÃO EM "NEGÓCIO DA CHINA

  • Luiza Dantas/CZN
Apesar dos 64 anos de idade e dos 45 de carreira, Ney admite ainda ter seus momentos de insegurança. "Hoje sou muito mais crítico e exigente comigo mesmo do que quando era jovem", entrega. A diferença do Ney iniciante para o Ney veterano é que agora ele só faz o que quer. E sempre quer saber quem está envolvido no projeto, do maquiador ao diretor. "E em 'Negócio da China', tive a sorte de contracenar com uma atriz maravilhosa, que é a Leona. Além de ser amigo dos câmeras, da figurinista... Não saio de casa para o Projac para me aborrecer", garante.

Para Ney, mais importante do que o sucesso ou o fracasso de uma novela é o efeito que ela exerce sobre os telespectadores. Saber que, através do romântico e carinhoso Edmar, pôde atingir desde crianças a senhoras, não tem preço para o ator. "É uma vitória conseguir fazer uma pessoa sorrir ou soltar uma gargalhada em casa", opina o ator, que estreou na televisão há 39 anos na novela "Super Plá", da extinta TV Tupi.

Aliás, Ney vê nessa influência dos personagens sobre o público uma das melhores partes de sua carreira. Segundo ele, ao analisar as reações dos telespectadores ele percebe se está levando ou não o personagem pelo caminho correto. "O público é o meu termômetro. Afinal, meu corpo é usado para levar algo para os telespectadores. Por isso, é uma delícia ver que as pessoas acompanham o meu trabalho", derrete-se o ator, que mede seu prestígio junto ao público toda vez que vai andar na Lagoa Rodrigo de Freitas, bairro do Rio onde mora há décadas. "Calculo a idade do público pela maneira como ele me aborda. Afinal, quando caminho pela Lagoa, me chamam de Mederix, Vlad, Quequé, Barbosa, Eduardo... De acordo com o personagem, sei a idade que cada um tem", diverte-se.

Tanto assédio do público em relação a Ney não o incomoda. Pelo contrário. Ele garante adorar essa "troca de informações" com os telespectadores. Além do mais, se intitula um "ator pop" e, como tal, se sente na obrigação de cumprimentar as pessoas, de dar entrevistas e, acima de tudo, de ser educado sempre. "Adoro dar autógrafos e conversar com as pessoas. Sou um ator brasileiro, que nasceu debaixo da linha do Equador. Não posso ficar com essa coisa de querer me preservar", argumenta, atribuindo tal comportamento à boa educação recebida pelos pais.

Apesar de ter se dedicado integralmente à novela, da qual decidiu participar por conta do convite de Miguel Falabella, Ney não deixou de lado a sua produtora, a Latorraca Produções Artísticas. Tanto que continua a correr atrás de patrocínio para montar um espetáculo sobre a vida do pintor irlandês Francis Bacon ainda este ano. "É importante fazer coisa boa, acreditar na inteligência do público", defende. Por sinal, foi acreditando na inteligência do público que Ney ficou em cartaz durante 11 anos com a peça "O Mistério de Irma Vap", na qual atuou ao lado do amigo Marco Nanini. "Nós entramos até para o 'Guiness Book' como os atores que se apresentaram por mais tempo em uma peça", orgulha-se.

(Por Carla Neves)

Compartilhe:

    Hospedagem: UOL Host