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27/01/2009 - 06h15

Ter preconceito contra a TV é ter preconceito contra o público, diz Leona Cavalli

PopTevê
O amor devotado à profissão é abundante na fala tranquila de Leona Cavalli. Gaúcha da pequena Rosário do Sul, há mais de 30 anos ela se mostra encantada pela carreira que escolheu seguir. "Fiz a minha primeira peça na escola, com seis anos de idade. Nunca quis ser outra coisa na vida", sentencia. A decisão a levou aos palcos, "sets" de filmagem e estúdios de televisão - mas cobrou seu preço emocional. Afinal, Leona precisou deixar a família para trás em busca de oportunidades em palcos e emissoras bastante distantes de sua cidade natal.

"A solidão é muito difícil. Sempre tive facilidade para fazer amigos, mas o que me move é a certeza do que eu quero. Sou determinada", afirma ela, que hoje passa por poucas e boas na pele da divertida Maralanis de "Negócio da China".

LEONA CAVALLI, A MARALANIS DE "NEGÓCIO DA CHINA", FALA DA CARREIRA

Na trama de Miguel Falabella, aliás, a atriz abandonou a sisudez que marcou muitas de suas personagens anteriores. Conhecida por trabalhos psicologicamente intensos - como a prostituta Geni da peça "Toda Nudez Será Castigada", de Nelson Rodrigues ou a sofrida Dália de "Duas Caras", sua última novela -, Leona comemora a chance de mergulhar na comédia.

"Estava louca para fazer um papel cômico. E o Miguel tem um humor muito inteligente", defende.

Ainda assim, ela frisa que não é só de risadas que se faz a personagem, que atualmente enfrenta uma batalha judicial pela guarda do filho, o bebê Edmarzinho. "É legal porque ela não é caricata. A Maralanis é muito humana, tem várias nuances", destaca.

Sua estréia em TV aconteceu em "Belíssima", quando você já tinha mais de 30 anos. O que esse início tardio no veículo trouxe de positivo para o seu trabalho?

Acho que foi muito bom ter tido a oportunidade de me dedicar com profundidade a cada veículo. Eu comecei em teatro, fiz muitas peças - grandes clássicos, com grandes diretores. Depois veio o cinema, onde também tive a sorte de trabalhar com grandes diretores. Sou muito grata a esses encontros. E, quando comecei em TV, foi um passo a mais. Tem sido, na verdade, porque ainda me considero começando nesse veículo.

Mas ir para a TV sempre foi um desejo seu?

Sempre tive vontade de conhecer a TV também. A gente vive uma era em que a comunicação é uma das coisas mais importantes que existem. Ou seja: não tem como o ator se isolar e dizer que só trabalha em teatro, cinema ou TV. Ano retrasado, por exemplo, visitei uma tribo de índios na Floresta Amazônica, e eles estavam vendo TV. Ter preconceito com esse veículo, então, é como ter preconceito com o público. Não cabe esse tipo de coisa hoje.

Desde o início da sua carreira, você ganhou diversos prêmios pelo seu trabalho. O que muda, depois deles?

O prêmio é bom, porque é um reconhecimento. Significa que gostam do seu trabalho e isso incentiva a gente a continuar - mas não é nada além disso. Não acredito que tenham me chamado para alguma coisa por causa de prêmio. É hipocrisia dizer que ganhar não é bom, mas o trabalho seguinte começa de novo do zero. Por mais que você faça sucesso, o próximo personagem obriga você a se "zerar" - senão, acaba sendo uma repetição.

E você pensa em investir em outras frentes? Direção, por exemplo?

Eu gosto de dirigir, já fiz alguns trabalhos nessa área. Quero dirigir filme e peça. Só que a minha prioridade é ser atriz. E, a partir do trabalho de atriz, eu desenvolvo outros como diretora, produtora, escritora, fazendo tudo isso, mas quero continuar desenvolvendo. Mas sempre com o meu olhar de atriz.

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