Interpretar o primeiro protagonista da carreira. Foi o que mais pesou para Sérgio Abreu aceitar o convite do SBT e viver o mocinho Lucas de "Revelação". Aos 34 anos, o ator acredita que esteja preparado para assumir um papel que exija mais responsabilidade. "Ter uma certa experiência de vida ajuda a chegar onde o personagem pede. Quando se é muito jovem, não se tem isso nem a segurança necessária", avalia.
Na trama, Lucas é um promissor estudante de Comunicação, de origem pobre porém "apadrinhado" pelo poderoso fazendeiro Ermírio, de Antônio Petrin. Durante seu mestrado, em Portugal, ele conhece Victória, jovem vivida por Tainá Müller, e se apaixona à primeira vista. "Como toda novela, há a estrutura básica do amor impossível, que tem tudo para dar certo, mas outros personagens vêm atrapalhar", completa.
O convite do SBT surgiu no início de 2008, logo após Sérgio ter vivido o polêmico Tiago em "Paraíso Tropical". O personagem era gay assumido e morava com Rodrigo, papel de Carlos Casagrande. "Foi uma experiência fantástica, em todos os sentidos", recorda. Apesar de ter feito "Malhação", também na Globo, o carioca já trabalhou em outras emissoras. Atuou em "O Campeão", da Band, e na malograda "Brida", da extinta Manchete. Mais recentemente, em 2006, viveu o Murilo de "Prova de Amor", da Record. "Ver esse mercado se abrindo cada vez mais é fundamental para todos que trabalham em tevê", afirma.
Contratado pelo SBT até setembro de 2009, Sérgio está com as melhores expectativas para a trama. "Temos um bom produto nas mãos. Acredito que será uma boa surpresa. Quem assistir, verá", acredita.
Embora a emissora já esteja em fase de pré-produção para "Vende-se um Véu de Noiva", sua próxima novela, Sérgio ainda não confirma um possível papel na história. Por isso, vai dedicar-se ao teatro e montar o espetáculo "Look Back in Anger", de John Osbourne, cujos direitos comprou no ano passado. Por conta de tais compromissos, ele mudou-se do Rio para São Paulo. "Tenho consciência de que a responsabilidade é grande. Preciso ficar por aqui, pela novela e outros projetos", despista.
"Revelação", antes de estrear, já estava toda gravada. Saber que não teria como mudar ou adaptar o personagem ao longo da história influenciou o seu trabalho?A questão é que eu vivo o mocinho. Essa preocupação sempre existe, as pessoas criam comunidades na internet para detonar um personagem. E se o mocinho for muito corretinho, acaba ficando uma coisa enjoada. Mas acontecem coisas com o Lucas que quebram isso, é difícil que o perfil dele caia na mesmice. E as pessoas sabem que os mocinhos só vão ser felizes no final, mesmo.
E no que você se baseou para fazer do Lucas um mocinho sem cair no velho estereótipo da bondade exacerbada?É um processo mais de sentimento, interno, do que de estudo de projeção ou de laboratório. É um personagem muito próximo de muitas pessoas que conheço. Ele também se direciona para a política, o bem-estar social. Foi prático entrar no clima porque ele passa por coisas normais, corriqueiras.
Além de viver o protagonista, o que também pesou para que você aceitasse o convite do SBT?A maneira como me chamaram. Eles queriam realmente que eu fizesse. E é muito bom estar onde se é bem-vindo. Também fiquei tranqüilo ao saber que essa novela vem para dar uma cara nacional às produções do SBT, que eles estão investindo na teledramaturgia e querem dar continuidade a isso. Além disso, tenho de tocar a minha vida. Não posso ficar esperando uma oportunidade surgir, preciso ter minha segurança.
(Por Fabíola Tavernard)